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segunda-feira, junho 12, 2023

O Professor Doutor Carlos Fiolhais faz hoje 67 anos


Carlos Manuel Batista Fiolhais (Lisboa, 12 de junho de 1956) é um físico, professor universitário e ensaísta português. É um dos cientistas e divulgadores de ciência mais conhecidos em Portugal.

  

Biografia

Filho de um militar da Guarda Republicana, cresceu numa família de poucas posses. Nasceu em Lisboa, na Maternidade Alfredo da Costa, tendo frequentado o primeiro ano da escola primária nesta cidade. Depois viveu em Coimbra, tendo estudado na Escola dos Olivais. Nos anos de liceu ganhou muitos prémios de pintura.

Não fez a tropa porque é daltónico.

Teve um primeiro casamento com uma matemática, tendo tido um filho. O segundo casamento é com uma nutricionista. 

 

Carreira

Licenciou-se em Física na Universidade de Coimbra em 1978 e doutorou-se em Física Teórica na Universidade Goethe, em Frankfurt am Main, Alemanha, em 1982. É professor catedrático no Departamento de Física da Universidade de Coimbra desde 2000. Foi professor convidado em universidades de Portugal, Brasil e Estados Unidos.

Tem 140 artigos científicos da sua autoria em revistas internacionais "e de mais de 450 artigos pedagógicos e de divulgação".

Publicou 42 livros, sendo o mais conhecido a sua obra de divulgação científica "Física Divertida" e "Nova Física Divertida", publicado pela Gradiva. Recebeu o Prémio Inovação do Forum III Milénio e o Prémio Rómulo de Carvalho da Universidade de Évora em 2006. Foi consultor do programa "Megaciência" para o canal de televisão SIC.

Foi diretor da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, onde tem concretizado vários projecos relativos ao livro e à cultura. Também foi fundador e diretor do Centro de Física Computacional da Universidade de Coimbra, onde colaborou na instalação do maior computador português para cálculo científico. Criou e dirige o "Rómulo" - Centro de Ciência Viva da Universidade de Coimbra.

Em novembro de 2012 lançou o livro "Pipocas com Telemóvel e outras histórias de falsa ciência", em coautoria com David Marçal, editado pela Gradiva. Neste livro os autores pretendem promover a ciência contando histórias de falsa ciência, histórias estas que entendem ser representativas do mundo pseudo-científico. O título do livro, por exemplo, é inspirado num vídeo que circula na Internet mostrando milho a transformar-se em pipocas devido, alegadamente, à radiação de telemóveis. O "Iogurtegate", as "Pulseiras quânticas", "A racionalidade diluída da homeopatia", "Não há duas sem ómega-3" e "A bazófia dos basófilos" são alguns dos outros temas abordados. Numa entrevista, questionados sobre como tiveram a ideia de explicar a ciência através da falsa ciência, Carlos Fiolhais responde, "A falsa ciência assenta em equívocos acerca da natureza da ciência e do processo científico. Esclarecer esses equívocos é uma das maneiras de mostrar o que é a ciência".

Na apresentação do livro, no dia cinco de novembro de 2012, na FNAC do Centro Comercial Colombo, por forma a demonstrar que a homeopatia não funciona, Carlos Fiolhais e David Marçal, "tomaram uma caixa inteira de um medicamento homeopático à frente de uma plateia de cerca de 30 pessoas". 

Em fevereiro de 2012 Carlos Fiolhais declarou-se publicamente contra o Novo Acordo Ortográfico.

Em 12 de julho de 2021 despediu-se do ensino com uma palestra, "História da Ciência na Universidade de Coimbra".

Prémios e Distinções

  • 1994 - Prémio União Latina de tradução científica.
  • 2005 - Globo de Ouro de Mérito e Excelência em Ciência, atribuído pela SIC.
  • 2005 - Ordem do Infante D. Henrique.
  • 2006 - Prémios Inovação do Fórum III Milénio e Rómulo de Carvalho da Universidade de Évora.
  • 2012 - Prémio para melhor artigo pedagógico na área da Física no espaço ibero-americano.
  • 2017 - Grande Prémio Ciência Viva Montepio

 

domingo, junho 12, 2022

O Doutor Carlos Fiolhais faz hoje 66 anos


Carlos Manuel Batista Fiolhais (Lisboa, 12 de junho de 1956) é um físico, professor universitário e ensaísta português. É um dos cientistas e divulgadores de ciência mais conhecidos em Portugal.

  

Biografia

Filho de um militar da Guarda Republicana, cresceu numa família de poucas posses. Nasceu em Lisboa, na Maternidade Alfredo da Costa, tendo frequentado o primeiro ano da escola primária nesta cidade. Depois viveu em Coimbra, tendo estudado na Escola dos Olivais. Nos anos de liceu ganhou muitos prémios de pintura.

Não fez a tropa porque é daltónico.

Teve um primeiro casamento com uma matemática, tendo tido um filho. O segundo casamento é com uma nutricionista. 

 

Carreira

Licenciou-se em Física na Universidade de Coimbra em 1978 e doutorou-se em Física Teórica na Universidade Goethe, em Frankfurt am Main, Alemanha, em 1982. É professor catedrático no Departamento de Física da Universidade de Coimbra desde 2000. Foi professor convidado em universidades de Portugal, Brasil e Estados Unidos.

Tem 140 artigos científicos da sua autoria em revistas internacionais "e de mais de 450 artigos pedagógicos e de divulgação".

Publicou 42 livros, sendo o mais conhecido a sua obra de divulgação científica "Física Divertida" e "Nova Física Divertida", publicado pela Gradiva. Recebeu o Prémio Inovação do Forum III Milénio e o Prémio Rómulo de Carvalho da Universidade de Évora em 2006. Foi consultor do programa "Megaciência" para o canal de televisão SIC.

Foi director da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, onde tem concretizado vários projectos relativos ao livro e à cultura. Também foi fundador e director do Centro de Física Computacional da Universidade de Coimbra, onde colaborou na instalação do maior computador português para cálculo científico. Criou e dirige o "Rómulo" - Centro de Ciência Viva da Universidade de Coimbra.

Em novembro de 2012 lançou o livro "Pipocas com Telemóvel e outras histórias de falsa ciência", em coautoria com David Marçal, editado pela Gradiva. Neste livro os autores pretendem promover a ciência contando histórias de falsa ciência, histórias estas que entendem ser representativas do mundo pseudo-científico. O título do livro, por exemplo, é inspirado num vídeo que circula na Internet mostrando milho a transformar-se em pipocas devido, alegadamente, à radiação de telemóveis. O "Iogurtegate", as "Pulseiras quânticas", "A racionalidade diluída da homeopatia", "Não há duas sem ómega-3" e "A bazófia dos basófilos" são alguns dos outros temas abordados. Numa entrevista, questionados sobre como tiveram a ideia de explicar a ciência através da falsa ciência, Carlos Fiolhais responde, "A falsa ciência assenta em equívocos acerca da natureza da ciência e do processo científico. Esclarecer esses equívocos é uma das maneiras de mostrar o que é a ciência".

