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segunda-feira, setembro 18, 2023

O pai de El-Rei D. Manuel I morreu há 553 anos


 

D. Fernando, Infante de Portugal (Almeirim, 17 de novembro de 1433Setúbal, 18 de setembro de 1470), Infante de Portugal, 2º Duque de Viseu, 2º Senhor da Covilhã, 1º Duque de Beja, 1º Senhor de Moura e 6º Condestável de Portugal, irmão do rei D. Afonso V de Portugal, foi um exímio militar, aventureiro e navegador português que dirigiu e apoiou várias expedições.

Em 1452, Fernando saiu do país sem autorização do seu irmão, o rei D. Afonso V procurando aventuras. Segundo uns, pretendia combater os mouros nas praças portuguesas do norte de África; outros diziam que o objetivo era juntar-se a seu tio materno, o rei Afonso I de Nápoles, nas campanhas no sul de Itália, uma vez que Fernando tinha a esperança de poder vir a herdar aquele reino dado que o tio não tinha filhos legítimos.
Contudo, o seu irmão D. Afonso V, assim que soube da fuga de Fernando, deu ordens ao Conde de Odemira, que comandava a frota portuguesa que patrulhava o estreito de Gibraltar, para intercetar o infante e escoltá-lo de regresso a Portugal.
Em 1453, D. Afonso V concedeu-lhe o título de 1.º Duque de Beja.
Finalmente foi autorizado a deslocar-se ao norte de África, participando em ações militares: primeiro, em 1458 acompanhou o seu irmão, o rei D. Afonso V, na expedição portuguesa que conquistou a cidade marroquina de Alcácer Ceguer; depois, em 1468, comandou a esquadra que conquistou e destruiu o porto de Anafé (hoje denominado de Anfa e integrado em Casablanca) que era uma base de corsários.
D. Fernando, que em 1436 fora também nomeado herdeiro do seu tio, o Infante D. Henrique, tornando-se seu filho adotivo. E, quando em 1460, morre D. Henrique, sucedeu-lhe não só no título de Duque de Viseu como também como Mestre da Ordem de Avis e passou a ser o responsável pelos Descobrimentos (1460-1470) para o Reino de Portugal.
Nesse último contexto, aproveitando o seu espírito aventureiro, dele próprio ter feito parte de algumas das expedições marítimas de reconhecimento não só da costa atlântica de África como da própria América. Isso último reconhecido ou constado na época, dentro de um pequeno circulo de navegadores, e cujo feito, na altura, chegou a constar de um pleito contra os direitos de Colombo a favor de seus companheiros de viagem.

Foi o segundo filho do rei Duarte I de Portugal e de sua esposa Leonor de Aragão.
Casou-se com a sua prima, Beatriz de Portugal, filha do seu tio João, Infante de Portugal, em 1447.
Deste casamento resultaram nove filhos, dos quais apenas cinco chegaram à idade adulta; contudo, todos eles desempenharam um papel capital na história portuguesa:
  1. João de Viseu (1448-1472), terceiro Duque de Viseu, segundo Duque de Beja.
  2. Diogo de Viseu (1450-1484), quarto Duque de Viseu e terceiro Duque de Beja.
  3. Duarte de Viseu.
  4. Dinis de Viseu.
  5. Simão de Viseu.
  6. Leonor de Viseu (1458-1525), casou-se com João II de Portugal e tornou-se Rainha de Portugal.
  7. Isabel de Viseu (1459-1521), casada com o duque de Bragança Fernando II.
  8. Manuel, duque de Viseu e de Beja e Rei de Portugal após a morte do seu primo direito e cunhado, El-Rei D. João II de Portugal.
  9. Catarina de Viseu.
O Infante D. Fernando encontra-se sepultado no Mosteiro das Religiosas da Conceição, em Beja, que fora fundado por sua mulher.
 
 
Brasão do Infante D. Fernando, 1.º Duque de Beja e 2.º Duque de Viseu

   

domingo, setembro 18, 2022

O pai de El-Rei D. Manuel I morreu há 552 anos


D. Fernando, Infante de Portugal (Almeirim, 17 de novembro de 1433Setúbal, 18 de setembro de 1470), Infante de Portugal, 2º Duque de Viseu, 2º Senhor da Covilhã, 1º Duque de Beja, 1º Senhor de Moura e 6º Condestável de Portugal, irmão do rei D. Afonso V de Portugal, foi um exímio militar, aventureiro e navegador português que dirigiu e apoiou várias expedições.

