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terça-feira, abril 09, 2024

Hoje é dia de ouvir Adriano Correia de Oliveira...

Saudades de Adriano...

Adriano Correia de Oliveira nasceu há oitenta e dois anos...

(imagem daqui)
    
Adriano Maria Correia Gomes de Oliveira (Porto, 9 de abril de 1942 - Avintes, 16 de outubro de 1982) foi um músico português. Mudou-se para Avintes ainda com poucos meses de vida.
 
Filho de Joaquim Gomes de Oliveira e de sua mulher, Laura Correia, Adriano foi um intérprete do fado de Coimbra e cantor de intervenção. A sua família era marcadamente católica, crescendo num ambiente que descreveu como «marcadamente rural, entre videiras, cães domésticos e belas alamedas arborizadas com vista para o rio». Depois de frequentar o Liceu Alexandre Herculano, no Porto, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, em 1959. Viveu na Real República Ras-Teparta, foi solista no Orfeon Académico, membro do Grupo Universitário de Danças e Cantares, ator no CITAC, guitarrista no Conjunto Ligeiro da Tuna Académica e jogador de voleibol na Briosa. Na década de 60 adere ao Partido Comunista Português, envolvendo-se nas greves académicas de 62, contra o salazarismo. Nesse ano foi candidato à Associação Académica de Coimbra, numa lista apoiada pelo MUD.
Data de 1963 o seu primeiro EP, Fados de Coimbra. Acompanhado por António Portugal e Rui Pato, o álbum continha a interpretação de Trova do vento que passa, poema de Manuel Alegre, que se tornaria uma espécie de hino da resistência dos estudantes à ditadura. Em 1967 gravou o álbum Adriano Correia de Oliveira, que, entre outras canções, tinha Canção com lágrimas.
Em 1966 casa-se com Maria Matilde de Lemos de Figueiredo Leite, filha do médico António Manuel Vieira de Figueiredo Leite (Coimbra, Taveiro, 11 de outubro de 1917 - Coimbra, 22 de março de 2000) e de sua mulher Maria Margarida de Seixas Nogueira de Lemos (Salsete, São Tomé, 13 de junho de 1923), depois casada com Carlos Acosta. O casal, que mais tarde se separaria, veio a ter dois filhos: Isabel, nascida em 1967, e José Manuel, nascido em 1971. Chamado a cumprir o Serviço Militar, em 1967, ficaria apenas a uma disciplina de se formar em Direito.
Em 1970 troca Coimbra por Lisboa, exercendo funções no Gabinete de Imprensa da FIL - Feira Industrial de Lisboa, até 1974. Ainda em 1969 vê editado o álbum O Canto e as Armas, revelando, de novo, vários poemas de Manuel Alegre. Pela sua obra recebe, no mesmo ano, o Prémio Pozal Domingues.
Lança Cantaremos, em 1970, e Gente d' aqui e de agora, em 1971, este último com o primeiro arranjo, como maestro, de José Calvário, e composição de José Niza. Em 1973 lança Fados de Coimbra, em disco, e funda a Editora Edicta, com Carlos Vargas, para se tornar produtor na Orfeu, em 1974. Participa na fundação da Cooperativa Cantabril, logo após a Revolução dos Cravos e lança, em 1975, Que nunca mais, onde se inclui o tema Tejo que levas as águas. A revista inglesa Music Week elege-o Artista do Ano. Em 1980 lança o seu último álbum, Cantigas Portuguesas, ingressando no ano seguinte na Cooperativa Era Nova, em rutura com a Cantabril.
Vítima de uma hemorragia esofágica, morreu na quinta da família, em Avintes, nos braços da sua mãe.
A 24 de setembro de 1983 foi feito Comendador da Ordem da Liberdade e a 24 de abril de 1994 foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, em ambos os casos a título póstumo.
  

 

 

Por Aquele Caminho - Adriano Correia de Oliveira
Música de Adriano Correia de Oliveira e Rui Pato
Letra de José Afonso
 
 

Por aquele caminho
De alegria escrava
Vai um caminheiro
Com sol nas espáduas

Ganha o seu sustento
De plantar o milho
Aquece-o a chama
De um poder antigo

Leva o solitário
Sob os pés marcado
Um rasto de sangue
De sangue lavado

Levanta-se o vento
Levanta-se a mágoa
Soltam-se as esporas
De uma antiga chaga

Mas tudo no rosto
De negro nascido
Indica que o negro
É um espectro vivo

Quem lhe dá guarida
Mostra-lhe a pintura
Duma cor que valha
Para a sepultura

Não de mão beijada
Para que não viva
Nele toda a raiva
Dessa dor antiga

Falta ao caminheiro
Dentro da algibeira
Um grão de semente
De outra sementeira

O sol vem primeiro
Grande como um sino
Pensa o caminheiro
Que já foi menino

 

quarta-feira, abril 03, 2024

Hilário morreu há 128 anos...

 

"Augusto Hilário da Costa Alves nasceu em Viseu em 1864. No entanto, ao consultarmos a sua Certidão de Edade no Arquivo da Universidade de Coimbra, reparamos que na transcrição do seu registo de Baptismo, afinal, foi exposto na roda desta cidade [Viseu] pelas cinco horas da manhã e que em vez de se chamar Augusto Hilário refere a quem dei o nome de Lázaro Augusto.

