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domingo, novembro 05, 2023

O vergonhos rompimento da barragem em Mariana foi há oito anos...


O rompimento da barragem em Mariana ocorreu na tarde de 5 de novembro de 2015 no subdistrito de Bento Rodrigues, a 35 km do centro do município brasileiro de Mariana, Minas Gerais. Rompeu-se uma barragem de rejeitos de mineração denominada "Fundão", controlada pela Samarco Mineração S.A., um empreendimento conjunto das maiores empresas de mineração do mundo, a brasileira Vale S.A. e a anglo-australiana BHP Billiton.

Inicialmente a mineradora Samarco informara que duas barragens haviam se rompido - a de Fundão e a de Santarém. Porém, no dia 16 de novembro, a Samarco retificou a informação, afirmando que apenas a barragem de Fundão havia se rompido. O rompimento de Fundão provocou o vazamento dos rejeitos que passaram por cima de Santarém, que, entretanto, não se rompeu. As barragens foram construídas para acomodar os rejeitos provenientes da extração do minério de ferro retirado de extensas minas na região.

O rompimento da barragem de Fundão é considerado o desastre industrial que causou o maior impacto ambiental da história brasileira e o maior do mundo envolvendo barragens de rejeitos, com um volume total despejado de 62 milhões de metros cúbicos. A lama chegou ao rio Doce, cuja bacia hidrográfica abrange 230 municípios dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, muitos dos quais abastecem sua população com a água do rio.

Ambientalistas consideraram que o efeito dos rejeitos no mar continuará por pelo menos mais cem anos, mas não houve uma avaliação detalhada de todos os danos causados pelo desastre. Segundo a prefeitura do município de Mariana, a reparação dos danos causados à infraestrutura local deverá custar cerca de cem milhões de reais.
  
Imagens de satélite antes e após o rompimento
   
Panorama do desastre

Controladas pela Samarco Mineração S.A. (um empreendimento conjunto entre a Vale S.A. e a BHP Billiton), as barragens de Fundão e Santarém fazem parte da Mina Germano, situada no distrito de Santa Rita Durão, município de Mariana, localizado na Microrregião de Ouro Preto da Mesorregião Metropolitana de Belo Horizonte. Foram construídas para acomodar os rejeitos provenientes da extração do minério de ferro retirado de extensas minas na região.

A barragem de Fundão passava por um processo de alteamento, quando ocorre a elevação do aterro de contenção, pois o reservatório já chegava a seu ponto limite, não suportando mais o despejo dos dejetos da mineração.

Aproximadamente às 15.30 da tarde do dia 5 de novembro de 2015, a contenção apresentou um vazamento. Neste momento, uma equipe de funcionários terceirizados foi enviada ao local e tentava amenizar o vazamento esvaziando parte do reservatório. Por volta das 16.20 ocorreu o rompimento, que lançou um grande volume de lama sobre o vale do córrego Santarém.

Os subdistritos de Bento Rodrigues, que se localiza a cerca de 2,5 quilómetros vale abaixo, e Paracatu de Baixo, foram quase completamente inundados e destruídos pela enxurrada de lama que se seguiu após o desastre na barragem. Outros vilarejos e distritos situados no vale do rio Gualaxo também foram atingidos pela enxurrada.

Por conta de sua localização e dos acessos precários, contando apenas com estradas vicinais não pavimentadas para fazer contacto com os demais distritos e a sede do município, Bento Rodrigues ficou completamente inacessível por via terrestre, sendo possível o acesso apenas por helicóptero, o que dificultou em muito o acesso dos bombeiros para os trabalhos de resgate. Havia uma escola na área onde ocorreu a inundação e os professores conseguiram retirar os alunos antes da escola ser atingida.

Um agravante da situação foi que o empreendimento e as comunidades vizinhas à barragem não possuíam um plano de contingência, nem rotas de fuga que permitissem aos moradores se deslocarem a tempo para regiões seguras.
 