Em 1452, Fernando saiu do país sem autorização do seu irmão, o rei D. Afonso V procurando aventuras. Segundo uns, pretendia combater os mouros nas praças portuguesas do norte de África; outros diziam que o objetivo era juntar-se a seu tio materno, o rei Afonso I de Nápoles, nas campanhas no sul de Itália, uma vez que Fernando tinha a esperança de poder vir a herdar aquele reino dado que o tio não tinha filhos legítimos.
Contudo, o seu irmão D. Afonso V, assim que soube da fuga de Fernando, deu ordens ao Conde de Odemira, que comandava a frota portuguesa que patrulhava o estreito de Gibraltar, para intercetar o infante e escoltá-lo de regresso a Portugal.
Em 1453, D. Afonso V concedeu-lhe o título de 1.º Duque de Beja.
Finalmente foi autorizado a deslocar-se ao norte de África, participando em ações militares: primeiro, em 1458 acompanhou o seu irmão, o rei D. Afonso V, na expedição portuguesa que conquistou a cidade marroquina de Alcácer Ceguer; depois, em 1468, comandou a esquadra que conquistou e destruiu o porto de Anafé (hoje denominado de Anfa e integrado em Casablanca) que era uma base de corsários.
D. Fernando, que em 1436 fora também nomeado herdeiro do seu tio, o Infante D. Henrique, tornando-se seu filho adotivo. E, quando em 1460, morre D. Henrique, sucedeu-lhe não só no título de Duque de Viseu como também como Mestre da Ordem de Avis e passou a ser o responsável pelos Descobrimentos (1460-1470) para o Reino de Portugal.
Nesse último contexto, aproveitando o seu espírito aventureiro, dele próprio ter feito parte de algumas das expedições marítimas de reconhecimento não só da costa atlântica de África como da própria América. Isso último reconhecido ou constado na época, dentro de um pequeno circulo de navegadores, e cujo feito, na altura, chegou a constar de um pleito contra os direitos de Colombo a favor de seus companheiros de viagem.

Foi o segundo filho do rei Duarte I de Portugal e de sua esposa Leonor de Aragão.
Casou-se com a sua prima, Beatriz de Portugal, filha do seu tio João, Infante de Portugal, em 1447.
Deste casamento resultaram nove filhos, dos quais apenas cinco chegaram à idade adulta; contudo, todos eles desempenharam um papel capital na história portuguesa:
  1. João de Viseu (1448-1472), terceiro Duque de Viseu, segundo Duque de Beja.
  2. Diogo de Viseu (1450-1484), quarto Duque de Viseu e terceiro Duque de Beja.
  3. Duarte de Viseu.
  4. Dinis de Viseu.
  5. Simão de Viseu.
  6. Leonor de Viseu (1458-1525), casou-se com João II de Portugal e tornou-se Rainha de Portugal.
  7. Isabel de Viseu (1459-1521), casada com o duque de Bragança Fernando II.
  8. Manuel, duque de Viseu e de Beja e Rei de Portugal após a morte do seu primo direito e cunhado, El-Rei D. João II de Portugal.
  9. Catarina de Viseu.
O Infante D. Fernando encontra-se sepultado no Mosteiro das Religiosas da Conceição, em Beja, que fora fundado por sua mulher.
 
  
Brasão do Infante D. Fernando, 1.º Duque de Beja e 2.º Duque de Viseu
   

sábado, setembro 18, 2021

O pai do Rei D. Manuel I morreu há 551 anos


D. Fernando, Infante de Portugal (Almeirim, 17 de novembro de 1433Setúbal, 18 de setembro de 1470), Infante de Portugal, 2º Duque de Viseu, 2º Senhor da Covilhã, 1º Duque de Beja, 1º Senhor de Moura e 6º Condestável de Portugal, irmão do rei D. Afonso V de Portugal, foi um exímio militar, aventureiro e navegador português que dirigiu e apoiou várias expedições.

Em 1452, Fernando saiu do país sem autorização do seu irmão, o rei D. Afonso V procurando aventuras. Segundo uns, pretendia combater os mouros nas praças portuguesas do norte de África; outros diziam que o objectivo era juntar-se a seu tio materno, o rei Afonso I de Nápoles, nas campanhas no sul de Itália, uma vez que Fernando tinha a esperança de poder vir a herdar aquele reino dado que o tio não tinha filhos legítimos.
Contudo, o seu irmão D. Afonso V, assim que soube da fuga de Fernando, deu ordens ao Conde de Odemira, que comandava a frota portuguesa que patrulhava o estreito de Gibraltar, para intercetar o infante e escoltá-lo de regresso a Portugal.
Em 1453, D. Afonso V concedeu-lhe o título de 1.º Duque de Beja.
Finalmente foi autorizado a deslocar-se ao norte de África, participando em acções militares: primeiro, em 1458 acompanhou o seu irmão, o rei D. Afonso V, na expedição portuguesa que conquistou a cidade marroquina de Alcácer Ceguer; depois, em 1468, comandou a esquadra que conquistou e destruiu o porto de Anafé (hoje denominado de Anfa e integrado em Casablanca) que era uma base de corsários.
D. Fernando, que em 1436 fora também nomeado herdeiro do seu tio, o Infante D. Henrique, tornando-se seu filho adoptivo. E, quando em 1460, morre D. Henrique, sucedeu-lhe não só no título de Duque de Viseu como também como Mestre da Ordem de Avis e passou a ser o responsável pelos Descobrimentos (1460-1470) para o Reino de Portugal.
Nesse último contexto, aproveitando o seu espírito aventureiro, dele próprio ter feito parte de algumas das expedições marítimas de reconhecimento não só da costa atlântica de África como da própria América. Isso último reconhecido ou constado na época, dentro de um pequeno circulo de navegadores, e cujo feito, na altura, chegou a constar de um pleito contra os direitos de Colombo a favor de seus companheiros de viagem.

