quarta-feira, março 27, 2013

O primeiro homem a viajar, no espaço, Iuri Gagarin, morreu há 45 anos

Iuri Alekseievitch Gagarin (Kluchino, 9 de março de 1934 - Kirjatch, 27 de março de 1968) foi um cosmonauta soviético e o primeiro homem a viajar pelo espaço, em 12 de abril de 1961, a bordo da Vostok 1, que tinha 4,4 m de comprimento, 2,4 m de diâmetro e pesava 4.725 kg. Esta nave espacial possuía dois módulos: o módulo de equipamentos (com instrumentos, antenas, tanques e combustível para os retrofoguetes) e a cápsula onde ficou o cosmonauta.

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Em 1960, Gagarin foi um dos 20 pilotos seleccionados, após difíceis processos de selecção física e psicológica, para o programa espacial soviético, e acabou por ser escolhido para ser o primeiro a ir ao espaço, pela sua excelente performance nos treinos, a sua origem camponesa – que dava pontos no sistema comunista - a sua personalidade magnética e esfuziante, e, principalmente, devido às suas características físicas – ele tinha 1,57 m de altura e 69 kg – já que a nave programada para a viagem pioneira em órbita, a nave espacial Vostok (que em russo significa "Oriente"), tinha um espaço mínimo para o piloto.
Minutos antes do embarque na nave Vostok 1, Gagarin disse o seguinte:
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Queridos amigos, conhecidos e estranhos, meus conterrâneos queridos e toda a humanidade, em poucos minutos, possivelmente uma nave espacial irá me levar para o espaço sideral.
O que posso dizer-lhe sobre estes últimos minutos? Toda a minha vida parece-me neste momento único e belo. Tudo que eu fiz e vivi foi para isso!"
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- Iuri Gagarin
  
Vostok 1 a cápsula em que Iuri Gagarin efetuou a sua ida ao espaço

Com apenas 27 anos, Iuri Gagarin tornou-se o primeiro ser humano a ir ao espaço, a bordo da nave Vostok 1, na qual deu uma volta completa em órbita ao redor do planeta. Esteve em órbita durante 108 minutos, a uma altura de 315 km, num voo totalmente automatizado, com uma velocidade aproximada de 28 000 km/h. Pela proeza, recebeu a medalha da Ordem de Lenine.

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Promovido de tenente a major enquanto ainda estava em órbita, foi com esta patente que a Agência Tass soviética anunciou este espetacular feito ao mundo, que assim tomava conhecimento de que entrava numa nova era, a Era Espacial, a partir daquele momento.
Após o feito, Gagarin tornou-se instantaneamente uma celebridade soviética e mundial e passou a viajar pelo mundo promovendo a tecnologia espacial do seu país, sendo recebido como herói por reis, rainhas, presidentes e multidões por onde passava.
Na América, ele passou por Cuba e pelo Brasil, onde esteve no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília. Em terras brasileiras, foi recebido e condecorado pelo então presidente Jânio Quadros com a Ordem do Cruzeiro do Sul (concedida a estrangeiros) e chamado de “Embaixador da Paz”. Em entrevista aos jornais brasileiros, Gagarin declarou que “Os brasileiros são muito efusivos nas suas formas de extravasar a alegria.
Por ter se tornado uma celebridade, foi proibido de voltar ao espaço em agosto de 1967, uma vez que se tornou uma peça importante para a propaganda de seu país e da ideologia socialista. Não podendo voltar ao espaço, participou ativamente no treino de outros cosmonautas.
Porém, a fama e a popularidade começaram a afetar a personalidade de Gagarin, que se viu bastante afeito à fama, e passou a beber constantemente tendo seu casamento afetado por causa disso, chegando a ferir-se num acidente causado pela bebida, na Crimeia, em companhia de uma jovem enfermeira, em outubro de 1961. A partir de 1962, ocupou o cargo de deputado no Soviete Supremo da União Soviética até voltar à Cidade das Estrelas, o centro espacial soviético, para trabalhar no design de novas naves espaciais.
Depois de vários anos afastado, dedicado apenas ao programa espacial, Gagarin voltou ao curso de treino de pilotos, para uma requalificação como piloto de caça nos novos caças MiG da Força Aérea.

Morte
Após sair do programa espacial, Gagarin foi transferido para um centro de testes de aeronaves. Em 27 de março de 1968, durante um voo de treino de rotina em um caça MIG-15 sobre a localidade de Kirzhach, ele e o instrutor de voo, Vladimir Seryogin, morreram na queda do jato, num acidente nunca devidamente explicado.
Um inquérito de 1986 sugeria que a turbulência de um avião interceptador Sukhoi Su-11 pode ter feito o avião de Gagarin sair do controle. Gagarin e Seryogin receberam honras de Estado e foram enterrados na muralha do Kremlin.
Documentos secretos russos tornados públicos em março de 2003 mostraram que a KGB tinha conduzido sua própria investigação do acidente, além de uma investigação governamental e de dois inquéritos militares. O relatório da KGB desmente várias teorias da conspiração, indicando que as ações do pessoal da base aérea contribuíram para o acidente. O relatório afirma que um controlador de tráfego aéreo forneceu a Gagarin informações desatualizadas sobre o tempo, e que no momento de seu voo, as condições se deterioraram significativamente. A equipe de terra deixou também tanques de combustível externo ligados à aeronave. As atividades planeadas para o voo de Gagarin necessitavam tempo claro e nenhum tanque de popa. O inquérito concluiu que a aeronave de Gagarin entrou em parafuso, ou devido a uma colisão de pássaro, ou por causa de um movimento repentino para evitar outra aeronave. Por causa do boletim meteorológico desatualizado, a tripulação acreditava que sua altitude tinha que ser maior do que realmente era, e não puderam reagir adequadamente para trazer o MiG-15 para fora do seu movimento de rotação descontrolado.

Avião de combate MiG-15, como o que caiu com Gagarin a bordo em 1968

Em abril de 2011, entretanto, 50 anos após e a meio das comemorações na Rússia do histórico voo de Gagarin, as autoridades trouxeram a público documentos classificados como 'segredo de Estado' da época. Em entrevista à imprensa, o chefe dos arquivos do Kremlin, Alekandr Stepanov, colocou um ponto final nas especulações e teorias sobre a morte do herói nacional russo, lendo o seguinte comunicado, extraído de um dos documentos até então secretos:
Conclusões da comissão: segundo as análises das circunstâncias do acidente aéreo e os elementos da inquérito, a causa mais provável da catástrofe seja uma manobra brusca (do piloto) para evitar uma sonda atmosférica.
De acordo com o documento até então desconhecido, a brusca manobra feita por Gagarin a bordo do jato para se desviar do que seria uma sonda, fez com que a aeronave ficasse em condições críticas de estabilidade e caísse. Como sinal da importância do facto, estas conclusões foram inscritas num decreto do Comité Central do Partido Comunista da URSS, com data de 28 de novembro de 1968, e colocadas sob o selo de "segredo de Estado".

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