Fica então a questão do porquê de Augusto Hilário. A resposta vem num documento anexo à Certidão de Edade referindo que no seu crisma solicitou para daí em diante se chamar Augusto Hilário (em 1877).

Quanto ao seu percurso escolar segundo João Inês Vaz e Júlio Cruz terá principiado no Liceu de Viseu pois frequentou o Liceu de Viseu com o intuito de fazer os estudos preparatórios para admissão à Faculdade de Filosofia. Certo é que, em 1889, vem para Coimbra fazer os preparatórios de Medicina. Dos Anuários da Universidade de Coimbra conclui-se que esteve matriculado em Filosofia entre os anos letivos de 1889/1890 e 1891/1892 como aluno obrigado, sendo de destacar também que no ano letivo de 1890/1891 frequentou a cadeira o Curso Livre de Língua Grega. Nos anos letivos de 1892/1893 a 1895/1896 esteve matriculado em Medicina, tendo repetido o primeiro ano, tendo falecido quase a terminar o Curso.

Viveu na Rua Infante D. Augusto n.º 60, no Largo do Observatório n º 5, e na Travessa de S. Pedro n.º 14. No entanto, segundo os autores já citados, quando veio para Coimbra também se inscreveu na Marinha para receber subsídio do Estado Português.

É claro que durante o seu tempo de estudante cantou e tocou guitarra, tendo feito parte da Tuna Académica da Universidade de Coimbra (no tempo em que o Doutor Egas Moniz, futuro Prémio Nobel da Medicina, era o Presidente da Tuna). Participou também na célebre homenagem a João de Deus, durante a qual, segundo João Inês Vaz e Júlio Cruz, após a atuação, terá atirado a guitarra para a assistência e, claro está, nunca mais a viu. Para obviar a falta da guitarra, valeu-lhe o Ateneu Comercial de Lisboa que lhe ofereceu a derradeira guitarra em 1895 (a guitarra do Hilário que hoje conhecemos).

Depois de ter atuado em diversos locais do país, acabou por falecer em Viseu no dia 3 de abril de 1896. Segundo a cópia da Certidão de Óbito na obra dos autores referenciados, morreu pelas nove horas da noite e sem sacramentos. Além disso, foi sepultado no cemitério público desta cidade [Viseu]."

 

 

Fado Hilário


A minha capa velhinha

É da cor da noite escura

A minha capa velhinha

É da cor da noite escura

Nela quero amortalhar-me

Quando for para a sepultura

Nela quero amortalhar-me

Quando for para a sepultura

    

Ela há de contar aos vermes

Já que eu não posso falar

Ela há de contar aos vermes

Já que eu não posso falar

Segredos luarizados

Da minha alma a soluçar

    

Eu quero que o meu caixão

Tenha uma forma bizarra

Eu quero que o meu caixão

Tenha uma forma bizarra

A forma de um coração

A forma de uma guitarra

A forma de um coração

A forma de uma guitarra

 

segunda-feira, março 25, 2024

Música de aniversariante de hoje, já desaparecido...

Pedro Ramalho, lisboeta cantor de Fado de Coimbra, nasceu há 85 anos...


PEDRO MAGALHÃES RAMALHO (1939 – 2011). Cantor

Faz hoje, dia 25 de março de 2013, 74 anos que PEDRO OLIVEIRA MARQUES DE MAGALHÃES RAMALHO nasceu, em Lisboa, no ano de 1939. Faleceu, na mesma cidade, a 20 de janeiro de 2011.

