domingo, novembro 12, 2017

Há 26 anos o Massacre de Santa Cruz ilustrou o problema de Timor Leste

(imagem daqui)

O Massacre de Santa Cruz em Timor Leste foi um tiroteio sobre manifestantes pró-independência no cemitério de Santa Cruz em Dili, a 12 de novembro de 1991, durante a ocupação de Timor-Leste pela Indonésia. A maioria das vítimas foram jovens, por isso, depois da independência, passou a ser um feriado, o Dia Nacional da Juventude, em Timor Leste. Nesse dia tinha havido uma missa por alma de Sebastião Gomes, um jovem membro da resistência timorense (RENETIL), e havido uma romagem à sua campa no cemitério. Os jovens motivados pela revolta por esse assassinato, manifestaram-se contra os militares da Indonésia com o objetivo de mostrarem o seu apoio à independência do país.
Túmulo do Sebastião Gomes no cemitério de Santa Cruz
 
História
Após a invasão de Timor Leste pela Indonésia em 1975, muitos timorenses sentiam-se oprimidos e foram mortos por questões políticas. Desde então, a resistência timorense combateu o exército indonésio. Em outubro de 1991 uma delegação com membros dpo arlamento português e 12 jornalistas planeavam visitar o território de Timor Leste durante a visita do Representante Especial das Nações Unidas para os Direitos Humanos e Tortura, Pieter Kooijmans. O governo Indonésio objetou à inclusão na delegação da jornalista australiana Jill Jolliffe, que apoiava e ajudava o movimento independentista Fretilin, e Portugal, consequentemente, cancelou a ida da delegação. O cancelamento desmoralizou os ativistas independentistas em Timor Leste, que esperavam usar a visita para melhorar a visibilidade internacional da sua causa. As tensões entre as autoridades indonésias e a juventude timorense aumentaram após o cancelamento da visita dos deputados de Portugal. Em 28 de outubro, as tropas indonésias localizaram um grupo de membros da resistência na Igreja de Motael, em Dili. O confronto deu-se entre os ativistas pró-integração e os activistas independentistas que estavam na Igreja; quando este acabou, um homem de cada lado estava morto. Sebastião Gomes, um apoiante da independência de Timor Leste, foi retirado da Igreja e abatido pela tropa indonésia e o integracionista Afonso Henriques foi atingido e morto durante a luta. A 12 de novembro, mais de duas mil pessoas marcharam desde a igreja onde se celebrou uma missa em memória de Sebastião Gomes até ao cemitério de Santa Cruz, onde está enterrado, para lhe prestar homenagem. O exército indonésio abriu fogo sobre a população, matando 74 pessoas no local e com 127 a morrer, dos ferimentos, nos dias seguintes. Até 2012, a localização de muitos corpos continua ainda a ser desconhecida. Alguns manifestantes foram presos e só foram libertados em 1999, por altura do referendo pela independência.

No cemitério de Santa Cruz, os manifestantes exibem bandeiras da OJETIL, da FRETILIN e da UDT, forças revolucionárias timorenses (daqui)

Consequências
O massacre foi filmado pelo repórter de imagem Max Stahl, que deu assim uma preciosa ajuda para dar a conhecer ao mundo o que tinha acontecido em Dili. Os acontecimentos foram condenados internacionalmente e chamaram atenção para a causa dos timorenses.
No ano de 1991 as Juventudes de Timor Leste foram derrotadas pelas Forças Indonésias, mas, através deste protesto, os Timorenses mostraram aos outros países, reconhecidos apoiantes da Indonésia, que Timor Leste queria libertar-se e tornar-se uma nova nação, independente da Indonésia. Depois do evento do Massacre Santas Cruz, quase todos os países passaram a apoiar Timor Leste e reconheceram o direito da sua população para determinar se Timor Leste devia ser ou não independente, o que se veio a concretizar-se com o referendo do dia 30 de agosto de 1999. A 12 de novembro de 1991, Timor-Leste vivia mais um momento trágico da sua história, o massacre no cemitério de Santa Cruz. Paradoxalmente, em relação aquele que foi o seu propósito original, o impacto que teve na opinião pública tornou este fatídico acontecimento num dos mais importantes passos na internacionalização da causa timorense, ao revelar-se ao mundo o sofrimento de um povo.
  
Dia da Juventude
O Massacre de Santa Cruz, Díli, no dia 12 de novembro de 1991, provocou um grande sofrimento para a juventude timorense, mas por causa desta massacre, em que a juventude queria manifestar e demonstrar ao mundo (ONU), que havia discriminação e violação dos Direitos Humanos no território, o que já acontecia desde o início da invasão. Por causa do número de jovens morto no massacre, este é considerado o Dia da Juventude em Timor-Leste.
  

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