Foi o segundo filho do rei Duarte I de Portugal e de sua esposa Leonor de Aragão.
Casou-se com a sua prima, Beatriz de Portugal, filha do seu tio João, Infante de Portugal, em 1447.
Deste casamento resultaram nove filhos, dos quais apenas cinco chegaram à idade adulta; contudo, todos eles desempenharam um papel capital na história portuguesa:
  1. João de Viseu (1448-1472), terceiro Duque de Viseu, segundo Duque de Beja
  2. Diogo de Viseu (1450-1484), quarto Duque de Viseu e terceiro Duque de Beja.
  3. Duarte de Viseu
  4. Dinis de Viseu
  5. Simão de Viseu
  6. Leonor de Viseu (1458-1525), casou-se com João II de Portugal e tornou-se Rainha de Portugal.
  7. Isabel de Viseu (1459-1521), casada com o duque de Bragança Fernando II.
  8. Manuel, duque de Viseu e de Beja - Rei de Portugal após a morte do seu primo e cunhado, El-Rei D. João II de Portugal
  9. Catarina de Viseu
O Infante D. Fernando encontra-se sepultado no Mosteiro das Religiosas da Conceição, em Beja, que fora fundado por sua mulher.
 
  
Brasão do Infante D. Fernando, 1.º Duque de Beja e 2.º Duque de Viseu

domingo, setembro 29, 2019

D. Fernando, o Infante Santo, nasceu há 617 anos

Um dos Painéis de São Vicente de Fora mostrando, provavelmente, o Infante D. Fernando
  
O Beato Fernando de Portugal, dito o Infante Santo (Santarém, 29 de setembro de 1402Fez, 5 de junho de 1443) era o oitavo filho de El-Rei D. João I de Portugal e da sua mulher, a Rainha Dª Filipa de Lencastre, o mais novo dos membros da Ínclita Geração.
Le bien me plaît
Brasão do Infante D. Fernando com a sua divisa
  
(...)
  
Assim, em 1437 participa numa expedição militar ao Norte de África, comandada por um irmão mais velho, o Infante D. Henrique, mas com o voto desfavorável dos outros infantes, Pedro, Duque de Coimbra e João, Infante de Portugal e do próprio Rei D. Duarte que, vítima de estranhos pressentimentos, só muito a contragosto consentiu na partida da expedição. O Rei terá entregue ao Infante D. Henrique uma carta com algumas recomendações úteis, que foram por algum motivo ignoradas. A campanha revelou-se um desastre e, para evitar a chacina total dos portugueses, estabeleceu-se uma rendição pela qual as forças portuguesas se retiram, deixando o infante como penhor da devolução de Ceuta (conquistada pelos portugueses em 1415). No entanto, o Infante pareceu ter pressentido o seu destino, pois ao despedir-se do seu irmão D. Henrique, lhe terá dito "Rogai por mim a El-Rei, que é a última vez que nos veremos!"
A divisão na metrópole entre os apoiantes da entrega imediata de Ceuta, ou a sua manutenção, conseguindo por outras vias (diplomática ou bélica), o resgate do infante, foi coeva da morte de D. Duarte (que morreu vítima da epidemia de peste que contaminou o Reino e ao que parece, de desgosto pelo fracasso da expedição a Tânger e do cativeiro de D. Fernando), o que impediu um desfecho favorável à situação.
Fernando foi entretanto levado para Fez, sendo tratado ora com todas as honras, ora como um prisioneiro de baixa condição (sobretudo depois de uma tentativa de evasão gorada, patrocinada por Portugal). Daí escreve ao seu irmão D. Pedro, então regente do reino, um apelo, pedindo a sua libertação a troco de Ceuta. Mas a divisão verificada na Corte em torno deste problema delicado e diversas ocorrências ocorridas com os governadores da praça-forte levam a que D. Fernando assuma o seu cativeiro com resignação cristã e morra no cativeiro de Fez em 1443 - acabando assim o problema da devolução ou não de Ceuta por se resolver naturalmente. Pelo seu sacrifício em nome dos interesses nacionais, viria a ganhar o epíteto de Infante Santo.
Pesará sempre a lembrança da morte trágica de D. Fernando, e com a maioridade de El-Rei D. Afonso V, seu sobrinho, desejoso de feitos guerreiros contra o Infiel em África, sucedem-se as tentativas de conquista, viradas sempre para Tânger, a fim de o vingar - primeiro em 1458 (acabando por desistir, dada a aparente inexpugnabilidade da cidade, e voltando-se para Alcácer Ceguer), depois nas "correrias" de 1463-1464, enfim a tomada de Arzila em 1471, embora uma vez mais o objectivo fosse Tânger. De resto, após a tomada de Arzila, os mouros de Tânger, sentindo-se desprotegidos (pois eram a única praça muçulmana no meio de terra de cristãos) e abandonados pelo seu chefe (que a troco do reconhecimento, por Afonso V, do título de rei de Fez, concedia ao monarca português o domínio de todo a região a norte de Arzila, na qual Tânger se encontrava), deixaram a cidade, facto que muito custou ao rei português, por se ver assim impossibilitado de fazer pagar cara a morte de D. Fernando, seu tio.
Culto
Por meio desse mesmo tratado concluído com o agora rei de Fez, os restos mortais do Infante, que se achavam naquela cidade, passaram para as mãos dos portugueses, tendo sido solenemente transferidos para o Mosteiro da Batalha, onde hoje repousam ao lado dos pais e irmãos, na Capela do Fundador.
O seu culto religioso foi aprovado em 1470 e os bolandistas o incluem no rol dos beatos portugueses.
Uma teoria recente sobre os Painéis de São Vicente de Fora defende que os mesmos têm como figura central o próprio Infante Santo, e não S. Vicente, estando o mesmo rodeado pelos seus irmãos e família nos painéis centrais. Este conhecido quadro de Nuno Gonçalves seria assim uma homenagem nacional ao infante mártir, morto no exílio por defesa do território nacional.
 