Pedro Ramalho, era filho do engenheiro António Sobral Mendes de Magalhães Ramalho e da Sra. D. Maria Luísa Oliveira Marques, sendo um de seis irmãos. Três rapazes, Miguel, Pedro e Paulo e três raparigas, Maria do Rosário, Maria de Jesus e Maria Margarida. Feita a Instrução Primária, o Pedro frequenta o Liceu Camões, onde faz o curso secundário. Candidata-se ao Instituto Superior Técnico, em Lisboa, passa no exame de admissão ao curso de engenharia mecânica, está no primeiro ano em 1957, e conclui a licenciatura em 1964. Gostava de cantar e tocar viola. Pertenceu ao Orfeão Académico de Lisboa, que tinha um Grupo de Fados e Serenatas de Coimbra, onde o Pedro veio a ser um dos cantores. Rapidamente passa a ser o cantor de serviço e de eleição, juntamente com Almeida e Silva, e o Durão (do Sardoal), que também cantava bem. Nas guitarras está o Eduardo Craveiro, filho de Coimbra, que era um seguidor de Artur Paredes, depois o Durão, o Luís Penedo, e alguns outros. Nas violas, o Seixas, o Henrique Azevedo (futuro cunhado), e muitos outros. Faziam serenatas pela cidade, à moda de Coimbra, e as jovens deliciavam-se. Para completar o Teotónio Xavier, amigo do Carlos Paredes, aparecia e imitava animais, sobretudo galos de capoeira, pondo os animais a cantar, acordando toda a vizinhança, a altas horas da noite, recebendo em troca alguns "mimos" que não devem ficar escritos.
No “escritório”, a cave da casa paterna na Avenida Defensores de Chaves, em Lisboa, juntava-se a rapaziada para conversar, tocar e cantar. Ali faziam-se os ensaios. De Fado de Coimbra, e de tudo o que cheirasse a canto e a música. O Grupo “Os Feiticeiros”, virados para o fado de Lisboa, também lá ensaiavam. O Durão estava em todas, e ainda tinha tempo para dizer poesia, e animar a malta. A rapaziada amiga, de Coimbra, quando vinha a Lisboa, por lá passava. Se não conheciam a casa, ficavam a conhecer. O estúdio, “os comes”, a confraternização tinha fama, e chegava às margens do Mondego. Também lá iam o Carlos Paredes, o Fernando Alvim, e muitos outros. A família Magalhães Ramalho, oriunda dos lados de Lamego, tinha profundas ligações a Coimbra.
Por volta de 1961, Carlos Paredes achou que o Pedro Ramalho, devia cantar canções populares das Beiras. Nesse ano, Paredes tinha um compromisso de ir à televisão num programa de Fados de Coimbra. O cantor vinha da Lusa Atenas. Estava na tropa, e como estamos na crise académica de 1961, as autoridades da altura decretam que a rapaziada fica de prevenção no quartéis. Não vem o amigo de Coimbra, mas Carlos Paredes, não se atrapalha. Vai o Pedro Ramalho, que era ainda estudante do Técnico, e não era dado a grandes exposições. Por fim, lá convence o Pedro a ir, e com Paredes e Fernando Alvim a acompanhar, faz um sucesso. Tudo correu bem como era de esperar. Carlos Paredes não disse nada, mas estava tão nervoso, que parece que deu uma fífia, que a malta não notou. Mal acaba o programa liga ao Teotónio Xavier a perguntar-lhe se tinha visto o programa. O Teotónio diz-lhe que sim.
Ele pergunta: - E não viste que enganei no Si menor?
O Xavier diz-lhe: - Ó homem, ninguém deu por isso!
Era assim aquela rapaziada. Carlos Paredes tinha mais 14 anos que o Pedro Ramalho, mais 9 que o Alvim, mais 8 que o Xavier, mas havia uma sã camaradagem, que só o ano de 1974, veio criar um certo afastamento. Situações compreensíveis, mas que não vieram a afetar o que cada um pensava dos outros.
O Pedro Ramalho, forma-se no IST, e casa com a Maria João em Outubro de 1964. Tem o seu primeiro emprego na Cometna. De 1965 a 1969, está na vida militar. Nascem as filhas, a Catarina, a Mónica e a Susana. A Maria João acompanha a prole, enquanto o Pedro lá vai seguindo a sua vida profissional, que não possibilitava, nem grandes ensaios, nem atuações. Por volta dos finais dos anos 70, do século passado, e por influência do Carlos Couceiro (1933 – 2010), colega amigo, recomeça a cantar. Conhece o Dr. Carlos Figueiredo (1923 -1999) e fazem uma serenata no castelo de S. Jorge. Nas guitarras vai o Carlos Couceiro (1930 – 2010), o Francisco Vasconcelos, e o Frias Gonçalves. Nas violas, para além de Carlos Figueiredo, contavam com o Ferreira Alves (1933 – 1999), um verdadeiro mestre, prematuramente desaparecido. Estavam todos “pendurados” na guitarra do Frias Gonçalves e na viola do Ferreira Alves. Carlos Figueiredo, era um intérprete não muito expressivo, mas um professor de alto gabarito. Sabia ensinar no canto, na música, e tinha um grau de exigência muito elevado. Era um compositor com canções muito bonitas, que estão bem cantadas e tocadas, no LP “Saudades da Rua Larga – Fados de Coimbra”, editado em 1982, pela Rádio Triunfo Lda. O Pedro Ramalho foi o único cantor, e este fonograma, foi o único que gravou. Neste disco de 33 1/3 rpm, SPA, RT 10012, foi acompanhado nas guitarras, por Silva Ramos, Fernando Xavier, Teotónio Xavier e Amado Gomes. Nas violas, por Ferreira Alves e Carlos Figueiredo. Formavam por essa altura o Grupo de Fados Guitarradas de Coimbra “Rua Larga”. Na contracapa do disco recolhem-se palavras de simpatia e apoio, de Carlos Paredes, Lacerda e Megre (Pai) e de Carlos Couceiro, este último, muito ausente do país, resultado da sua vida profissional. Carlos Figueiredo, num parágrafo refere que o disco é uma homenagem à “Década de Oiro”, dos anos 20, do Fado de Coimbra.
Quanto às composições cantadas e instrumentais, temos (expressos como vêm na contracapa do disco):

NA FACE A:

1 – Rua Larga
2 – Sonhando
3 – Mondego Acarinhado
4 – Guitarrada (Flávio Rodrigues)
5 – Sé Velha
6 – Mágoa

NA FACE B:

7 – Ondas do Mar
8 – A Tua Rua
9 – Sonhar Contigo ó Coimbra
10 – Guitarrada (Chula)
11 – O Sol anda lá no Céu
12 – Luar do Mondego

 

in Guitarra de Coimbra V (Cithara Conimbrigensis)

 


quinta-feira, março 21, 2024

Porque hoje é o dia da Poesia...