Na apresentação do livro, no dia 05 de novembro de 2012, na FNAC do Centro Comercial Colombo, por forma a demonstrar que a homeopatia não funciona, Carlos Fiolhais e David Marçal, "tomaram uma caixa inteira de um medicamento homeopático à frente de uma plateia de cerca de 30 pessoas". 

 

domingo, fevereiro 20, 2022

Sugestão de livro de Poesia do blog De Rerum Natura...

"O FIRMAMENTO" DE RUI LAGE: OLHAR PARA O CÉU COM OS OLHOS DA POESIA 

 

  
  
Minha recensão do último livro de poesia de Rui Lage em "As Artes entre as Letras":

Se é antiga a relação entre o céu e a poesia, não são correntes as abordagens poéticas que têm por base as modernas cosmologia e astronomia. E, no entanto, estas fornecem abundantes motivos para os vates. Foi o astrofísico e comunicador de ciência Carl Sagan que disse: «O cosmos está dentro de nós. Somos feitos da matéria das estrelas. Somos um modo de o Universo se conhecer a si próprio.» E, muito apropriadamente, o editor português do também astrofísico e comunicador Hubert Reeves decidiu intitular um seu livro com um verso de Mário de Sá Carneiro: «Um Pouco Mais de Azul».

Acaba de sair um livro que, na boa tradição de António Gedeão e de Vitorino Nemésio, não só casa a ciência com a poesia como busca a inspiração nas últimas notícias do céu, isto é, em Sagan e em Reeves. O título é Firmamento, o autor é Rui Lage (n. Porto, 1975) e a chancela é da Assírio & Alvim. Fiquei pasmado a cada poema que ia lendo, ao aperceber-me não só da amplitude de conhecimentos científicos do autor como da sua capacidade de os metamorfosear para um registo poético. Confesso que não conhecia a poesia do autor, pois só tinha lido o seu romance de estreia O Invisível (Gradiva, 2019; Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís 2017), que descreve fantásticas aventuras de Fernando Pessoa na serra do Alvão. Verifiquei agora que ele é o autor de um livro de poesia premiado: Estrada Nacional (Imprensa Nacional, 2016; vencedor dos prémios Inês de Castro e Ruy Belo 2016). Além disso, escreveu um ensaio na Imprensa da Universidade de Coimbra sobre Manuel António Pina e foi co-autor com Jorge Reis-Sá da antologia Poemas portugueses. Antologia de poemas portugueses do séc. XIII ao séc. XXI (Porto Editora, 2010). E traduziu livros de poesia e as Conversas com Carl Sagan (de Tom Head, Quási, 2007).

Percebi logo que Rui Lage está bem informado sobre a física do Big Bang, das estrelas e galáxias, dos planetas e dos exoplanetas e ainda da astronáutica. «Canto aleatório», o primeiro poema de Firmamento (a primeira parte do livro dá o título ao livro, havendo mais duas, «Ciência futura da vida» e «Ode Lunar»), fala do Big Bang, vindo do nada ou vai-se lá saber de onde: «Eu canto as flutuações de densidade,/ no vazio inicial,/ a espuma quântica indecisiva, o espaço distendido,/ as partículas aleatórias que nos salvaram,/ do nó irreversível (…)”. De facto, pouco sabemos sobre o início de tudo, mas tudo pode ter vindo de flutuações casuais de um vácuo quântico primordial. Para os físicos o vazio não é vazio, mas sim um constante borbulhar de partículas. Este paradoxo do «vazio não vazio» tem uma ressonância poética que o poeta soube explorar. A estrofe final do poema repete dois versos do início: «(…) Sim, eu canto as flutuações de densidade/ no vazio inicial./ Sem elas não haveria firmamento,/ infância,/ o x do infinito para rebuscar. Sem elas/ não daria contigo a comer figos a eito/ num equilíbrio térmico perfeito,/ com a alegria/ de um pequeno animal aleatório.» O x do infinito está a itálico porque foi tirado de Gomes Leal («Fausto rebusca o x do infinito, / E Satã dorme em cima do Evangelho”). Sim, é verdade: resultámos do prodigioso processo de evolução cósmica.

Muito interessantes são os poemas sobre os astronautas (lembro que Gedeão escreveu um poema irónico sobre o homem novo na Lua). O poema «Apolo 11 (Namíbia, Erich Wendt)» termina assim: «(…) Mas hoje canto a nave que nos desceu/ no Mar da Tranquilidade, canto/ em tributo ao primeiro passo/ na rosácea do pó,/ canto em louvor de Neil,/ e celebro as grutas onde o signo/ primeiro se representou/ a cisão irreversível que aí principiou.// E porque a natureza humana é sair da natureza/ eu canto a nave que nos desnaturou.» Para se perceber melhor: o nome «gruta Apolo 11» foi dado pelo arqueólogo alemão Erich Wendt a uma gruta da Namíbia onde trabalhava quando soube que a Águia tinha alunado. O poema remete para o processo que da gruta levou até á Lua.

Um dos poemas que mais gosto é ainda astronáutico. Intitula-se «Elegia de Buzz Aldrin e Marion Moon». Esclareço o título: a mãe de Buzz Aldrin, o segundo homem a poisar a Lua (que ainda está vivo!), chamava-se Marion Moon. Aldrin é, portanto, literalmente um filho da Lua. A mãe não o pôde ver a pisar o astro com o seu nome, por ter morrido um ano antes. Deste poema não transcrevo nada, pois vale a pena comprar o livro só para ler as três páginas que ocupa. Também gostei da «Elegia quântica para Manuel António Pina», onde entra o gato de Schrödinger. Lembro que Pina, que gostava de gatos, era também seduzido pela física moderna. Na linha de poema de Aldrin, há um outro poema que me imptressionou: «Fallen Astronaut»  glosa uma pequena escultura de um artista belga deixada pelos astronautas da Apolo 15 na Lua em homenagem às vitimas do espaço. E, leitor que comprou o livro, não perca por nada a «Elegia da Voyager 2 à entrada do espaço interestelar». As Voyagers, recordo, são os dois artefactos que já arremessámos para fora do sistema solar. Deixo só os versos finais: «(…) Se houver notícias de algum deus, cala-as./ Fala-nos só da sua falta.»

Na segunda partem «Ciência futura da vida», o poeta fala do esconjuro que a medicina está a fazer à morte. No poema «Ode ao Pacemaker» glosa o pacemaker da avó desta maneira: «transístor acomodado na gaiola do tórax,/ com faísca dada por físico prodigioso». E, mais adiante: «(…) A minha avó fora portanto melhorada/ e o divino barro assim conspurcado/ por exíguo gerador/ e fios de cobre condutor/ que jamais carne humana gerou.(…)» Ainda no mesmo capitulo merece destaque o poema lapidar «O Demónio de Maxwell»: «Esquecer liberta energia sob a forma/ de calor// Recordar faz frio.» Esse demónio virtual foi inventado por Maxwell para diminuir a entropia num sistema isolado. Não existe, que se saiba.