 
Esquema do rompimento de barragem
 
 
Danos ambientais

Por volta de 18h30 do dia 5 de novembro, os rejeitos de minério de ferro chegaram ao Rio Doce. A bacia do rio tem uma área de drenagem de cerca de 86.715 quilómetros quadrados, sendo 86% em Minas Gerais e o restante no Espírito Santo. No total, o rio abrange 230 municípios que utilizam o seu leito como subsistência.

Ambientalistas acreditavam ser incerta a possibilidade de se recuperar o rio. Segundo o biólogo e ecólogo André Ruschi, que atua na Estação Biologia Marinha Augusto Ruschi (EBMAR), no distrito de Santa Cruz, município de Aracruz, no Espírito Santo, os rejeitos só começarão a ser eliminados do mar em cem anos, no mínimo.

Os rejeitos atingiram também a Usina Hidrelétrica Risoleta Neves, que fica em Santa Cruz do Escalvado, a cerca de cem quilómetros de Mariana. Segundo a concessionária que administra a barragem, o seu funcionamento não foi prejudicado.

No dia 9 de novembro, a prefeitura de Governador Valadares interrompeu a captação de água por conta da lama que invadiu o rio Doce. No dia seguinte, foi decretado Estado de Calamidade Pública, em função da falta de abastecimento de água na cidade. No dia 13 de novembro, o Exército Brasileiro montou um ponto de distribuição gratuita de água fornecida pela Samarco, na praça dos Esportes, no centro da cidade.

No dia 16 de novembro, a onda de lama e rejeitos de minério chegou ao município de Baixo Guandu, no noroeste do Espírito Santo. A prefeitura suspendeu o abastecimento pelo Rio Doce.

O IBAMA informou que, das 80 espécies de peixes que ocorrem no rio Doce, 11 estão ameaçadas de extinção e 12 são endémicas, só existem nesta bacia hidrográfica e podem ter sido extintas. Estima-se que ocorriam mais de cem espécies de peixes na bacia do rio Doce, das quais seis estão oficialmente ameaçadas de extinção. A mortandade verificada logo após o desastre e o grande número de espécies crípticas da bacia reforçam as preocupações sobre a extinção de peixes endémicos ainda desconhecidos e de espécies importantes para a sobrevivência das comunidades locais que exploram a atividade pesqueira. Os efeitos sobre as espécies que utilizam o estuário em alguma fase de seus ciclos de vida são desconhecidos, assim como os danos em longo prazo aos peixes marinhos.

No dia 22 de novembro, a lama chegou ao mar, no Norte do Espírito Santo. A prefeitura de Linhares interditou as praias de Regência e Povoação e emitiu um alerta para que as pessoas não entrem na água. Foram espalhadas placas ao longo das praias informando que a água está imprópria para o banho.

Em dois dias a mancha de lama se alastrou por mais de quinze quilómetros ao norte da foz do Rio Doce e mais sete quilómetros rumo ao sul. Uma das regiões afetadas foi a Reserva Biológica de Comboios, unidade de conservação costeira que protege o único ponto regular de desova de tartaruga-de-couro na costa brasileira.

Após atingir o oceano, a lama provavelmente afetará milhares de espécies da fauna e flora marinhas. O pouco estudado cnidário Kishinouyea corbini é uma espécie emblemática desta situação, pois é extremamente rara e tem uma distribuição geográfica restrita e que se sobrepõe com a área afetada pelo desastre.
 
Toxicidade dos rejeitos

Análises realizadas em Governador Valadares encontraram na massa de lama quantidades superiores aos valores aceitáveis de metais pesados como arsênio, chumbo e mercúrio. Esses metais, possivelmente utilizados em garimpos ilegais ao longo do rio Gualaxo do Norte, foram carregados pela torrente de lama.

Embora a mineradora Samarco tenha afirmado repetidamente que a lama não é tóxica, especialistas divergem. Segundo eles, os sedimentos que estavam depositados na barragem provavelmente contêm compostos químicos, usados pela mineradora para a remoção seletiva de sílica durante a flotação de minérios - ou seja, para remover as impurezas do minério. Compostos conhecidos como aminas de éter são geralmente utilizados para separar sílica do minério de ferro. Pelo menos alguns desses compostos, segundo o fabricante, Air Products and Chemicals,Inc., não são prontamente biodegradáveis e têm elevada toxicidade para os organismos aquáticos. São também capazes de elevar os níveis de pH da água e do solo, causando desequilíbrios nos ecossistemas.