 

 

Andam pela terra os poetas

Andam p'la terra os poetas,
Dizem que são de ficar
Dizem que são de ficar
São como filhos das ervas.

Andam p'la terra os poetas,
Vivem da luz do luar
Crescem ao som das estrelas
Vivem da luz do luar.
Crescem ao som das estrelas
Vivem da luz do luar.
.
Andam p'la terra os poetas,
Numa canção de embalar
Numa canção de embalar
Moram na brisa das velas.

Andam p'la terra os poetas,
Nas ondas altas do mar
Andam p'la terra os poetas
Nas ondas altas do mar.
Andam p'la terra os poetas
Nas ondas altas do mar.


Voz: Luiz Goes
Compositores: 
Letra, Carlos Carranca; Música, João Moura

segunda-feira, março 18, 2024

Hoje é dia de recordar um Poeta que deu nome a uma Torre de Coimbra...



   
A Torre de Anto, primitivamente denominada como Torre do Prior do Ameal, e atualmente como Casa do Artesanato ou Núcleo Museológico da Memória da Escrita, localiza-se na antiga freguesia de Almedina, concelho de Coimbra, distrito de Coimbra, em Portugal.
Encontra-se classificada como Monumento Nacional pelo IPPAR desde 1935.
    
História
Trata-se de uma antiga torre, integrante da cerca medieval da cidade, aproximadamente a meio da maior de suas encostas, sobranceira ao rio Mondego. Como outras torres daquela cerca, perdida a sua função defensiva, foi transformada em unidade habitacional na primeira metade do século XVI. Data deste período a a sua designação como Torre do Prior do Ameal, assim como a sua atual aparência, com alterações menores posteriores.
Esta torre celebrizou-se por ter sido a residência do poeta António Pereira Nobre (1867-1900), quando estudante, no final do século XIX. Daí deriva o nome pelo qual é melhor conhecida hoje, conforme o verso, em uma placa epigráfica, na sua fachada:
"O poeta aqui viveu no oiro do seu Sonho
Por isso a Torre esguia o nome veio d'Anto
Legenda d'Alma Só e coração tristonho
Que poetas ungiu na graça do seu pranto"
  
Uma segunda placa epigráfica na mesma fachada esclarece ainda:
"Esta Torre de Anto foi assim chamada por António Nobre, o grande poeta do , que nela morou e a cantou nos seus versos. E habitou-a mais tarde Alberto d'Oliveira, ilustre escritor e diplomata, o grande amigo de António Nobre e da Coimbra amada."
  
O Paço de Sobre-Ribas, vizinho à Torre de Anto, também incorpora parte da antiga cerca da cidade.
    
Características
De pequenas dimensões, apresenta planta quadrangular, com quatro pavimentos interligados entre si por uma escada em caracol. A sua cobertura é em telhado de quatro águas.
     

 


sexta-feira, fevereiro 23, 2024

Saudades do Zeca...

Zeca Afonso deixou-nos há 37 anos...

(imagem daqui)
  
José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos (Aveiro, 2 de agosto de 1929 - Setúbal, 23 de fevereiro de 1987), foi um cantor e compositor português. É também conhecido pelo diminutivo familiar de Zeca Afonso, apesar de nunca ter utilizado este nome artístico.
   
(...)
  
Os seus últimos espetáculos terão lugar nos Coliseus de Lisboa e do Porto, em 1983, numa fase avançada da sua doença. No final desse mesmo ano é-lhe atribuída a Ordem da Liberdade, mas o cantor recusa a distinção.
Em 1985, é editado o seu último álbum de originais, Galinhas do Mato, no qual, devido ao estado avançado da doença, Zeca não consegue interpretar todas as músicas previstas. O álbum acaba por ser completado por José Mário Branco, Sérgio Godinho, Helena Vieira, Fausto e Luís Represas.
Faleceu a 23 de fevereiro de 1987, no Hospital de Setúbal, às três horas da madrugada, vítima de esclerose lateral amiotrófica.
     

 


sexta-feira, fevereiro 16, 2024

Saudades de Carlos Paredes...

José Manuel dos Santos nasceu há oitenta e um anos...