terça-feira, junho 05, 2018

D. Fernando, o Infante Santo, morreu há 575 anos

Painéis de São Vicente mostrando, provavelmente, o Beato Fernando de Portugal, dito o Infante Santo

O Beato Fernando de Portugal, dito o Infante Santo (Santarém, 29 de setembro de 1402Fez, 5 de junho de 1443) era o oitavo filho do rei João I de Portugal e de sua mulher Filipa de Lencastre, o mais novo dos membros da Ínclita Geração.
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Vida
Cedo se mostrou interessado na questão religiosa e, ainda muito jovem, foi ordenado 2º Administrador da Ordem de Avis por seu pai, que o fizera também 1º Senhor de Salvaterra de Magos e de Atouguia da Baleia.
Por ser o irmão mais novo, não teve acesso, como os mais velhos, a tantas riquezas, e intenta pôr-se ao serviço do Papa, do Imperador, ou de outro soberano europeu para ganhar prestígio e prebendas. O próprio Papa Eugénio IV chegou a oferecer-lhe, em 1434 o título de cardeal que recusou. Por incentivo dos irmãos mais velhos acaba por desistir, virando as suas atenções para a luta da cruzada em Marrocos, da qual lhe poderia vir imensa boa fortuna.
Assim, em 1437 participa numa expedição militar ao Norte de África, comandada pelo irmão mais velho o Infante D. Henrique, mas com o voto desfavorável dos outros infantes, Pedro, Duque de Coimbra e João, Infante de Portugal e do próprio Rei D. Duarte que, vítima de estranhos pressentimentos, só muito a contragosto consentiu na partida da expedição. O Rei terá entregue ao Infante D. Henrique uma carta com algumas recomendações úteis, que foram por algum motivo ignoradas. A campanha revelou-se um desastre e, para evitar a chacina total dos portugueses, estabeleceu-se uma rendição pela qual as forças portuguesas se retiram, deixando o infante como penhor da devolução de Ceuta (conquistada pelos portugueses em 1415). No entanto, o Infante pareceu ter pressentido o seu destino, pois ao despedir-se do seu irmão D. Henrique, lhe terá dito "Rogai por mim a El-Rei, que é a última vez que nos veremos!"
A divisão na metrópole entre os apoiantes da entrega imediata de Ceuta, ou a sua manutenção, conseguindo por outras vias (diplomática ou bélica), o resgate do infante, foi coeva da morte de D. Duarte (que morreu vítima da epidemia de peste que contaminou o Reino e ao que parece, de desgosto pelo fracasso da expedição a Tânger e do cativeiro de D. Fernando), o que impediu um desfecho favorável à situação.
Fernando foi entretanto levado para Fez, sendo tratado ora com todas as honras, ora como um prisioneiro de baixa condição (sobretudo depois de uma tentativa de evasão gorada, patrocinada por Portugal). Daí escreve ao seu irmão D. Pedro, então regente do reino, um apelo, pedindo a sua libertação a troco de Ceuta. Mas a divisão verificada na Corte em torno deste problema delicado e diversas ocorrências ocorridas com os governadores da praça-forte levam a que D. Fernando assuma o seu cativeiro com resignação cristã e morra no cativeiro de Fez em 1443 - acabando assim o problema da devolução ou não de Ceuta por se resolver naturalmente. Pelo seu sacrifício em nome dos interesses nacionais, viria a ganhar o epíteto de Infante Santo.
Pesará sempre a lembrança da morte trágica de D. Fernando, e com a maioridade de Afonso V, seu sobrinho, desejoso de feitos guerreiros contra o Infiel em África, sucedem-se as tentativas de conquista, viradas sempre para Tânger, a fim de o vingar - primeiro em 1458 (acabando por desistir, dada a aparente inexpugnabilidade da cidade, e voltando-se para Alcácer Ceguer), depois nas "correrias" de 1463-1464, enfim a tomada de Arzila em 1471, embora uma vez mais o objectivo fosse Tânger. De resto, após a tomada de Arzila, os mouros de Tânger, sentindo-se desprotegidos (pois eram a única praça muçulmana no meio de terra de cristãos) e abandonados pelo seu chefe (que a troco do reconhecimento, por Afonso V, do título de rei de Fez, concedia ao monarca português o domínio de todo a região a Norte de Arzila, na qual Tânger se encontrava), deixaram a cidade, facto que muito custou ao rei português, por se ver assim impossibilitado de fazer pagar cara a morte de D. Fernando, seu tio.
  