O livro encerra, na «Ode lunar», com um poema sobre a morte: «(…) O Universo teve uma origem,/ vai para qualquer parte./ Expande-se. Arrefece./ Nem a morte é eterna. Também ela se expande/ com o resto. Move-se. Vai para qualquer parte./ E nós vamos com ela (…)»

Há muito tempo que um livro de poesia não me enchia tanto as medidas.

 

in De Rerum Natura - post de Carlos Fiolhais

sábado, junho 12, 2021

O Doutor Carlos Fiolhais faz hoje 65 anos!


Carlos Manuel Batista Fiolhais (Lisboa, 12 de junho de 1956) é um físico, professor universitário e ensaísta português. É um dos cientistas e divulgadores de ciência mais conhecidos em Portugal.

  

Biografia

Filho de um militar da Guarda Republicana, cresceu numa família de poucas posses. Nasceu em Lisboa, na Maternidade Alfredo da Costa, tendo frequentado o primeiro ano da escola primária nesta cidade. Depois viveu em Coimbra, tendo estudado na Escola dos Olivais. Nos anos de liceu ganhou muitos prémios de pintura.

Não fez a tropa porque é daltónico.

Teve um primeiro casamento com uma matemática, tendo tido um filho. O segundo casamento é com uma nutricionista. 

 

Carreira

Licenciou-se em Física na Universidade de Coimbra em 1978 e doutorou-se em Física Teórica na Universidade Goethe, em Frankfurt am Main, Alemanha, em 1982. É professor catedrático no Departamento de Física da Universidade de Coimbra desde 2000. Foi professor convidado em universidades de Portugal, Brasil e Estados Unidos.

Tem 140 artigos científicos da sua autoria em revistas internacionais "e de mais de 450 artigos pedagógicos e de divulgação".

Publicou 42 livros, sendo o mais conhecido a sua obra de divulgação científica "Física Divertida" e "Nova Física Divertida", publicado pela Gradiva. Recebeu o Prémio Inovação do Forum III Milénio e o Prémio Rómulo de Carvalho da Universidade de Évora em 2006. Foi consultor do programa "Megaciência" para o canal de televisão SIC.

Foi director da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, onde tem concretizado vários projectos relativos ao livro e à cultura. Também foi fundador e director do Centro de Física Computacional da Universidade de Coimbra, onde colaborou na instalação do maior computador português para cálculo científico. Criou e dirige o "Rómulo" - Centro de Ciência Viva da Universidade de Coimbra.

Em novembro de 2012 lançou o livro "Pipocas com Telemóvel e outras histórias de falsa ciência", em coautoria com David Marçal, editado pela Gradiva. Neste livro os autores pretendem promover a ciência contando histórias de falsa ciência, histórias estas que entendem ser representativas do mundo pseudo-científico. O título do livro, por exemplo, é inspirado num vídeo que circula na Internet mostrando milho a transformar-se em pipocas devido, alegadamente, à radiação de telemóveis. O "Iogurtegate", as "Pulseiras quânticas", "A racionalidade diluída da homeopatia", "Não há duas sem ómega-3" e "A bazófia dos basófilos" são alguns dos outros temas abordados. Numa entrevista, questionados sobre como tiveram a ideia de explicar a ciência através da falsa ciência, Carlos Fiolhais responde, "A falsa ciência assenta em equívocos acerca da natureza ciência e do processo científico. Esclarecer esses equívocos é uma das maneiras de mostrar o que é a ciência".

Na apresentação do livro, no dia 05 de novembro de 2012, na FNAC do Centro Comercial Colombo, por forma a demonstrar que a homeopatia não funciona, Carlos Fiolhais e David Marçal, "tomaram uma caixa inteira de um medicamento homeopático à frente de uma plateia de cerca de 30 pessoas". 

Em fevereiro de 2012 Carlos Fiolhais declarou-se publicamente contra o Novo Acordo Ortográfico.

 

Prémios e Distinções

  • 1994 - Prémio União Latina de tradução científica.
  • 2005 - Globo de Ouro de Mérito e Excelência em Ciência, atribuído pela SIC.
  • 2005 - Ordem do Infante D. Henrique.
  • 2006 - Prémios Inovação do Forum III Milénio e Rómulo de Carvalho da Universidade de Évora.
  • 2012 - Prémio para melhor artigo pedagógico na área da Física no espaço ibero-americano.
  • 2017 - Grande Prémio Ciência Viva Montepio.

 

in Wikipédia

domingo, janeiro 01, 2012

2012 - the end is near...

Com a devida vénia, publicamos o seguinte post do Professor Doutor Carlos Fiolhais no blog De Rerum Natura:


Vem aí o fim do Mundo??


Declarações que prestei à jornalista Christiana Alves Martins (CAM) do Expresso e que saíram na revista Única de ontem, num artigo sobre o "fim do mundo" juntamente com declarações de outros colegas:

CAM- Porque as pessoas têm a necessidade de fixar uma data para o chamado fim do mundo? Que mecanismo psicológico justifica isto? Para que surjam estas teses, as teorias científicas são adulteradas?

CF- O receio do fim do mundo sempre existiu e provavelmente sempre existirá, em muitos povos e culturas. Veja o fim do mundo no ano 1000 e, embora em menor escala, o fim do mundo em 2000 (o "bug do milénio" era uma manifestação na informática desses receios). Na nossa cultura cristã e católico, o mito do Apocalipse está presente. Deve haver razões psicológicas, sociológicas e religiosas, mas não sei aprofundar o assunto. Sim, as teorias científicas são, por vezes, adulteradas para alimentar mitos do fim do mundo. Chama-se a isso pseudo-ciência, criar uma ciência fictícis que sirva os nossos preconceitos ou propósitos.

À escala cósmica, tanto quanto sabemos, o nosso Universo é semi-eterno, isto é, teve um início, há 13,7 mil milhões de anos, mas não terá fim. A expansão, começada com o Big Bang, será eterna, ficando o Universo cada vez mais frio e com cada vez maiores distâncias entre as galáxias. Pode haver o fim da Terra sem ser o fim do mundo. Decerto que daqui a cerca de cinco mil milhões de anos, o Sol chegará ao fim do seu ciclo de vida (vai a meio) e ficará uma gigante vermelha antes de se tornar uma anã branca. Nessa altura, o raio do Sol chegará perto da órbita da Terra e, se ainda aqui estivermos (a história humana só tem cerca de um milhão de anos, nada comparado com os cinco mil milhões de vida do Sol) estaremos "fritos". Já houve quuem propusesse soluções de engenharia para evitar o apocalipse solar: lançamento de bombas de hidrogénio lançadas para o Sol para o reavivar ou reposicionamento da "nave espacial" Terra numa órbita mais longínqua do astro-rei (ambas soluções temporárias, claro). Falta muito tempo e não há que estar preocupado.