JOSÉ MANUEL DOS SANTOS (1943 – 1989) - Cantor
 
Faz hoje, dia 16 de fevereiro de 2013, 70 anos que nasceu em Coimbra, JOSÉ MANUEL DOS SANTOS. Faleceu na sua cidade natal, a 25 de julho de 1989.
José Manuel Martins dos Santos, nasceu em Coimbra, fez a instrução primária na sua terra, e curso liceal no Liceu D. João III. A seguir, matriculou-se em Engenharia Civil, na Universidade de Coimbra, depois no curso de Psicologia, nunca tendo avançado significativamente em nenhum deles. A canção de Coimbra, a vida académica, e a boémia saudável que quase todo o estudante adora viver, eram superiores à vontade de estudar. Os seus pais, com um pequeno comércio na Rua Ferreira Borges, na Baixa de Coimbra, e com uma venda de bilhetes no teatro Avenida, lá iam assegurando o tipo de vida, que o Zé Manel gostava de viver. Calcorreava a Coimbra nas serenatas de rua, nos espetáculos organizados pelos diferentes Organismos e Instituições, onde a Canção de Coimbra, era presença indispensável, e onde a sua voz se identificava pela diferença qualitativa.
Vivia a mística do Penedo da Saudade, e o simbolismo da sua Sé Velha, emprestando com a sua voz maviosa, e um estilo muito próprio de cantar. A sua dimensão estética invulgar, ao cantar de Coimbra, sem romantismos retrógrados, respeitando a tradição, mas inserido num movimento de modernidade e de mudança, marcavam uma diferença significativa para os demais. Tomando por base o escrito por José Niza, JOSÉ MANUEL DOS SANTOS, acompanha pelo país e pelo estrangeiro, o Coro Misto da Universidade de Coimbra, a Tuna Académica, e o Orfeon, do qual fez parte como 1º tenor, nos anos de 1966 a 1968.
Cantou com Rui Nazaré, José Niza, Eduardo Melo, Ernesto Melo, Durval Moreirinhas, Rui Borralho, Manuel Borralho, Jorge Godinho, Hermínio Menino, António Bernardino, José Miguel Baptista, Jorge Rino, António Portugal, Rui Pato, Jorge Cravo, José Ferraz, António Andias, Manuel Dourado, Octávio Sérgio e muitos outros, igualmente importantes na divulgação da Canção de Coimbra. Refere ainda José Niza, no mesmo livro, que o Dr. Rui Pato, no Jornal de Coimbra, de setembro de 1989, escreve que José Manuel dos Santos, terá sido o único que teve a honra de interpretar a obra poética de José Nuno Guimarães. Pelo Dr. Rui Pato sabemos do agradecimento comovido da sua viúva, quando da leitura do artigo em causa, pouco tempo após a partida do amigo Zé Manel, aos 46 anos de idade. O seu filho, médico em Coimbra, terá talvez outra visão e relação, com a música e o canto de Coimbra, não tendo sofrido o encantamento que a voz de seu pai ajudou a construir, e que no fundo não foi uma contribuição ativa, para uma de carreira profissional consolidada.
Gravou dois fonogramas. Vamo-nos socorrer do trabalho do Prof. Doutor Armando Luís de Carvalho Homem, sob o título “NUNO GUIMARÃES (1942 – 1973), e a Guitarra de Coimbra nos anos 60: - impressões perante uma re–audição de cinco 45 RPM”. O autor aborda aquilo que considera que foi o caminho seguido por ele, e pelos seus companheiros, nas suas vivências académicas, inseridas nas preocupações estéticas dos mesmos, no domínio da Canção de Coimbra. Atende-se preferencialmente no contexto social e político envolvente, à época, na Academia do Porto, e num tempo de mudança, de lutas sociais e políticas dos anos 60. ALCH aborda a discografia de Nuno Guimarães, com base na sua experiência da sua vida de jovem compositor e violista, a nosso ver, estruturada em dois pilares fundamentais:
- A dimensão cimeira, do que foram o saber, a experiência na composição e interpretação da música e da canção de Coimbra, da lavra do seu saudoso Pai, o Dr. Armando de Carvalho Homem (1923 – 1991), e a sua passagem enriquecedora pela Academia de Coimbra.
A propósito dos fonogramas gravados por JOSÉ MANUEL DOS SANTOS, ALCH, escreveu:
- “… os discos em causa são os seguintes:
- Serenata de Coimbra: José Manuel dos Santos, EP AM 4.039, ed. OFIR/ Discoteca Santo António, s.d. (tal com os restantes); instrumentistas: Nuno Guimarães/ Manuel Borralho (gg), Rui Pato/ Jorge Ferraz (vv); contém os seguintes temas (todos da autoria de NG): “Fado da Vida”, “Elegia à Mãe”, “Anjo Negro” e “Rosa e a Noite”.
- Coimbra Antiga: Fados por José Manuel dos Santos, EP AM 4.069; instrumentistas: Nuno Guimarães/ Manuel Borralho (gg), Rui Pato/Jorge Rino (vv); contém os temas “Adeus Minho Encantador”, “Fado das Penumbras”, “Canção da Beira” e “Fado Manassés”.

JOSÉ MANUEL DOS SANTOS partiu muito novo. Tinha 46 anos e a cidade que o viu nascer, também o viu partir, naquele dia 25 de julho de 1989.

 

in Guitarra de Coimbra V (Cithara Conimbrigensis)

 


Carlos Paredes nasceu há 99 anos...

    
Foi um dos grandes guitarristas e é um símbolo ímpar da cultura portuguesa. É um dos principais responsáveis pela divulgação e popularidade da guitarra portuguesa e grande compositor. Carlos Paredes é um guitarrista que para além das influências dos seus antepassados - pai, avô, e tio, tendo sido o pai, Artur Paredes, o grande mestre da guitarra de Coimbra - mantém um estilo coimbrão, a sua guitarra é de Coimbra, e própria afinação era do Fado de Coimbra. A sua vida em Lisboa marcou-o e inspirou-lhe muitos dos seus temas e composições. Ficou conhecido como O mestre da guitarra portuguesa ou O homem dos mil dedos.
   