Devoção
Por meio desse mesmo tratado concluído com o agora rei de Fez, os restos mortais do Infante, que se achavam naquela cidade, passaram para as mãos dos portugueses, tendo sido solenemente transferidos para o Mosteiro da Batalha, onde hoje repousam ao lado dos pais e irmãos, na Capela do Fundador.
O seu culto religioso foi aprovado em 1470 e os hagiógrafos incluem-no no rol dos beatos portugueses.
Uma teoria recente sobre os Painéis de São Vicente de Fora defende que os mesmos têm como figura central o próprio Infante Santo, e não S. Vicente, estando o mesmo rodeado pelos seus irmãos e família nos painéis centrais. Este conhecido quadro de Nuno Gonçalves seria assim uma homenagem nacional ao Infante mártir, morto no exílio por defesa do território nacional.
 

segunda-feira, setembro 29, 2014

O Infante Santo nasceu há 612 anos

Um dos Painéis de São Vicente de Fora mostrando provavelmente o Infante D. Fernando

O Beato Fernando de Portugal, dito o Infante Santo (Santarém, 29 de setembro de 1402Fez, 5 de junho de 1443) era o oitavo filho de El-Rei D. João I de Portugal e de sua mulher, a Rainha Dª Filipa de Lencastre, o mais novo dos membros da Ínclita Geração.

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Brasão do Infante D. Fernando com a sua divisa

in Wikipédia

domingo, setembro 29, 2013

O Infante Santo nasceu há 611 anos

Um dos Painéis de São Vicente de Fora mostrando Fernando (circa 1450-1470, por Nuno Gonçalves, atualmente no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa)

O Beato Fernando de Portugal, dito o Infante Santo (Santarém, 29 de setembro de 1402Fez, 5 de junho de 1443) era o oitavo filho do rei João I de Portugal e de sua mulher Filipa de Lencastre, o mais novo dos membros da Ínclita Geração.

Brasão e lema de D. Fernando de Portugal
 (daqui)

Biografia
Cedo se mostrou interessado na questão religiosa e, ainda muito jovem, foi ordenado 2º Administrador da Ordem de Avis por seu pai, que o fizera também 1º Senhor de Salvaterra de Magos e de Atouguia da Baleia.
Por ser o irmão mais novo, não teve acesso, como os mais velhos, a tantas riquezas, e intenta pôr-se ao serviço do Papa, do Imperador, ou de outro soberano europeu para ganhar prestígio e prebendas. O próprio Papa Eugénio IV chegou a oferecer-lhe, em 1434 o título de cardeal que recusou. Por incentivo dos irmãos mais velhos acaba por desistir, virando as suas atenções para a luta da cruzada em Marrocos, da qual lhe poderia vir imensa boa fortuna.
Assim, em 1437 participa numa expedição militar ao Norte de África, comandada pelo irmão mais velho, o Infante D. Henrique, mas com o voto desfavorável dos outros infantes, Pedro, Duque de Coimbra e João, Infante de Portugal e do próprio Rei D. Duarte que, vítima de estranhos pressentimentos, só muito a contragosto consentiu na partida da expedição. O Rei terá entregue ao Infante D. Henrique uma carta com algumas recomendações úteis, que foram por algum motivo ignoradas. A campanha revelou-se um desastre e, para evitar a chacina total dos portugueses, estabeleceu-se uma rendição pela qual as forças portuguesas se retiram, deixando o infante como penhor da devolução de Ceuta ( conquistada pelos portugueses em 1415). No entanto, o Infante pareceu ter pressentido o seu destino, pois ao despedir-se do seu irmão D. Henrique, lhe terá dito "Rogai por mim a El-Rei, que é a última vez que nos veremos!"
A divisão na metrópole entre os apoiantes da entrega imediata de Ceuta, ou a sua manutenção, conseguindo por outras vias (diplomática ou bélica), o resgate do infante, foi coeva da morte de D. Duarte (que morreu vítima da epidemia de peste que contaminou o Reino e ao que parece, de desgosto pelo fracasso da expedição a Tânger e do cativeiro de D. Fernando), o que impediu um desfecho favorável à situação.
Fernando foi entretanto levado para Fez, sendo tratado ora com todas as honras, ora como um prisioneiro de baixa condição (sobretudo depois de uma tentativa de evasão gorada, patrocinada por Portugal). Daí escreve ao seu irmão D. Pedro, então regente do reino, um apelo, pedindo a sua libertação a troco de Ceuta. Mas a divisão verificada na Corte em torno deste problema delicado e diversas ocorrências ocorridas com os governadores da praça-forte levam a que D. Fernando assuma o seu cativeiro com resignação cristã e morra no cativeiro de Fez em 1443 - acabando assim o problema da devolução ou não de Ceuta por se resolver naturalmente. Pelo seu sacrifício em nome dos interesses nacionais, viria a ganhar o epíteto de Infante Santo.
Pesará sempre a lembrança da morte trágica de D. Fernando, e com a maioridade de Afonso V, seu sobrinho, desejoso de feitos guerreiros contra o Infiel em África, sucedem-se as tentativas de conquista, viradas sempre para Tânger, a fim de o vingar - primeiro em 1458 (acabando por desistir, dada a aparente inexpugnabilidade da cidade, e voltando-se para Alcácer Ceguer), depois nas "correrrias" de 1463-1464, enfim a tomada de Arzila em 1471, embora uma vez mais o objectivo fosse Tânger. De resto, após a tomada de Arzila, os mouros de Tânger, sentindo-se desprotegidos (pois eram a única praça muçulmana no meio de terra de cristãos) e abandonados pelo seu chefe (que a troco do reconhecimento, por Afonso V, do título de rei de Fez, concedia ao monarca português o domínio de todo a região a Norte de Arzila, na qual Tânger se encontrava), deixaram a cidade, facto que muito custou ao rei português, por se ver assim impossibilitado de fazer pagar cara a morte de D. Fernando, seu tio.