Além disso, a lama reduz os níveis de oxigênio na água, e, à medida que os sedimentos endurecem, podem alterar o curso das correntes e diminuir a fertilidade do solo. Segundo Klemens Laschesfki, professor de geociências da Universidade Federal de Minas Gerais, com o endurecimento da lama, a agricultura será dificultada, e a grande quantidade de lodo que irá se assentar no fundo do Rio Doce e afluentes poderá alterar o curso da bacia hidrográfica.

De acordo com os relatórios divulgados pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) em 15 de dezembro de 2015, a grande mortandade de peixes teria sido causada não pela toxicidade dos rejeitos, mas pela concentração extremamente elevada de sedimentos (turbidez) na água, durante a passagem da lama, o que reduziu a concentração de oxigênio dissolvido na água e obstruiu as guelras dos peixes, fazendo com que morressem por asfixia. De acordo com as análises realizadas, a água do rio Doce não está contaminada por metais tóxicos. "As amostras de água coletadas ao longo do rio Doce não evidenciaram a presença de metais dissolvidos em quantidades que possam ser consideradas como contaminadas", conforme comunicado distribuído pelas duas entidades. Foram analisadas amostras de água e sedimentos de 25 pontos, desde o epicentro do desastre, em Mariana, até a foz do rio Doce, em Linhares (Espírito Santo). Os resultados dessas análises asseguram que, depois de adequadamente tratada, a água pode ser consumida sem riscos. Quanto à presença de metais pesados dissolvidos na água (arsénio, cádmio, mercúrio, chumbo, cobre, zinco e outros), os quantitativos são similares aos constatados em 2010 pela CPRM. Curiosamente, as concentrações mais altas de arsénio, manganês e ferro foram registadas no rio do Carmo, em áreas não afetadas pelos rejeitos da barragem.

Um grupo de cientistas independentes também coletou amostras de lama ao longo dos rios Doce, Gualaxo do Norte e Carmo. O grupo constatou a presença de metais pesados em diversos trechos desses cursos de água, inclusive em pontos a montante do trecho atingido pela lama da barragem, indicando que tais elementos já estavam presentes no rio antes mesmo do rompimento das barragens. Segundo a toxicologista Vivian Santos, integrante do grupo, foi possível observar uma quantidade muito grande de material de mineração (provavelmente metal inerte) nos sedimentos. De todo modo, ela acredita que "o monitoramento da concentração de metais dissolvidos nesta bacia hidrográfica deve ser muito mais rigoroso de agora em diante".

sexta-feira, julho 21, 2023

Uma asneira ecológica chamado Barragem de Assuão faz hoje 53 anos

Vista geral da Assuão Alta

A Represa Alta de Assuão ou Assuão Alta é uma barragem egípcia localizada no rio Nilo, próxima da cidade de Assuão.
  
Construção
A mais antiga tentativa registada de construir uma represa próxima de Assuão remonta ao século XI, quando o polímata e engenheiro Alhazen foi convocado ao Egito pelo califa fatímida Aláqueme Biamir Alá, para controlar a inundação do Nilo. Para concluir esta tarefa, seria necessário construir uma represa em Assuão. O seu trabalho de campo o convenceu de que o projeto era impraticável.
Os britânicos começaram a planear a construção da primeira represa em 1899 e terminaram em 1902. Ela possuía 54 metros de altura e 1.900 metros de extensão, logo este tamanho se mostrou inadequado por isso a barragem foi ampliada em duas novas etapas, a primeira entre 1907 e 1912 e depois entre 1929 e 1933. Em 1946, a represa quase se rompeu, e percebeu-se que seria necessário construir uma segunda represa. Ela seria construída a aproximadamente 6 quilómetros acima da atual. Os planos para a construção começaram a ser realizados em 1952, logo após a revolução de Nasser, e os Estados Unidos e o Reino Unido ajudariam a financiar a construção com um empréstimo de USD $ 270 milhões de dólares. Em julho de 1956, no entanto, o acordo foi cancelado. Para concluir a construção da represa, Nasser nacionalizou o canal de Suez, pretendendo utilizar a renda proveniente para o intento. Isto fez com que Reino Unido, França e Israel atacassem o Egito, ocupando o Canal de Suez, começando a Guerra de Suez. As Nações Unidas, os Estados Unidos e a URSS forçaram os invasores a devolver o Canal a Nasser. Em 1958, a URSS ajudou a construção da represa, com um terço dos recursos financeiros necessários, máquinas e técnicos especializados.
   