Claro que no Sol há colisões de cometas e de asteróides (agora menos do que no princípio do sistema solar). Não estamos livres de que haja uma dessas colisões, pese embora o efeito defensivo da atmosfera. Há programas em curso para observar asteróides próximos e há também quem defenda o desenvolvimento de tecnologias para aniquilar asteróides perigosos. São, por vezes, tão pequenos que só se vêem muito perto, mas têm passado bem ao lado. Julgo que é bem mais fácil ganhar o Euromilhões do que apanhar com um asteróide grande...

Pode haver outras catástrofes da Terra, mas à escala planetária, talvez a mais plausível parece felizmente afastada: o "inverno nuclear" causado por uma denotação maciça de bombas de hidrogénio (processo de fusão semelhantes aos que ocorrem no Sol). A guerra fria jaz, felizmente, morta e enterrada.

CAM- É possível, do ponto de vista astronómico que civilizações antigas, como a maia, sem o devido instrumental, possam fazer cálculos elaborados que prevejam acontecimentos com antecedência de tantos anos? Tinham acesso a instrumentos matemáticos suficientes para assegurar algum rigor nos resultados?

CF- A matemática e astronomia dos maias tinham algum grau de desenvolvimento, mas nada comparado com a matemática e astronomia de que dispomos hoje. E a matemática e astronomia de que dispomos hoje não nos fazem recear nenhuma catástrofe planetária previsível. Acho de resto que essa história do calendário maia, que prevê o "fim do mundo" para daqui a um ano (21/12/12) está muito efabulada. São interpretações mais do que discutíveis sobre um ciclo longo que chega ao fim do calendário maia. É um pouco parecido com o "fim do mundo" associado aos finais do milénio: os anos 1000 e 2000 não vão voltar a acontecer, mas foram datas normalíssimas, como outras quaisquer do calendário.

CAM- Das seguintes teses, quais as que, do seu conhecimento e do ponto de vista científico, têm alguma credibilidade? Profecia hindu (2012 como fim de um ciclo, com base em ciclos), profecia maia (idem, com base em um calendário específico), choque com um asteróide (ou um cometa ou o planeta Nibiru ou X), inversão dos pólos da Terra (guinada magnética que provocaria sismos violentos), explosão de raios gama (causaria danos no núcleo das células, desenvolvendo cancros), índios hopi (fim de um ciclo), código da Bíblia (o sol transformará o planeta num mar de chamas), tempestades solares (erupções do sol atingirão o seu auge em 2012), profecias de Nostradamus (cataclismos no solstício de inverno).

CF- Não têm credibilidade nem a profecia hindu, nem a maia. Choque planetário é possível (foi assim que a Lua se formou no início do sistema solar) mas é muito pouco provável que o asteróide ou cometa tenha tamanho suficiente para ser perigoso para nós. O planeta Nibiru não existe: é uma invenção de algum visionário, que aproveitou uma palavra da tradição babilónica. Quanto à inversão da polaridade magnética da Terra é possível (aconteceu no passado, ao longo da história geológica, mas não é previsível: a série parece aleatória). O código da Bíblia não faz sentido nenhum, é um disparate completo. As profecias de Nostradamus também. Assim como as profecias de S. Malaquias, que prevêem que o actual será o penúltimo papa. Quanto às tempestades solares, o Sol tem, de facto, ciclos, que se podem medir pelo número de manchas solares (a Universidade de Coimbra observa diariamente o Sol desde 1925, fotografando a face manchada). O próximo máximo será em 2013, e tudo indica (a avaliar pelas manchas observadas até agora) que não vai ser tão intenso como o anterior. Ciclos solares sempre houve e sempre haverá enquanto o Sol estiver "vivo"...

CAM- Mas confirma-se o agudizar de explosões solares? Com que consequências para a vida das pessoas?

CF- Não se confirma nenhum agudizar de explosões. A actividade solar está registada e os registos estão acessíveis a todos. As oscilações do número de manchas solares são normais.

CAM- De forma a explicar aos leigos, qual é a interferência dos fenómenos astrofísicos na vida quotidiana das populações?

CF - Se houver - lagarto, lagarto - queda de um grande asteróide ou cometa poderá haver alterações na evolução biológica. Embora seja discutível, pensa-se que hoje existimos graças à grande colisão que, caindo sobre o Iucatão (México), eliminou os dinossauros, permitindo a ascensão dos mamíferos. As tempestades solares podem ter efeitos nas comunicações à superfície da Terra, o fenómeno é conhecido, mas não é considerado grave. Se houver alteração do campo magnético terrestre (causado por correntes no interior da Terra, de comportamento imprevisível) poderá haver exposição a tempestades magnéticas, isto é, partículas carregadas vindas do Sol poderão não ser deflectidas, como convém, pelo campo magnético terrestre.

CAM- É verdade que no mês de Julho de 2006, telescópios e supercomputadores revelaram que o nosso sistema solar se encontra no cruzamento entre duas galáxias e se alinhará com o centro da Via Láctea em 2012, libertando um fluxo máximo de energia? As comunicações podem ser então interrompidas? O alinhamento galáctico é outro nome para o mesmo fenómenos? Quando aconteceu pela última vez?

CF- Não é verdade, isso são fantasias que não resistem ao menor espírito crítico. A expressão "libertando um fluxo máximo de energia" não se percebe sequer nesse contexto.

CAM- Se as previsões são possíveis em Física, porque não se previu o grande tsunami no último grande terramoto no Japão?

CF - Não são possíveis previsões de terramotos no estado actual da sismologia. Pode ser que um dia venha a ser possível mas hoje não é. Portanto está ser um enorme erro o julgamento de sismologistas italianos por não terem previsto o sismo de l'Aquila.

CAM- Tem conhecimento de que, desde 2008, existe um «cofre do fim do mundo», com sementes de valor alimentício?

CF- Não, mas não me admira nada, há tanta coisa engraçada. O nome é engraçado. A iniciativa é engraçada. Não sei como é que se vai comer depois do fim do mundo...

CAM- Uma última pergunta; conhece o Movimento de Extinção Voluntária (VEHMT), que prevê o fim da reprodução humana?

CF- Não conheço, mas comento com uma frase de Einstein. O grande sábio disse um dia: "Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. E sobre a primeira não tenho a certeza."

NOTA:  o erroneamente chamado "cofre do fim do mundo", que o doutor Fiolhais desconhece, é o Banco Mundial de Sementes, inaugurado em 2008 na ilha norueguesa polar de Spitsbergen, para preservar a biodiversidade de algumas plantas (recordemos que a variabilidade genética de algumas espécies comestíveis baixou drasticamente nos últimos anos, com os riscos que isso acarreta em caso de epidemias que as afetem - recorde-se o caso da filoxera, que devastou as castas europeias de videiras no século XIX e que só se salvaram porque havia castas resistentes americanas, que agora servem de raiz, por enxertia, às castas nobres europeias).

sexta-feira, outubro 01, 2010

Como um excelente catedrático de Coimbra vê o nosso PM

FACILITISMO E ALDRABICE


Minha crónica de hoje no "Público":

Quem recentemente acertou na mouche ao falar sobre a crise financeira e económica que o país atravessa foi Ernâni Lopes, o ex-ministro das Finanças e Plano do Governo do Bloco Central, dirigido por Mário Soares, que em 1983 recebeu o FMI: «Não tem a ver com taxa de juro, oferta de moeda nem finanças públicas. Tem a ver com qualquer coisa mais importante. Os problemas resolvem-se com estudo e trabalho e não com facilitismo e aldrabice».