Devoção
Por meio desse mesmo tratado concluído com o agora rei de Fez, os restos mortais do Infante, que se achavam naquela cidade, passaram para as mãos dos portugueses, tendo sido solenemente transferidos para o Mosteiro da Batalha, onde hoje repousam ao lado dos pais e irmãos, na Capela do Fundador.
O seu culto religioso foi aprovado em 1470 e os bolandistas o incluem no rol dos beatos portugueses.
Uma teoria recente sobre os Painéis de São Vicente de Fora defende que os mesmos têm como figura central o próprio Infante Santo, e não S. Vicente, estando o mesmo rodeado pelos seus irmãos e família nos painéis centrais. Este conhecido quadro de Nuno Gonçalves seria assim uma homenagem nacional ao Infante mártir, morto no exílio por defesa do território nacional.

quarta-feira, junho 05, 2013

D. Fernando, o Infante Santo, morreu há 570 anos

Painéis de São Vicente mostrando, provavelmente, o Beato Fernando de Portugal, dito o Infante Santo

O Beato Fernando de Portugal, dito o Infante Santo (Santarém, 29 de setembro de 1402Fez, 5 de junho de 1443) era o oitavo filho do rei João I de Portugal e de sua mulher Filipa de Lencastre, o mais novo dos membros da Ínclita Geração.

Le bien me plaît

Vida
Cedo se mostrou interessado na questão religiosa e, ainda muito jovem, foi ordenado 2º Administrador da Ordem de Avis por seu pai, que o fizera também 1º Senhor de Salvaterra de Magos e de Atouguia da Baleia.
Por ser o irmão mais novo, não teve acesso, como os mais velhos, a tantas riquezas, e intenta pôr-se ao serviço do Papa, do Imperador, ou de outro soberano europeu para ganhar prestígio e prebendas. O próprio Papa Eugénio IV chegou a oferecer-lhe, em 1434 o título de cardeal que recusou. Por incentivo dos irmãos mais velhos acaba por desistir, virando as suas atenções para a luta da cruzada em Marrocos, da qual lhe poderia vir imensa boa fortuna.
Assim, em 1437 participa numa expedição militar ao Norte de África, comandada pelo irmão mais velho o Infante D. Henrique, mas com o voto desfavorável dos outros infantes, Pedro, Duque de Coimbra e João, Infante de Portugal e do próprio Rei D. Duarte que, vítima de estranhos pressentimentos, só muito a contragosto consentiu na partida da expedição. O Rei terá entregue ao Infante D. Henrique uma carta com algumas recomendações úteis, que foram por algum motivo ignoradas. A campanha revelou-se um desastre e, para evitar a chacina total dos portugueses, estabeleceu-se uma rendição pela qual as forças portuguesas se retiram, deixando o infante como penhor da devolução de Ceuta (conquistada pelos portugueses em 1415). No entanto, o Infante pareceu ter pressentido o seu destino, pois ao despedir-se do seu irmão D. Henrique, lhe terá dito "Rogai por mim a El-Rei, que é a última vez que nos veremos!"
A divisão na metrópole entre os apoiantes da entrega imediata de Ceuta, ou a sua manutenção, conseguindo por outras vias (diplomática ou bélica), o resgate do infante, foi coeva da morte de D. Duarte (que morreu vítima da epidemia de peste que contaminou o Reino e ao que parece, de desgosto pelo fracasso da expedição a Tânger e do cativeiro de D. Fernando), o que impediu um desfecho favorável à situação.
Fernando foi entretanto levado para Fez, sendo tratado ora com todas as honras, ora como um prisioneiro de baixa condição (sobretudo depois de uma tentativa de evasão gorada, patrocinada por Portugal). Daí escreve ao seu irmão D. Pedro, então regente do reino, um apelo, pedindo a sua libertação a troco de Ceuta. Mas a divisão verificada na Corte em torno deste problema delicado e diversas ocorrências ocorridas com os governadores da praça-forte levam a que D. Fernando assuma o seu cativeiro com resignação cristã e morra no cativeiro de Fez em 1443 - acabando assim o problema da devolução ou não de Ceuta por se resolver naturalmente. Pelo seu sacrifício em nome dos interesses nacionais, viria a ganhar o epíteto de Infante Santo.
Pesará sempre a lembrança da morte trágica de D. Fernando, e com a maioridade de Afonso V, seu sobrinho, desejoso de feitos guerreiros contra o Infiel em África, sucedem-se as tentativas de conquista, viradas sempre para Tânger, a fim de o vingar - primeiro em 1458 (acabando por desistir, dada a aparente inexpugnabilidade da cidade, e voltando-se para Alcácer Ceguer), depois nas "correrias" de 1463-1464, enfim a tomada de Arzila em 1471, embora uma vez mais o objectivo fosse Tânger. De resto, após a tomada de Arzila, os mouros de Tânger, sentindo-se desprotegidos (pois eram a única praça muçulmana no meio de terra de cristãos) e abandonados pelo seu chefe (que a troco do reconhecimento, por Afonso V, do título de rei de Fez, concedia ao monarca português o domínio de todo a região a Norte de Arzila, na qual Tânger se encontrava), deixaram a cidade, facto que muito custou ao rei português, por se ver assim impossibilitado de fazer pagar cara a morte de D. Fernando, seu tio.