(...)
  
A construção começou em 1960, com o primeiro estágio concluído em 1964, tendo sido concluída em 21 de julho de 1970.  

Monumento celebrando a conclusão das obras
      

sábado, novembro 05, 2022

O rompimento da barragem em Mariana foi há sete anos


O rompimento da barragem em Mariana ocorreu na tarde de 5 de novembro de 2015 no subdistrito de Bento Rodrigues, a 35 km do centro do município brasileiro de Mariana, Minas Gerais. Rompeu-se uma barragem de rejeitos de mineração denominada "Fundão", controlada pela Samarco Mineração S.A., um empreendimento conjunto das maiores empresas de mineração do mundo, a brasileira Vale S.A. e a anglo-australiana BHP Billiton.

Inicialmente a mineradora Samarco informara que duas barragens haviam se rompido - a de Fundão e a de Santarém. Porém, no dia 16 de novembro, a Samarco retificou a informação, afirmando que apenas a barragem de Fundão havia se rompido. O rompimento de Fundão provocou o vazamento dos rejeitos que passaram por cima de Santarém, que, entretanto, não se rompeu. As barragens foram construídas para acomodar os rejeitos provenientes da extração do minério de ferro retirado de extensas minas na região.

O rompimento da barragem de Fundão é considerado o desastre industrial que causou o maior impacto ambiental da história brasileira e o maior do mundo envolvendo barragens de rejeitos, com um volume total despejado de 62 milhões de metros cúbicos. A lama chegou ao rio Doce, cuja bacia hidrográfica abrange 230 municípios dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, muitos dos quais abastecem sua população com a água do rio. Morreram 18 pessoas e 1 foi considerada desaparecida neste desastre.

Ambientalistas consideraram que o efeito dos rejeitos no mar continuará por pelo menos mais cem anos, mas não houve uma avaliação detalhada de todos os danos causados pelo desastre. Segundo a prefeitura do município de Mariana, a reparação dos danos causados à infraestrutura local deverá custar cerca de cem milhões de reais. 
As vítimas humanas são 18 mortos e 1 desaparecido.
  
Imagens de satélite antes e após o rompimento

  

quinta-feira, julho 21, 2022

Um erro grave chamado Barragem de Assuão faz hoje 52 anos

Vista geral da Assuão Alta

A Represa Alta de Assuão ou Assuão Alta é uma barragem egípcia localizada no rio Nilo, próxima da cidade de Assuão.
  
Construção
A mais antiga tentativa registada de construir uma represa próxima de Assuão remonta ao século XI, quando o polímata e engenheiro Alhazen foi convocado ao Egito pelo califa fatímida Aláqueme Biamir Alá, para controlar a inundação do Nilo. Para concluir esta tarefa, seria necessário construir uma represa em Assuão. O seu trabalho de campo o convenceu de que o projeto era impraticável.
Os britânicos começaram a planear a construção da primeira represa em 1899 e terminaram em 1902. Ela possuía 54 metros de altura e 1.900 metros de extensão, logo este tamanho se mostrou inadequado por isso a barragem foi ampliada em duas novas etapas, a primeira entre 1907 e 1912 e depois entre 1929 e 1933. Em 1946, a represa quase se rompeu, e percebeu-se que seria necessário construir uma segunda represa. Ela seria construída a aproximadamente 6 quilómetros acima da atual. Os planos para a construção começaram a ser realizados em 1952, logo após a revolução de Nasser, e os Estados Unidos e o Reino Unido ajudariam a financiar a construção com um empréstimo de USD $ 270 milhões de dólares. Em julho de 1956, no entanto, o acordo foi cancelado. Para concluir a construção da represa, Nasser nacionalizou o canal de Suez, pretendendo utilizar a renda proveniente para o intento. Isto fez com que Reino Unido, França e Israel atacassem o Egito, ocupando o Canal de Suez, começando a Guerra de Suez. As Nações Unidas, os Estados Unidos e a URSS forçaram os invasores a devolver o Canal a Nasser. Em 1958, a URSS ajudou a construção da represa, com um terço dos recursos financeiros necessários, máquinas e técnicos especializados.
   