Fê-lo pouco antes do anúncio pelo governo do PS dirigido por José Sócrates de medidas de aumento de impostos para todos e de redução de vencimentos dos trabalhadores da função pública. As palavras do ex-ministro não podiam ser mais certeiras. Com efeito, não foi há muito tempo que o IVA desceu e os salários subiram, por mera conveniência eleitoral, numa altura em que as crises nacional e internacional já eram mais do que visíveis (a primeira, para mal dos nossos pecados, mais antiga do que a segunda). O governo minoritário que resultou das eleições continuou teimosamente a negar a realidade. Foi facilitando o mais que pôde. E foi aldrabando até mais não poder. Por pressão externa e não por convicção interna, anunciou um PEC 1, depois um PEC 2 e agora um PEC 3, uma vez que a dívida continuava a aumentar. Num mundo em crise os outros bem podiam fazer de formiga, com a Grécia, a Irlanda e a Espanha a diminuírem os salários, que nós continuávamos a fazer de cigarra, como se o crédito fosse ilimitado. De facto, o mundo mudou. Mas o nosso Governo, contrariamente ao que se impunha, não mudou, e não fez a tempo o que era preciso fazer, que era estudar o défice e trabalhar para o diminuir. Agora, tarde e a más horas, parece ter acordado. E o Presidente do PS, António de Almeida Santos, que tinha sido colega de Ernâni Lopes no governo do Bloco Central (lembram-se de não se poder sair do país com mais de sete contos?), não encontrou melhor justificação para a mais recente ida do Governo aos bolsos dos contribuintes do que dizer que «o povo tem que sofrer as crises como o Governo as sofre». Se o povo não sabia, ficou enfim a saber que tem de partilhar as crises do Governo...

E o que diz ao PEC 3 o PSD, que tinha assinado o PEC 2 numa quase reedição do Bloco Central? O seu porta-voz António Nogueira Leite, de quem se fala para ministro das Finanças (fez o tirocínio como secretário de Estado das Finanças de Guterres), foi tudo menos coerente e credível. Embora defendendo os cortes nos salários, pediu com candura ao Governo para “reconsiderar o aumento do IVA, porque não é bom para as famílias". A diminuição dos rendimentos salariais é, para ele, boa para as famílias. Estas, encolhidas pelos apertos de cinto, continuarão decerto a sofrer as crises, mesmo que mude o governo que as sofre. E não têm grande esperança que o facilitismo e a aldrabice acabem se houver uma mudança governamental.

Poderia ser de outro modo? Dificilmente poderia. Uma sociedade não pode ser melhor do que a escola que a molda. Facilitismo, o termo que tão bem se adequa à política em geral, é também o certo para designar a política escolar, também ela de Bloco Central. Mostra-o, por exemplo, o caso do aluno que entrou na Universidade, com 20 valores, pela porta do cavalo das Novas Oportunidades. E aldrabice é a palavra justa para descrever uma situação em que se passam diplomas a certificar sabedoria e competências a quem é manifestamente ignorante e incapaz. Uma aldrabice pegada, como cada vez é mais claro.

Dei-me conta outro dia de que a palavra aldrabar, de origem árabe, não é conhecida no Brasil. Mas a prática é. Mário Pratas, o autor do dicionário de português europeu para brasileiros “Schifaizfavoire” (Editora Globo, 1993; o título deriva do modo como se chama entre nós um empregado de mesa), comenta: “Depois de morar algum tempo em Portugal você começa a entender de onde veio essa nossa mania de levar vantagem, de dar golpinhos, de enganar o próximo, de tirar proveito das situações. Está certo que os brasileiros aperfeiçoaram a aldrabice...”

in De Rerum Natura - post de Carlos Fiolhais

sexta-feira, maio 14, 2010

O Laser faz 50 anos


Minha crónica no "Sol" de hoje (na imagem o bloco-notas de Gould, onde foi escrita pela primeira vez a palavra laser):

Poderíamos viver sem impressoras laser, sem os CD e DVD com músicas e filmes, sem a leitura óptica nos supermercados, sem a transmissão de informação por fibra óptica (usada na Internet e na TV por cabo), sem as várias formas de cirurgia laser, etc.?

Sim, há 50 anos vivíamos sem nada disso, mas não era, temos de o reconhecer, a mesma coisa. Foi a 16 de Maio de 1960, faz agora exactamente 50 anos, que o físico Theodore Maiman pôs a funcionar, pela primeira vez, no Hughes Research Laboratory, na Califónia, Estados Unidos, o primeiro laser, feito de rubi, activado intermitentemente por uma lâmpada de flash. A palavra laser, hoje comum, era muito recente, nesse tempo e, por isso, quase desconhecida. Trata-se da abreviatura de light amplification by stimulated emission of radiation, amplificação de luz por emissão estimulada de radiação. Foi criada três anos antes por Gordon Gould, um estudante de doutoramento na Universidade de Columbia, Nova Iorque, que esboçou num bloco-notas a ideia da nova tecnologia, e que haveria mais tarde de conduzir, com sucesso, uma longa batalha jurídica para obter uma quota parte da propriedade industrial. Valeu-lhe o facto de ter autenticado notarialmente as folhas do seu bloco logo que as escrevinhou.

A ideia pairava no ar. O supervisor de Gould, Charles Townes, tinha sido um dos criadores do maser, abreviatura de uma expressão igual à que deu laser, mas onde, em vez da palavra luz, se usa a palavra microondas. As microondas, que tinham sido aproveitadas durante a Segunda Guerra Mundial para inventar o radar (sem o qual a moderna massificação das viagens aéreas não teria sido possível!), não são mais do que uma forma de luz, distinguindo-se da luz visível apenas por terem maiores comprimentos de onda. Portanto, criou-se em primeiro lugar um feixe de microondas monocromático, coerente e alinhado – o maser - e só depois um feixe de luz visível, vermelha, com idênticas propriedades – o laser. Em 1958, Townes escreveu, juntamente com o seu cunhado Arthur Schachlow, um artigo expondo as bases teóricas do laser. Os dois receberam o Prémio Nobel, o primeiro em 1964 e o segundo em 1981. Nem Maiman nem Gould foram distinguidos pela Academia Sueca. De todos eles, Townes, com 95 anos, é o único que está vivo para apagar as 50 velas do bolo de aniversário do laser.

