quarta-feira, novembro 27, 2013

O Massacre de Jilava foi há 73 anos

O Massacre de Jilava ocorreu na noite de 26 para 27 de novembro de 1940, na penitenciária de Jilava, próximo de Bucareste, na Roménia.
Foram assassinados sesssenta e quatro presos políticos pela Guarda de Ferro, milícia fascista que se integraria no governo do Estado Nacional Legionário, liderado pelo conducător Ion Antonescu, a partir de janeiro de 1941.

Antecedentes
As medidas repressivas tomadas durante o governo do Rei Carlos II, no final dos anos 1930, contra a autodenominada Guarda de Ferro resultaram num ciclo de violências responsável pela morte de várias pessoas como o Primeiro-Ministro Armand Călinescu e Corneliu Zelea Codreanu, fundador e chefe do referido grupo ultra-direitista.
Após a abdicação de Carlos, em setembro de 1940, a Guarda ascendeu ao poder e os seus integrantes passaram a vingar-se, eliminando todos aqueles que participaram de ações legais e ilegais contra ela, durante o governo do rei.
Antonescu, chefe do novo governo, procurou apurar os desmandos do governo anterior através de processos judiciais, criando um tribunal especial para investigar os crimes cometidos pelas principais figuras do governo anterior, principalmente, o enriquecimento ilícito.
Esse tribunal ordenou a detenção dos que seriam investigados, sendo recolhidos na prisão de Jilava, sob a guarda de um grupo especial de legionários da Guarda de Ferro, uma imitação nacional das SS nazis.
Uma ordem de transferência de alguns desses presos para outra prisão despertou a suspeita de Stefan Zăvoianu, chefe de polícia de Bucareste e responsável pelo comando dos guardas, de que Antonescu tinha mudado de ideia sobre a punição dos assassinos de Codreanu e, assim, recusou-se a cumprir a ordem.
Como o governo pretendesse substituir os legionários da Guarda de Ferro por guardas prisionais comuns para facilitar o deslocamento desses presos, no dia 27 de novembro, precipitaram-se os acontecimentos e, sob as ordens de Dumitru Grozea, chefe dos legionários, foram assassinados políticos, militares de alta patente e polícias acusados de cumplicidade na detenção e execução de Codreanu.
Gheorghe Cretu, que matou 14 detidos, testemunhou em seu julgamento que Grozea deu a ordem para atirar em torno das 11.45 horas, ficando cada um dos carrascos encarregado de executar os presos de uma determinada cela, os quais foram mortos em suas camas, quando repousavam. Após os crimes, reuniram-se novamente, para prestar homenagem ao líder fascista Codreanu.
Mortos
  • Gheorghe Argeşanu - ex-primeiro-ministro
  • Iamandi Victor - ex-ministro da Justiça
  • Gabriel Marinescu - ex-prefeito de Bucareste e ex-ministro do Interior
  • Ion Bengliu – Inspetor Geral da Gendarmeria
  • Coronel Zeciu - que tinha organizado o assassínio de Codreanu e treze outros legionários
  • Majores Aristide Macoveanu e Iosif Dinulescu - que tinham preparado e realizado a execução
  • Sargento Sârbu - que tinha estrangulado Codreanu
  • Mihail Vârfureanu - antiga legionária que virou informante e foi responsável pelo assassinato de Nicoleta Nicolescu
  • Mihail Moruzov - ex-Chefe da polícia secreta, que não foi responsável por excessos contra a Guarda de Ferro, mas, no passado, utilizou muitos dos seus membros, incluindo Codreanu, como espiões. Assim, matando-o, procuravam encobrir esse passado desonroso.
Consequências  
Antonescu, informado do que havia ocorrido em 27 de novembro, convocou uma reunião especial do Conselho de Ministros, exigindo do governo e da Legião uma declaração pública conjunta condenando e desassociando-se dos recentes acontecimentos.
Quando perguntaram por que ministros e legionários não tentaram evitar o derramamento de sangue, todos negaram ter qualquer conhecimento e mostraram-se surpreendidos com os factos.
Ainda assim, todos eles tentaram explicar os assassinatos, alegando ser a impressão geral de que o tribunal não tinha qualquer intenção de punir os acusados, que acabariam por sair em liberdade.
Antonescu, fez uma declaração oficial nos seguintes termos: "o punhado de réprobos que cometeu este crime será punido de forma exemplar. Não vou permitir que o país e o futuro da nação sejam comprometidos pela ação de um bando de terroristas … eu estava reservando a pena dos detidos em Jilava para o sistema de justiça do país. Mas a rua decretou de outra forma, fazer justiça pelas próprias mãos".
Em julho de 1941, Zăvoianu, juntamente com os ex-legionários Gheorghe Cretu, Octavian Marcu, Constantin Savu, Tănăsescu e Dumitru Anghel, foram condenados à morte por participarem do massacre. Dumitru Grozea e treze dos seus cúmplices, pelo mesmo motivo, foram condenados à morte à revelia.
  

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