(...)
  
A construção começou em 1960, com o primeiro estágio concluído em 1964, tendo sido concluída em 21 de julho de 1970.  

Monumento celebrando a conclusão das obras
      

sexta-feira, novembro 05, 2021

O rompimento da barragem em Mariana, no Brasil, foi há seis anos


O rompimento da barragem em Mariana ocorreu na tarde de 5 de novembro de 2015 no subdistrito de Bento Rodrigues, a 35 km do centro do município brasileiro de Mariana, Minas Gerais. Rompeu-se uma barragem de rejeitos de mineração denominada "Fundão", controlada pela Samarco Mineração S.A., um empreendimento conjunto das maiores empresas de mineração do mundo, a brasileira Vale S.A. e a anglo-australiana BHP Billiton.

Inicialmente a mineradora Samarco informara que duas barragens haviam se rompido - a de Fundão e a de Santarém. Porém, no dia 16 de novembro, a Samarco retificou a informação, afirmando que apenas a barragem de Fundão havia se rompido. O rompimento de Fundão provocou o vazamento dos rejeitos que passaram por cima de Santarém, que, entretanto, não se rompeu. As barragens foram construídas para acomodar os rejeitos provenientes da extração do minério de ferro retirado de extensas minas na região.

O rompimento da barragem de Fundão é considerado o desastre industrial que causou o maior impacto ambiental da história brasileira e o maior do mundo envolvendo barragens de rejeitos, com um volume total despejado de 62 milhões de metros cúbicos. A lama chegou ao rio Doce, cuja bacia hidrográfica abrange 230 municípios dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, muitos dos quais abastecem sua população com a água do rio. Morreram 18 pessoas e 1 foi considerada desaparecida neste desastre.

Ambientalistas consideraram que o efeito dos rejeitos no mar continuará por pelo menos mais cem anos, mas não houve uma avaliação detalhada de todos os danos causados pelo desastre. Segundo a prefeitura do município de Mariana, a reparação dos danos causados à infraestrutura local deverá custar cerca de cem milhões de reais.
  
Imagens de satélite antes e após o rompimento

  

quarta-feira, julho 21, 2021

Uma asneira chamada Barragem de Assuão faz hoje 51 anos

Vista geral da Assuão Alta

A Represa Alta de Assuão ou Assuão Alta é uma barragem egípcia localizada no rio Nilo, próxima da cidade de Assuão.
  
Construção
A mais antiga tentativa registada de construir uma represa próxima de Assuã remonta ao século XI, quando o polímata e engenheiro Alhazen foi convocado ao Egito pelo califa fatímida Aláqueme Biamir Alá, para controlar a inundação do Nilo. Para concluir esta tarefa, seria necessário construir uma represa em Assuão. O seu trabalho de campo o convenceu de que o projeto era impraticável.
Os britânicos começaram a planear a construção da primeira represa em 1899 e terminaram em 1902. Ela possuía 54 metros de altura e 1.900 m de extensão, logo este tamanho se mostrou inadequado por isso a barragem foi ampliada em duas novas etapas, a primeira entre 1907 e 1912 e depois entre 1929 e 1933. Em 1946, a represa quase se rompeu, e percebeu-se que seria necessário construir uma segunda represa. Ela seria construída a aproximadamente 6 quilómetros acima da atual. Os planos para a construção começaram a ser realizados em 1952, logo após a revolução de Nasser, e os Estados Unidos e o Reino Unido ajudariam a financiar a construção com um empréstimo de USD $ 270 milhões de dólares. Em julho de 1956, no entanto, o acordo foi cancelado. Para concluir a construção da represa, Nasser nacionalizou o canal de Suez, pretendendo utilizar a renda proveniente para o intento. Isto fez com que Reino Unido, França e Israel atacassem o Egito, ocupando o Canal de Suez, começando a Guerra de Suez. As Nações Unidas, os Estados Unidos e a URSS forçaram os invasores a devolver o Canal a Nasser. Em 1958, a URSS ajudou a construção da represa, com um terço dos recursos financeiros necessários, máquinas e técnicos especializados.
   