Townes e Schachlow, quando conceberam o maser e o laser, Gould, quando escreveu o novo nome, e Maiman, quando viu a luz laser irradiada pelo rubi, não podiam fazer ideia da enorme quantidade de aplicações que, passados 50 anos, o laser teria. Quando o laser foi criado, dizia-se que era “uma solução à procura de um problema”. Não encontrou apenas um, mas vários problemas. E, felizmente para nós, solucionou-os...
in De Rerum Natura - post de Carlos Fiolhais

sábado, maio 01, 2010

Ciência e Ficção - palestra em Coimbra

(clicar para ver melhor)
  • Data da palestra: 01/05/2010 (sábado)
  • Nome da Obra: Presas
  • Autor: Michael Crichton
  • Palestrante: Carlos Fiolhais
  • Link para Livro: link
  • Cartaz: link
Sinopse: “Tão actual como as notícias de primeira página dos nossos dias, o mais arrojado dos romances de Michael Crichton conta-nos a história de uma epidemia mecânica e dos esforços desesperados de um grupo de cientistas para a travar. Inspirado nos mais recentes factos científicos, “Presas” leva-nos aos novos universos da nanotecnologia e da inteligência artificial – numa história de intenso suspense, “Presas” é um romance que não se pode largar, é que… o tempo está a esgotar-se…”

Centro Ciência Viva – Rómulo de Carvalho
Dto. de Física da Univ. de Coimbra
Rua Larga
3004-516 Coimbra
PORTUGAL


quinta-feira, abril 22, 2010

Hoje é dia Mundial da Terra!


Imagem do blogue de astronomia português Astro.pt . Na Feira do Livro de Coimbra, na Praça da República, há uma tertúlia sobre "Como era a vida na Terra" com Octávio Mateus, Vanda Ramos, Pedro Callapez e Eugénia Cunha, moderada por Carlos Fiolhais.

quarta-feira, abril 14, 2010

Tertúlia em Coimbra - Como foi a Vida na Terra

Do Blog De Rerum Natura publicamos, com a devida vénia, o seguinte post, ligeiramente modificado, do Professor Doutor Carlos Fiolhais:


Estou a organizar este evento em conjunto com a Câmara Municipal de Coimbra, no Dia Internacional da Terra, 22 de Abril de 2010, 21.30 horas, na Feira do Livro de Coimbra (Praça da República):


Tertúlia "Como Foi a Vida na Terra"


"Pegadas de Dinossauros em Portugal" - Vanda Faria dos Santos (Museu Nacional de História Natural, Lisboa)

Explica-se como se formam os icnofósseis em geral e as pegadas de dinossauros, em particular. Apresentar uma retrospectiva das jazidas com pegadas e trilhos de dinossauros no Jurássico e Cretácico de Portugal; sua importância patrimonial.


"Dinossauros de Portugal" - Octávio Mateus (Museu Municipal da Lourinhã, Lourinhã)

Explica-se em que condições se formaram jazidas com esqueletos e ninhadas de ovos de dinossauros. Apresenta-se uma retrospectiva das principais jazidas e novas descobertas de dinossauros em rochas do Jurássico e Cretácico de Portugal.


"Fósseis da região de Coimbra"- Pedro Callapez (Museu Mineralógico e Geológico da Universidade de Coimbra, Coimbra)

Mostram-se aspectos da evolução do espaço geográfico de Coimbra ao longo dos tempos geológicos. Apresenta-se uma retrospectiva sucinta dos principais fósseis e jazidas da região de Coimbra e Baixo Mondego.


"Como nos tornámos humanos"- Eugénia Cunha (Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra)

Apresenta-se a história do homem na Terra como vem contada no livro com esse título que a autora acaba de publicar na Imprensa da Universidade de Coimbra.


Entrada livre. Haverá participação da audiência.

Moderador: Carlos Fiolhais

Organizadores: Carlos Fiolhais e Pedro Callapez

Apoios: Câmara Municipal de Coimbra, Centro de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra e Centro Ciência Viva Rómulo de Carvalho

sábado, março 27, 2010

ENTREVISTA NO NOTÍCIAS MAGAZINE

Do Blog De Rerum Natura publicamos um excerto de um post, de autoria do Professor Doutor Carlos Fiolhais, com bold/negrito da nossa responsabilidade:

Entrevista que dei a Catarina Pires para a rubrica "Todos os nomes" da revista "Notícias Magazine" e que foi publicada no número 929 de 14 de Março, que saiu ontem a acompanhar o "Diário de Notícias" e o "Jornal de Notícias":

Todos os nomes - Carlos Fiolhais

Não sabe em que caldeirão caiu em pequenino, mas deve ter caído em vários: o dos livros, o da curiosidade, o do bom humor, o do optimismo. Só assim se explica que este físico, director da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, nos faça perder as noções de tempo e espaço estabelecidas por Einstein, quando nos pomos à conversa com ele.

(...)

P- Um dos maiores alvos da sua crítica é o sistema de ensino português.

R- Ah sim, é o meu alvo preferido.

P- Porquê?

R- Porque é de algum modo a mãe de todos os problemas. Temos uma formação que deixa muito a desejar e não nos prepara devidamente para a vida. E não tem de ser assim. A boa escola é algo que estamos a dever a nós mesmos. Se queremos futuro, temos que apostar na escola, que é a instituição que a humanidade inventou – e já foi há muitos anos – para nos garantir o futuro. Se não temos um futuro melhor é porque não o estamos a promover na escola.

P- O que é que está mal? Está tudo mal?

R- Não, temos bons professores, que fazem, a maioria deles, por cumprir a sua obrigação profissional num ambiente que não é nada fácil. Se me pergunta o que está mal, dou-lhe um exemplo: o Ministério da Educação é – vou usar uma palavra brutal para fazer jus à minha fama de crítico – um monstro. É um aparelho criado pelo Estado, que está por todo o lado em demasia, retirando liberdade aos bons professores. Há regulamentos para tudo e mais alguma coisa, os programas não são bons, os livros têm que se ater aos programas, os horários são o que se sabe, há disciplinas que não são disciplinas nenhumas. Enfim, não tenho dúvidas de que é possível fazer melhor e que isso passa por uma menor intervenção do Estado. Será precisa toda aquela burocracia? Será preciso aquela linguagem em que se exprime o monstro e que eu e outras pessoas designamos por «eduquês»? Não se pode falar claro? A actual ministra domina bem o português, é uma boa escritora, não poderá pôr aquele Ministério a falar claro?

P- O que é que é preciso, então, para melhorar?

R- É preciso que os professores tenham mais poder na escola. Nos últimos anos, assistimos a lutas entre o Ministério e os professores, em que os destroços da batalha são os alunos. O que a ministra está a fazer – e desejo-lhe sorte – é limpar o campo da batalha, o que demora algum tempo. O tempo que se perdeu e que se perde... Não tenho dúvidas de que a nossa escola pode melhorar e isso faz-se pelo exemplo, por procurar e premiar as melhores práticas, por recompensar mais do que punir. É preciso valorizar a criatividade. O que eu gostava de ver era uma escola mais aberta, fora do espartilho do governo. Neste momento, a escola está refém do Ministério da Educação.