Biografia
Filho do famoso compositor e guitarrista, mestre Artur Paredes, neto e bisneto de guitarristas, Gonçalo Paredes e António Paredes, começou a estudar guitarra portuguesa aos quatro anos com o seu pai, embora a mãe preferisse que o filho se dedicasse ao piano; frequenta o Liceu Passos Manuel, começando também a ter aulas de violino na Academia de Amadores de Música. Na sua última entrevista, recorda: "Em pequeno, a minha mãe, coitadita, arranjou-me duas professoras de violino e piano. Eram senhoras muito cultas, a quem devo a cultura musical que tenho".
Em 1934, a família muda-se para Lisboa, o pai era funcionário do BNU e vem transferido para a capital. Abandona a aprendizagem do violino para se dedicar, sob a orientação do pai, completamente à guitarra. Carlos Paredes fala com saudades desses tempos: "Neste anos, creio que inventei muita coisa. Criei uma forma de tocar muito própria, que é diferente da do meu pai e do meu avô".
Carlos Paredes inicia em 1949 uma colaboração regular num programa de Artur Paredes na Emissora Nacional e termina os estudos secundários num colégio particular. Não chega a concluir o curso liceal e inscreve-se nas aulas de canto da Juventude Musical Portuguesa, tornando-se, em 1949, funcionário administrativo do Hospital de São José.
Em 1958, é preso pela PIDE por fazer oposição a Salazar, é acusado de pertencer ao Partido Comunista Português, do qual era de facto militante, sendo libertado no final de 1959 e expulso da função pública, na sequência de julgamento. Durante este tempo andava de um lado para o outro da cela fingindo tocar música, o que levou os companheiros de prisão a pensar que estaria louco - de facto, o que ele estava a fazer, era compor músicas, na sua cabeça. Quando voltou para o local onde trabalhava no Hospital, uma das ex-colegas, Rosa Semião, recorda-se da mágoa do guitarrista devido à denúncia de que foi alvo: «Para ele foi uma traição, ter sido denunciado por um colega de trabalho do hospital. E contudo, mais tarde, ao cruzar-se com um dos homens que o denunciou, não deixou de o cumprimentar, revelando uma enorme capacidade de perdoar!»
Em 1962, é convidado pelo realizador Paulo Rocha, para compor a banda sonora do filme Os Verdes Anos: «Muitos jovens vinham de outras terras para tentarem a sorte em Lisboa. Isso tinha para mim um grande interesse humano e serviu de inspiração a muitas das minhas músicas. Eram jovens completamente marginalizados, empregadas domésticas, de lojas - Eram precisamente essas pessoas com que eu simpatizava profundamente, pela sua simplicidade». Recebeu um reconhecimento especial por “Os Verdes anos”.
Tocou com muitos artistas, incluindo Charlie Haden, Adriano Correia de Oliveira e Carlos do Carmo. Escreveu muitas músicas para filmes e em 1967 gravou o seu primeiro LP "Guitarra Portuguesa".
Quando os presos políticos foram libertados depois do 25 de Abril de 1974, eram vistos como heróis. No entanto, Carlos Paredes sempre recusou esse estatuto, dado pelo povo. Sobre o tempo que foi preso nunca gostou muito de comentar. Dizia «que havia pessoas, que sofreram mais do que eu!». Ele é reintegrado no quadro do Hospital de São José e percorre o país, actuando em sessões culturais, musicais e políticas em simultâneo, mantendo sempre uma vida simples, e por incrível que possa parecer, a sua profissão de arquivista de radiografias. Várias compilações de gravações de Carlos Paredes são editadas, estando desde 2003 a sua obra completa reunida numa caixa de oito CDs.
A sua paixão pela guitarra era tanta que, conta que certa vez, a sua guitarra se perdeu numa viagem de avião e ele confessou a um amigo que «pensou em se suicidar».
Uma doença do sistema nervoso central, (mielopatia), impediu-o de tocar durante os últimos 11 anos da sua vida. Morreu a 23 de julho de 2004 na Fundação Lar Nossa Senhora da Saúde, em Lisboa, sendo decretado Luto Nacional.
   
Cquote1.svg "Quando eu morrer, morre a guitarra também.
O meu pai dizia que, quando morresse, queria que lhe partissem a guitarra e a enterrassem com ele.
Eu desejaria fazer o mesmo. Se eu tiver de morrer.”
Cquote2.svg
- Carlos Paredes

   
in Wikipédia

 


Hoje é dia de se ouvir Fado de Coimbra...

quinta-feira, fevereiro 15, 2024

Hoje é dia de recordar um inesperado cantor de fado de Coimbra...

 



Lá longe - Almeida Santos




Lá longe
Ao cair da tarde
Vejo nuvens de oiro
Que são os teus cabelos
Fico mudo ao vê-los
São o meu tesoiro
Lá longe
Ao cair da tarde

      
Lá longe
Ao cair da tarde
Quando uma saudade
Se esvai, ao sol poente
Como canção dolente
Duma mocidade
Lá longe
Ao cair da tarde

Almeida Santos nasceu há 98 anos...