(...)
  
A construção começou em 1960, com o primeiro estágio concluído em 1964, tendo sido concluída em 21 de julho de 1970.  

Monumento celebrando a conclusão das obras
   

quinta-feira, novembro 05, 2020

O rompimento da barragem em Mariana, no Brasil, foi há cinco anos


O rompimento da barragem em Mariana ocorreu na tarde de 5 de novembro de 2015 no subdistrito de Bento Rodrigues, a 35 km do centro do município brasileiro de Mariana, Minas Gerais. Rompeu-se uma barragem de rejeitos de mineração denominada "Fundão", controlada pela Samarco Mineração S.A., um empreendimento conjunto das maiores empresas de mineração do mundo, a brasileira Vale S.A. e a anglo-australiana BHP Billiton.

Inicialmente a mineradora Samarco informara que duas barragens haviam se rompido - a de Fundão e a de Santarém. Porém, no dia 16 de novembro, a Samarco retificou a informação, afirmando que apenas a barragem de Fundão havia se rompido. O rompimento de Fundão provocou o vazamento dos rejeitos que passaram por cima de Santarém, que, entretanto, não se rompeu. As barragens foram construídas para acomodar os rejeitos provenientes da extração do minério de ferro retirado de extensas minas na região.

O rompimento da barragem de Fundão é considerado o desastre industrial que causou o maior impacto ambiental da história brasileira e o maior do mundo envolvendo barragens de rejeitos, com um volume total despejado de 62 milhões de metros cúbicos. A lama chegou ao rio Doce, cuja bacia hidrográfica abrange 230 municípios dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, muitos dos quais abastecem sua população com a água do rio.

Ambientalistas consideraram que o efeito dos rejeitos no mar continuará por pelo menos mais cem anos, mas não houve uma avaliação detalhada de todos os danos causados pelo desastre. Segundo a prefeitura do município de Mariana, a reparação dos danos causados à infraestrutura local deverá custar cerca de cem milhões de reais.
  
Imagens de satélite antes e após o rompimento

  

terça-feira, julho 21, 2020

A Barragem de Assuão faz hoje cinquenta anos

Vista geral da Assuão Alta

A Represa Alta de Assuão ou Assuão Alta é uma barragem egípcia localizada no rio Nilo, próxima da cidade de Assuão.
  
Construção
A mais antiga tentativa registada de construir uma represa próxima de Assuã remonta ao século XI, quando o polímata e engenheiro Alhazen foi convocado ao Egito pelo califa fatímida Aláqueme Biamir Alá, para controlar a inundação do Nilo. Para concluir esta tarefa, seria necessário construir uma represa em Assuão. O seu trabalho de campo o convenceu de que o projeto era impraticável.
Os britânicos começaram a planear a construção da primeira represa em 1899 e terminaram em 1902. Ela possuía 54 metros de altura e 1.900 m de extensão, logo este tamanho se mostrou inadequado por isso a barragem foi ampliada em duas novas etapas, a primeira entre 1907 e 1912 e depois entre 1929 e 1933. Em 1946, a represa quase se rompeu, e percebeu-se que seria necessário construir uma segunda represa. Ela seria construída a aproximadamente 6 quilómetros acima da atual. Os planos para a construção começaram a ser realizados em 1952, logo após a revolução de Nasser, e os Estados Unidos e o Reino Unido ajudariam a financiar a construção com um empréstimo de USD $ 270 milhões de dólares. Em julho de 1956, no entanto, o acordo foi cancelado. Para concluir a construção da represa, Nasser nacionalizou o canal de Suez, pretendendo utilizar a renda proveniente para o intento. Isto fez com que Reino Unido, França e Israel atacassem o Egito, ocupando o Canal de Suez, começando a Guerra de Suez. As Nações Unidas, os Estados Unidos e a URSS forçaram os invasores a devolver o Canal a Nasser. Em 1958, a URSS ajudou a construção da represa com um terço dos recursos financeiros necessários, máquinas e técnicos especializados.
   