P- A máquina ministerial condiciona a criatividade de alunos e de professores?

R- Condiciona a criatividade dos professores, que são a chave do sucesso da escola. Diminuir o papel dos professores foi o pior que se podia ter feito. Portanto, tudo o que possamos fazer para valorizar este papel, para lhes dar importância e autoridade, é útil. Há uma palavra que não se tem usado muito em Portugal e que se devia usar mais (o Ministério da Educação, então, foge dela como o diabo da cruz) que é ensinar. A escola é um sítio onde se ensina. Claro que também é um sítio onde se aprende, mas para aprender é preciso que se ensine. Quase tudo aquilo que sei foi porque alguém me ensinou. A partir de certa altura já fui capaz de aprender por mim próprio, mas devo muito à escola e aos meus professores. Porque é que os jovens de agora não hão-de poder dizer o mesmo? Estamos a desviar-nos do essencial e o essencial é preparar para a vida. Não estaremos a alienar os nossos jovens da capacidade de saber mais, de decidir, que não devia ser apenas de alguns, mas de todos?

P- Esse sistema, tal como o descreveu, é a razão por que Portugal não tem sido um país de ciência?

R- A nossa educação científica é uma área em que podemos progredir. A ciência devia estar presente mais cedo na escola, e não se trata tanto de falar de ciência, mas mais de ver como ela se faz. A ciência devia estar presente no jardim-escola e no ensino básico. A palavra ciência quase não aparece nos programas, aparece uma coisa chamada “estudo do meio”. O que é isso? Um cientista é um "estudioso do meio"? Percebo a ideia de que o meio não é só o meio material, é também o meio social. Muito bem, é evidente que vivemos num meio social, mas antes disso pisamos um planeta que nos puxa para baixo, respiramos ar, bebemos água, e é bom que no básico façamos experiências que nos permitam compreender o que é o planeta, o que é o ar, e o que é a água. A descoberta do mundo pela criança tem de começar por aí. A junta de freguesia e outras construções sociais, por muito importantes que sejam, vêm depois do ar e da água.


(...)

domingo, janeiro 11, 2009

Um cartoon do frio norte

Publicamos o seguinte post do Blog De Rerum Natura, de autoria do Doutor Carlos Fiolhais:



Todos estarão lembrados da polémica em torno dos cartoons de Maomé publicados por um jornal dinamarquês. Agora chegou à minha caixa do correio, também do frio Norte da agora tão fria Europa, um cartoon que, embora noutra escala, pode provocar polémica. Não sei mesmo se não será considerado blasfemo por alguns...

Aqui no "De Rerum Natura" gostamos da polémica. Não, não pensem que eu penso que não haja aquecimento global. Já escrevi que há, embora não porque o Al Gore diga que haja. E também não pensem que sou a favor da queima de livros, até porque dirijo uma grande biblioteca e sou absolutamente contra todos os "Fahrenheits 451". Os livros, mesmos os que alguns declaram mentirosos, são para preservar. Sou a favor da liberdade de expressão, incluindo a liberdade de expressão dos cartoonistas.

sábado, janeiro 03, 2009

Alguns filmes dos Gatos Fedorentos do réveillon...!

Rábula da Máquina do Tempo e Genérico



Rui Veloso - O prometido é devido




Per7ume - Intervalo (versão crise)


sexta-feira, janeiro 02, 2009

Feliz Ano de Darwin...!

Do Blog De Rerum Natura publicamos o seguinte post, de autoria do Professor Doutor Carlos Fiolhais (o cientista que aparecia na rábula da máquina do tempo de abertura do programa de fim de ano dos Gatos Fedorentos, na SIC - ver aqui):



Minha crónica no "Público" de hoje (na imagem Darwin com 31 anos):

Quando há poucos anos se perguntou a um conjunto de professores da Universidade de Coimbra quais foram os dez livros que mais mudaram o mundo, não foi sem surpresa que se apurou em primeiro lugar a “Origem das Espécies” do naturalista inglês Charles Darwin e só depois a Bíblia. Mas, ao querer organizar uma exposição sobre esse “top-ten”, a surpresa foi ainda maior quando se verificou que não havia no rico acervo das bibliotecas da universidade nenhuma primeira edição da obra maior de Darwin, publicada em 1859, ao passo que havia várias centenas de edições, algumas bastante antigas e preciosas, do livro sagrado dos cristãos.

Este facto chegará para mostrar que, se hoje os cientistas são todos darwinistas, há 150 anos, quando foi divulgada a revolucionária teoria de Darwin, não havia entre nós quase ninguém interessado nas ideias do inglês. Graças à sua pródiga confirmação pela observação e pela experiência, a teoria da evolução alcançou desde então uma aceitação que, na sua origem, dificilmente se poderia prever. Hoje, pode dizer-se que não existe nenhuma teoria científica que esteja em competição com o evolucionismo (o criacionismo não é ciência!).

A demora com que as ideias de Darwin chegaram até nós é sintomática do nosso atraso científico no século XIX. Apesar de Darwin ter ficado em pouco tempo mundialmente famoso e de ter trocado milhares de cartas com naturalistas de todo o mundo, o único português a corresponder-se com ele foi um jovem de 26 anos, residente nos Açores, completamente isolado dos círculos científicos. Francisco de Arruda Furtado dirigiu-se, em 1881, ao velho sábio do seguinte modo: “Nasci e vivo nestas ilhas vulcânicas onde os factos de distribuição geográfica dos moluscos terrestres são uma interessante prova da teoria a que deu o seu nome mil vezes célebre e respeitado.” Darwin, que tinha visitado os Açores durante a sua viagem à volta do mundo no “Beagle”, respondeu, quase na volta do correio, com palavras gentis e encorajadoras: “Admiro-o por trabalhar nas circunstâncias mais difíceis, nomeadamente pela falta de compreensão dos seus vizinhos”.

É bem conhecida a polémica que as ideias darwinistas logo suscitaram, nomeadamente a forte oposição que teve por parte da Igreja de Inglaterra. A esse confronto não terá sido alheio o progressivo afastamento de Darwin da sua fé da juventude – ele que tinha estudado teologia em Cambridge – para assumir, no fim da vida, quando respondia ao português, uma posição agnóstica. O mecanismo da selecção natural permitia defender a evolução das espécies como um “design” sem “designer” (algo que os criacionistas ainda hoje se recusam a aceitar). O mais perturbador para alguns crentes era a eventual “descendência humana do macaco”, tendo ficado célebre a afirmação de um anti-darwinista segundo a qual “não era verdade mas, se fosse verdade, o melhor era que não se soubesse”.