  

António de Almeida Santos  (Seia, Cabeça, 15 de fevereiro de 1926Oeiras e São Julião da Barra, Oeiras, 18 de janeiro de 2016) foi um advogado e político português.

   

Biografia

Filho de António Santos e de sua mulher Guiomar de Almeida Abreu, passou a infância em Vide, terra natural do pai. Aos 18 anos, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde se licenciou em Direito, em 1950.

Elemento da Tuna Académica, foi intérprete do canto e da guitarra de Coimbra, devendo-se-lhe umas conhecidas Variações em ré menor, bem como a gravação de vários temas tradicionais, como Nossas mágoas são o fruto ou Balada do entardecer, que registou em EP 45 RPM.

Estabeleceu-se como advogado em Lourenço Marques (atual Maputo) em 1953, onde viveu durante mais de 20 anos. Nesta província ultramarina, foi um dos mais importantes defensores dos presos políticos, juntando-se também à defesa da autodeterminação a partir do contacto com o ativista nacionalista Filipe Mussongui Tembe Júnior, mais conhecido por Filipana.

Pertenceu ainda ao Grupo dos Democratas de Moçambique e foi candidato, por duas vezes, às eleições para a Assembleia Nacional, em listas da Oposição Democrática. Viu, em ambos os casos, anulada a sua candidatura por ato da Administração Colonial.

Regressou a Portugal após a Revolução de 25 de Abril de 1974, a convite do então Presidente da República, António de Spínola. Iniciou então uma proeminente carreira política — foi Ministro da Coordenação Interterritorial dos I, II, III e IV Governos Provisórios e Ministro da Comunicação Social do VI Governo Provisório; Ministro da Justiça, no I Governo Constitucional, altura em que aderiu ao Partido Socialista (PS); foi Ministro-Adjunto do Primeiro-Ministro, no II Governo Constitucional; desempenhou um papel determinante na revisão constitucional de 1982, que erradicou o Conselho da Revolução; foi Ministro de Estado e dos Assuntos Parlamentares, no Governo do Bloco Central, de 1983 a 1985; cabeça-de-lista às eleições legislativas de 1985, pelo PS, tendo sido derrotado por Aníbal Cavaco Silva; participou, de novo, na revisão constitucional de 1988; foi membro do Secretariado Nacional do PS, a partir de 1990; presidente da Assembleia da República e membro do Conselho de Estado, de 1985 a 2002. Foi Presidente do Partido Socialista de 1992 a 2011 e Presidente Honorário do partido de 2011 até à data da sua morte.

É autor de mais de uma dezena de livros, incluindo ensaios jurídicos. Em 2006, publicou Quase Memórias, uma autobiografia em dois volumes, grande parte da qual dedicada ao processo de descolonização entre 1974 e 1975. Neste livro, avança uma explicação para a mudança de atitude de Samora Machel (que conheceu de perto) em relação aos portugueses. Com efeito, é quase consensualmente admitido que uma das principais razões do colapso da economia moçambicana após a independência foi a partida precipitada da maioria dos cerca de 200 000 portugueses residentes em Moçambique até ao 25 de Abril de 1974, e que esse êxodo terá sido provocado por uma mudança brusca de atitude por parte de Samora Machel. O governo de transição que iria dirigir Moçambique entre o acordo de cessar-fogo (assinado a 7 de setembro de 1974 em Lusaca pelo governo provisório português e pela Frelimo) e a independência (prevista para 25 de junho do ano seguinte) tinha-se mostrado bastante conciliador. O primeiro-ministro, Joaquim Chissano (que se tornaria presidente da República depois da morte de Machel, doze anos mais tarde), conseguiu convencer a maior parte dos brancos de que somente os que tivessem graves responsabilidades nas páginas mais sombrias da época colonial poderiam recear o governo da Frelimo. Ora, um mês antes da independência, ou seja, em meados de maio de 1975, Samora Machel entrou em Moçambique pela fronteira norte, vindo da Tanzânia, e encetou um périplo com destino à capital, situada no extremo sul, aonde deveria chegar na véspera da independência. Ao longo dessa viagem, inflamava literalmente as massas com os seus discursos, nos quais não cessava de repisar os aspetos mais odiosos e humilhantes do colonialismo (na perspetiva dos colonizados). O mal-estar instalou-se progressivamente entre a comunidade portuguesa, numerosos membros da qual decidiram ir refazer a vida noutras paragens.

