segunda-feira, maio 10, 2010

Os Rios do Desespero na nossa Escola Pública

Entre os rios, Tejo e Tua

A propósito de carta publicada no blogue de Paulo Guinote sobre as causas do suicídio do professor Luís.

Dois rios, ambos de inicial “T”. Dois nomes, ambos de inicial “L”. Luís e Leandro. Duas pessoas em momentos diferentes do rio da vida, ambos decididos a interromper o curso desta. A lembrar-nos dos outros rios , os de Entre os Rios, entre os quais outro “T”, o Tâmega.

Desaguam todos no mesmo estuário: o da irresponsabilidade, da ausência de valores, da prostituição das consciências dos culpados, que o serão sempre, apesar do sistema proteger não as vítimas mas os intermediários e aqueles que em última instância têm maior culpa. Culpa na consciência que não têm, pode desaparecer das cabeças dessas pessoas responsáveis, que já nem sei se lhes posso chamar “pessoas”. Não desaparecerá nunca nos pensamentos angustiantes de familiares que se sentem impotentes ao verificarem que o sistema existe para proteger detentores de cargos políticos , sejam eles a direcção de uma escola, ou a pasta ministerial. Jorge Coelho demitiu-se e agora está bem melhor na Mota Engil e no mais que se verá e saberá no futuro. Indemnizações calam famílias em Entre-os Rios. Calam os extorquidos da sua visão num hospital público: calam-nas não porque lhes sirva o dinheiro para fazer desaparecer a revolta, mas porque sabem que nada mais podem fazer, o sistema existe para inocentar e indemnizar pedófilos, como os irá proteger a eles? As famílias desistem por impotência económica e desgaste psicológico. É este país que temos, com muitos rios, mesmo muitos, dos quais grande parte nasce em Espanha e é infelizmente que aqui têm a foz, num país prostituído, sem justiça, sem dignidade.

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