A oposição com base na Bíblia ao evolucionismo conheceu também alguns episódios curiosos em Portugal. No mesmo ano em que escrevia a Darwin, Furtado publicou em Ponta Delgada um folheto intitulado “O Homem e o Macaco”, em resposta a um padre que tinha pregado nessa cidade: “E ainda há sábios que acreditam que o homem descende do macaco!... Nós somos todos filhos de Nosso Senhor Jesus Cristo!...” O açoriano esclareceu que “não há sábios que acreditam que o homem descende do macaco (...) mas que ambos deveriam ter sido produzidos pela transformação de um animal perdido e mais caracterizado como macaco do que como homem. Eis o que se disse e o que se diz e, se isto não se prova, o contrário também não”.

Hoje, passados 150 anos sobre a “Origem das Espécies” e 200 anos sobre o nascimento de Darwin, a teoria que o tornou famoso está bem e recomenda-se, não só devido à ajuda da paleontologia mas também e principalmente devido à corroboração pela moderna genética. Conforme afirmou o geneticista Theodosius Dobzhansky, “nada na biologia faz sentido a não ser à luz da evolução”. Feliz ano Darwin!

segunda-feira, dezembro 29, 2008

De Miuzela (Almeida) para o Mundo

Do Blog De Rerum Natura publicamos o seguinte post, de autoria do Professor Doutor Carlos Fiolhais:


Minha crónica no último número deste ano da "Gazeta de Física":

Eu não sabia onde ficava Miuzela. Desde Agosto passado que já sei: é uma aldeia no interior profundo de Portugal, no concelho de Almeida, distrito da Guarda. Fui lá por ser miuzelense um dos físicos portugueses mais notáveis do século XX, José Pinto Peixoto (1922-1996), professor da Universidade de Lisboa e especialista em geofísica.

Peixoto doutorou-se no MIT (de facto, a defesa da tese foi em Lisboa, mas quase todo o trabalho foi feito no MIT) e trabalhou mais tarde em Princeton. Um dos seus colegas e amigos do MIT foi o físico norte-americano Edward Lorenz (1918-2008), o autor da célebre formulação da teoria do caos segundo a qual o bater das asas de uma borboleta pode originar um tornado no Texas. A tese de Peixoto, Contribuição para o Estudo da Energética da Circulação Geral da Atmosfera, foi submetida no ano de 1958, que foi declarado pelas Nações Unidas "Ano Geofísico Internacional" (passadas cinco décadas, 2008 é o "Ano Internacional da Terra"). O geofísico português foi o autor de um dos primeiros modelos sobre o movimento global da atmosfera, proposto na mesma altura em que no Hawai, sob a direcção de outro norte-americano, Charles Keeling, começavam as observações sistemáticas das emissões de dióxido de carbono que constituem um grande suporte experimental para os conceitos de efeito estufa e de aquecimento global.

Na escola primária de Miuzela, num dia muito quente, falei para as pessoas da terra sobre o aquecimento global, para o que me preparei com base no manual de Peixoto e Oort "The Physics of Climate", publicado em 1992 pelo American Institute of Physics, e dos seus artigos de divulgação na Scientific American e na Recherche. Se o famoso Professor fosse vivo (faleceu inesperadamente um ano antes do tratado de Quioto) seria hoje famosíssimo pois os média não cessariam de lhe fazer perguntas sobre o aquecimento global. E ele haveria de responder a tudo, sempre rigoroso e, ao mesmo tempo, sempre bem disposto, pois não há um princípio de incerteza que limite o humor quando se é exacto. O seu rigor alicerçava-se na sua sólida formação matemática, uma vez que se tinha licenciado nessa disciplina antes de se formar em geofísica. Ele sabia que sem matemática não pode haver física e, por isso, não pode haver geofísica. Nas suas palavras: A matemática está para a física assim como a gramática está para a literatura. A gramática ensina a expressar bem as ideias, se as houver! Não cria literatura.

Lembro-me bem da primeira vez que o vi, num seminário em Coimbra sobre termodinâmica, de ter sorrido com uma das suas extraordinárias frases: A senhora da limpeza desentropiou-me o gabinete todo. A linguagem do Prof. Peixoto, nas aulas ou fora delas, podia ser bastante colorida, como mostra o exemplo que dava da produção de entropia por humanos: Meus meninos, como fazem para se livrarem da vossa entropia? Sim, puxam o autoclismo. Tal como o seu contemporâneo Feynman (que, como ele, esteve no MIT e em Princeton) Peixoto era um físico divertido e algumas das suas tiradas bem podem ser equiparadas às do físico novaiorquino. Como disse Lorentz, onde estivesse o Peixoto, o ambiente mudava. Uma alteração climática local, portanto.

A Associação Casa de Cultura Prof. Dr. José Pinto Peixoto, sediada em Miuzela, distribuiu no dia em que lá fui prémios aos melhores alunos do ensino primário local. Essas distinções servem para lembrar que o seu patrono era filho de professores primários e estudou em Lisboa no Instituto do Professorado Primário. Mas essa associação tem também um prémio nacional para o melhor aluno do secundário, que tem sido ganho por alunos de vintes. Se graças ao Prof. Peixoto Miuzela já estava no mapa da ciência mundial, com estes prémios está hoje no mapa da educação nacional.

segunda-feira, novembro 03, 2008

Os livros ardem mal

O Teatro Académico de Gil Vicente apresenta


Dia 3 de Novembro `08
18h00_ Café-Teatro
Os livros ardem mal
Mensário de actualidade editorial
Convidado Carlos Fiolhais

Com a participação de António Apolinário Lourenço, Luís Quintais, Osvaldo Manuel Silvestre e Rui Bebiano

Co-organização TAGV, Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra

Apoios Campo das Letras, Tinta da China, Fenda Editores, Antígona, Bertrand Editora, Quetzal Editores, Relógio d`Água, Quidnovi, Saída de Emergência, Assírio & Alvim, Edições Afrontamento, Quasi, Edições Asa, Livros Cotovia, Fim de Século, Livros Horizonte, Círculo de Leitores (Temas e Debates), Editorial Caminho, 90º editora, A Esfera dos livros, Editorial Presença, Publicações Europa-América, Alêtheia Editores, Editora Húmus, Esfera do Caos, Instituto de Ciências Sociais, Edições Chimpanzé Intelectual, Gradiva, Planeta Tangerina, Sextante Editora, Cavalo de Ferro e Deriva Edições


Produção TAGV


Entrada Livre


Na sequência de Escaparate. Mensário da Actualidade Editorial, a iniciativa mensal que agora leva o nome Os Livros Ardem Mal (tomado de empréstimo ao autor galego Manuel Rivas) propõe um encontro mensal sobre e a pretexto de livros recentemente editados.


O painel é constituído por António Apolinário Lourenço, Luís Quintais, Osvaldo Manuel Silvestre e Rui Bebiano. Cada encontro mensal terá um/a convidado/a, cujo livro recém-publicado será um dos objectos de conversa. Com esta iniciativa, o TAGV contribui para o conhecimento dos livros enquanto parte essencial de um espaço público informado.

O convidado desta sessão d`Os Livros Ardem Mal será Carlos Fiolhais, professor universitário e director da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, autor do recente livro "Engenho Luso e Outras Crónicas".

in Blog De Rerum Natura - post original aqui