Almeida Santos dá a seguinte explicação para esta aparentemente inusitada hostilidade: o presidente da Frelimo teria sido muito afetado por dois episódios de violência, o primeiro dos quais causado por um levantamento na capital, com tomada das instalações do Rádio Clube de Moçambique, na sequência da assinatura do acordo de Lusaca de 7 de setembro de 1974, que previa a concessão exclusiva do poder ao movimento nacionalista: este levantamento foi dirigido pela FICO (Frente Integracionista de Continuidade Ocidental), um movimento maioritariamente branco ao qual se tinham aliado dissidentes da Frelimo e outros membros da comunidade negra que não viam com bons olhos a instauração de um regime de partido único em nome da Frelimo. Como represália, eclodiram então motins sangrentos nos bairros negros da cidade e, durante vários dias, milhares de habitantes, sobretudo portugueses, foram barbaramente massacrados por apoiantes da Frelimo. O segundo episódio de violência ocorreu poucas semanas mais tarde, a 21 de outubro de 1974, na sequência de uma querela entre comandos portugueses e guerrilheiros da Frelimo, provocando também motins sangrentos nos bairros de maioria negra, com o assassinato de dezenas de brancos. Segundo Almeida Santos, Machel ter-se-ia possivelmente convencido de que a presença de uma numerosa comunidade portuguesa em Moçambique constituiria sempre uma fonte de instabilidade e uma ameaça potencial contra o poder da Frelimo. A isso ter-se-iam juntado as pressões da União Soviética, para com quem a Frelimo tinha contraído uma pesada dívida, sobretudo política, e que teria interesse em se desembaraçar dos portugueses a fim de melhor exercer a sua influência a todos os níveis.

Ora, se os episódios de violência tinham ocorrido no início do período de transição (o primeiro eclodira mesmo antes da entrada em funções do governo presidido por Joaquim Chissano), a Frelimo teria, portanto, tomado a decisão de expulsar os portugueses no próprio momento em que o primeiro-ministro Chissano, por ela nomeado, parecia encorajá-los a ficarem.

No livro Que Nova Ordem Mundial?, de 2009, defendeu convictamente a nova ordem mundial e a globalização e propôs soluções que envolvem a globalização da política, não só do comércio.

Em maio de 2007, defendeu a Ota como localização preferencial do novo aeroporto de Lisboa, argumentando que se o mesmo fosse construído na margem sul do Tejo, terroristas poderiam dinamitar as diversas pontes sobre o Tejo, cortando o acesso ao Aeroporto. Foi bastante criticado na altura.

Em maio de 2011, defendeu que José Sócrates deveria demitir-se no caso de perder as eleições.

Foi Presidente da Assembleia Geral da GEO Capital - Investimentos estratégicos S.A., com sede em Macau, cujos acionistas de referência são Jorge Ferro Ribeiro, Stanley Ho e Ambrose So.

A 25 de abril de 2004, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, a 6 de junho de 2008, com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo e a 8 de março de 2017 com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, a título póstumo.

Foi também membro da Maçonaria Portuguesa, com o grau supremo, o Grau 33 do Grande Oriente Lusitano.

  

Morte

Faleceu a 18 de janeiro de 2016, pouco antes da meia-noite, aos 89 anos de idade, na sua casa de Oeiras, após uma indisposição sentida a seguir ao jantar, à qual não resistiu. A sua morte ocorreu pouco depois de ter manifestado apoio à candidatura de Maria de Belém Roseira nas eleições presidenciais de 2016; já se encontrava afetado com uma gripe durante esta campanha.

    

in Wikipédia

 


domingo, fevereiro 04, 2024

Hoje é dia de cantar umas asas brancas...

As Minhas Asas

 

Eu tinha umas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Que, em me eu cansando da terra,
Batia-as, voava ao céu.

- Eram brancas, brancas, brancas,
Como as do anjo que mas deu:
Eu inocente como elas,
Por isso voava ao céu.
Veio a cobiça da terra,
Vinha para me tentar;
Por seus montes de tesouros
Minhas asas não quis dar.
- Veio a ambição, coas grandezas,
Vinham para mas cortar,
Davam-me poder e glória;
Por nenhum preço as quis dar.

Porque as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Em me eu cansando da terra,
Batia-as, voava ao céu.

Mas uma noite sem lua
Que eu contemplava as estrelas,
E já suspenso da terra,
Ia voar para elas,
— Deixei descair os olhos
Do céu alto e das estrelas...
Vi entre a névoa da terra,
Outra luz mais bela que elas.

E as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Para a terra me pesavam,
Já não se erguiam ao céu.

Cegou-me essas luz funesta
De enfeitiçados amores...
Fatal amor, negra hora
Foi aquela hora de dores!

- Tudo perdi nessa hora
Que provei nos seus amores
O doce fel do deleite,
O acre prazer das dores.

E as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Pena a pena me caíram...
Nunca mais voei ao céu.

 

Almeida Garrett

 

Com base no poema do imortal Almeida Garrett, são essas mesmas asas que Coimbra (e a sua música e academia) cantam, a sua e nossa alma mater, na voz, também imortal, de outro ex-aluno da Universidade, Luiz Goes:

 

 


Asas brancas 
Letra e Música: Afonso de Sousa

 

Quando era pequenino a desventura
Trazia-me saudoso e triste o rosto,
Assim como quem sofre algum desgosto,
Assim como quem chora de amargura.

Um anjo de asas brancas muito finas,
Sabendo-me infeliz mas inocente,
Cedeu-me as suas asas pequeninas,
Para me ver voar e ser contente.

E as asas de criança, meu tesoiro,
Ao ver-me assim tão triste, iam ao céu...
Tão brandas, tão macias - penas de oiro -
Tão leves como a aragem... como eu!

Cresci. Cresceram culpas juntamente,
Já grandes são as mágoas mais pequenas!
As asas brancas vão-se... e ficam penas!
Não mais voei ao céu nem fui contente