Devoção
Por meio desse mesmo tratado concluído com o agora rei de Fez, os restos mortais do Infante, que se achavam naquela cidade, passaram para as mãos dos portugueses, tendo sido solenemente transferidos para o Mosteiro da Batalha, onde hoje repousam ao lado dos pais e irmãos, na Capela do Fundador.
O seu culto religioso foi aprovado em 1470 e os hagiógrafos incluem-no no rol dos beatos portugueses.
Uma teoria recente sobre os Painéis de São Vicente de Fora defende que os mesmos têm como figura central o próprio Infante Santo, e não S. Vicente, estando o mesmo rodeado pelos seus irmãos e família nos painéis centrais. Este conhecido quadro de Nuno Gonçalves seria assim uma homenagem nacional ao Infante mártir, morto no exílio por defesa do território nacional.

sábado, novembro 17, 2012

O Infante D. Fernando, sogro do Rei D. João II e pai do Rei D. Manuel I, nasceu há 579 anos

D. Fernando, Infante de Portugal (Almeirim, 17 de novembro de 1433 - Setúbal, 18 de setembro de 1470), Infante de Portugal, 2.º Duque de Viseu, 2.º Senhor da Covilhã, 1.º Duque de Beja, 1.º Senhor de Moura e 6.º Condestável de Portugal, irmão do rei D. Afonso V de Portugal, foi um exímio militar, aventureiro e navegador português que dirigiu e apoiou várias expedições.

Brasão do Infante D. Fernando, 1.º Duque de Beja e 2.º Duque de Viseu

Em 1452, Fernando saiu do país sem autorização do seu irmão, o rei D. Afonso V procurando aventuras. Segundo uns, pretendia combater os mouros nas praças portuguesas do norte de África; outros diziam que o objectivo era juntar-se a seu tio materno, o rei Afonso I de Nápoles, nas campanhas no sul de Itália, uma vez que Fernando tinha a esperança de poder vir a herdar aquele reino dado que o tio não tinha filhos legítimos.
Contudo, o seu irmão D. Afonso V, assim que soube da fuga de Fernando, deu ordens ao Conde de Odemira, que comandava a frota portuguesa que patrulhava o estreito de Gibraltar, para interceptar o infante e escoltá-lo de regresso a Portugal.
Em 1453, D. Afonso V concedeu-lhe o título de 1.º Duque de Beja e 1.º Senhor de Moura.
Finalmente foi autorizado a deslocar-se ao norte de África, participando em acções militares: primeiro, em 1458 acompanhou o seu irmão, o rei D. Afonso V, na expedição portuguesa que conquistou a cidade marroquina de Alcácer Ceguer; depois, em 1468, comandou a esquadra que conquistou e destruiu o porto de Anafé (hoje denominado de Anfa e integrado em Casablanca) que era uma base de corsários.
D. Fernando, que em 1436 fora também nomeado herdeiro do seu tio, o Infante D. Henrique, tornando-se seu filho adoptivo. E, quando em 1460, morre D. Henrique, sucedeu-lhe não só no título de Duque de Viseu como também como Mestre da Ordem de Cristo e passou a ser o responsável pelos Descobrimentos (1460-1470) para o Reino de Portugal.
Nesse último contexto, aproveitando o seu espírito aventureiro, dele próprio ter feito parte de algumas das expedições marítimas de reconhecimento não só da costa atlântica de África como da própria América. Isso último reconhecido ou constado na época, dentro de um pequeno circulo de navegadores, e cujo feito, na altura, chegou a constar de um pleito contra os direitos de Colombo a favor de seus companheiros de viagem.

terça-feira, junho 05, 2012

O Infante Santo morreu há 575 anos

Bandeira pessoal do infante D. Fernando com a sua divisa: «Le bien me plaît»

O Beato Fernando de Portugal, dito o Infante Santo (29 de setembro de 14025 de junho de 1437). Fernando era o oitavo filho do rei João I de Portugal e de sua mulher Filipa de Lencastre, o mais novo dos membros da Ínclita Geração.
Fernando cedo se mostrou interessado na questão religiosa e, ainda muito jovem, foi ordenado 2º Administrador da Ordem de Avis pelo seu pai, que o fizera também 1º Senhor de Salvaterra de Magos e de Atouguia da Baleia. Por ser o irmão mais novo, não tem acesso, como os mais velhos, a tantas riquezas, e intenta pôr-se ao serviço do Papa, do Imperador, ou de outro soberano europeu para ganhar prestígio e prebendas. Por motivação dos irmãos mais velhos acaba por desistir, virando as suas atenções para a luta em Marrocos, da qual lhe poderia vir imensa fortuna.
Assim, em 1437 participa numa expedição militar ao Norte de África, comandada pelo irmão mais velho o Infante D. Henrique, mas com o voto desfavorável dos outros infantes, Pedro, Duque de Coimbra e João, Infante de Portugal e do próprio Rei D. Duarte que, vítima de estranhos pressentimentos, só muito a contragosto consentiu na partida expedição. O Rei terá entregue ao Infante D. Henrique uma carta com algumas recomendações úteis, que foram por algum motivo ignoradas. A campanha revelou-se um desastre e, para evitar a chacina total dos portugueses, estabelece-se uma rendição pela qual as forças portuguesas se retiram, deixando o infante como penhor da devolução de Ceuta (conquistada pelos portugueses em 1415). No entanto, o Infante pareceu ter pressentido o seu destino, pois ao despedir-se do seu irmão D. Henrique, lhe terá dito "Rogai por mim a El-Rei, que é a última vez que nos veremos!"
A divisão na metrópole entre os apoiantes da entrega imediata de Ceuta, ou a sua manutenção, conseguindo por outras vias (diplomática ou bélica), o resgate do infante, foi coeva da morte de D. Duarte (que morreu vítima da epidemia de peste que contaminou o Reino e ao que parece, de desgosto pelo fracasso da expedição a Tânger e do cativeiro de D. Fernando), o que impediu um desfecho favorável à situação.
Fernando foi entretanto levado para Fez, sendo tratado ora com todas as honras, ora como um prisioneiro de baixa condição (sobretudo depois de uma tentativa de evasão gorada, patrocinada por Portugal). Daí escreve ao seu irmão D. Pedro, então regente do reino, um apelo, pedindo a sua libertação a troco de Ceuta. Mas a divisão verificada na Corte em torno deste problema delicado e diversas ocorrências ocorridas com os governadores da praça-forte levam a que D. Fernando assuma o seu cativeiro com resignação cristã e morra no cativeiro de Fez em 1437 - acabando assim o problema da devolução ou não de Ceuta por se resolver naturalmente. Pelo seu sacrifício em nome dos interesses nacionais, viria a ganhar o epíteto de Infante Santo.
Pesará sempre a lembrança da morte trágica de D. Fernando, e com a maioridade de Afonso V, seu sobrinho, desejoso de feitos guerreiros contra o Infiel em África, sucedem-se as tentativas de conquista, viradas sempre para Tânger, a fim de o vingar - primeiro em 1458 (acabando por desistir, dada a aparente inexpugnabilidade da cidade, e voltando-se para Alcácer Ceguer), depois nas "correrias" de 1463-1464, enfim a tomada de Arzila em 1471, embora uma vez mais o objectivo fosse Tânger. De resto, após a tomada de Arzila, os mouros de Tânger, sentindo-se desprotegidos (pois eram a única praça muçulmana no meio de terra de cristãos) e abandonados pelo seu chefe (que a troco do reconhecimento, por Afonso V, do título de rei de Fez, concedia ao monarca português o domínio de todo a região a Norte de Arzila, na qual Tânger se encontrava), deixaram a cidade, facto que muito custou ao rei português, por se ver assim impossibilitado de fazer pagar cara a morte de D. Fernando, seu tio.
Por meio desse mesmo tratado concluído com o agora rei de Fez, os restos mortais do Infante, que se achavam naquela cidade, passaram para as mãos dos portugueses, tendo sido solenemente transferidos para o Mosteiro da Batalha, onde hoje repousam ao lado dos pais e irmãos, na Capela do Fundador.
O seu culto religioso foi aprovado em 1470.

(imagem daqui)

D. Fernando Infante de Portugal

Deu-me Deus o seu gládio, porque eu faça
A sua santa guerra.
Sagrou-me seu em honra e em desgraça,
Às horas em que um frio vento passa
Por sobre a fria terra.


Pôs-me as mãos sobre os ombros e doirou-me
A fronte com o olhar;
E esta febre de Além, que me consome,
E este querer-grandeza são Seu nome
Dentro em mim a vibrar.


E eu vou, e a luz do gládio erguido dá
Em minha face calma.
Cheio de Deus, não temo o que virá,
Pois venha o que vier, nunca será
Maior do que a minha alma.

in
Mensagem (1934) - Fernando Pessoa