(...)
  
A construção começou em 1960, com o primeiro estágio concluído em 1964, tendo sido concluída em 21 de julho de 1970.  

Monumento celebrando a conclusão das obras
   

domingo, novembro 05, 2017

Há dois anos o colapso de uma barragem no Brasil originou o seu maior desastre industrial e ambiental

Vista da região do desastre
Danos Destruição de Bento Rodrigues; aumento da turbidez das águas do rio Doce, com impactos no abastecimento de água em cidades de Minas Gerais e Espírito Santo, danos culturais a monumentos históricos do período colonial, bem como à fauna e à flora na área da bacia hidrográfica, incluindo possível extinção de espécies endémicas, e prejuízos à atividade pesqueira e turismo nas localidades atingidas
Vítimas 18 mortos
1 desaparecido
Áreas afetadas Subdistrito de Bento Rodrigues, diversos municípios às margens do Rio Doce e Oceano Atlântico

O rompimento da barragem de Fundão, localizada no subdistrito de Bento Rodrigues, a 35 km do centro do município brasileiro de Mariana, Minas Gerais, ocorreu na tarde de 5 de novembro de 2015. Rompeu-se uma barragem de rejeitos de mineração controlada pela Samarco Mineração S.A., um empreendimento conjunto das maiores empresas de mineração do mundo, a brasileira Vale S.A. e a anglo-australiana BHP Billiton.
Inicialmente a mineradora Samarco informara que duas barragens haviam se rompido - a de Fundão e a de Santarém. Porém, no dia 16 de novembro, a Samarco retificou a informação, afirmando que apenas a barragem de Fundão se havia rompido. O rompimento de Fundão provocou o vazamento dos rejeitos que passaram por cima de Santarém, que, entretanto, não se rompeu. As barragens foram construídas para acomodar os rejeitos provenientes da extração do minério de ferro retirado de extensas minas na região.
O rompimento da barragem de Fundão é considerado o desastre industrial que causou o maior impacte ambiental da história brasileira e o maior do mundo envolvendo barragens de rejeitos, com um volume total despejado de 62 milhões de metros cúbicos. A lama chegou ao rio Doce, cuja bacia hidrográfica abrange 230 municípios dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, muitos dos quais abastecem a sua população com a água do rio.
Ambientalistas consideraram que o efeito dos rejeitos no mar continuará por pelo menos mais cem anos, mas não houve uma avaliação detalhada de todos os danos causados pelo desastre. Segundo a prefeitura do município de Mariana, a reparação dos danos causados à infraestrutura local deverá custar cerca de cem milhões de reais.

 
in Wikipédia

segunda-feira, novembro 16, 2015

Notícia sobre um desastre ambiental (e não só...) no Brasil

O Brasil não tem as cores da bandeira francesa por causa da lama de Minas Gerais
Kathleen Gomes (no Rio de Janeiro)
16.11.2015

A povoação de Bento Rodrigues depois da ruptura da barragem

Dilma e a imprensa demoraram a chegar a um dos maiores desastres ambientais da História do Brasil. Começou há 11 dias, pode durar décadas.

Quando o Cristo Redentor e o Palácio do Planalto se acendem à noite com as cores da bandeira francesa e Paris domina os noticiários, muitos brasileiros perguntam: e Mariana? A ruptura de duas barragens no estado de Minas Gerais há 11 dias provocou um dos maiores desastres ambientais da História do Brasil, mas quem olhasse ontem para as bancas de jornais ou assistisse ao telejornal da Globonews no domingo à noite não iria encontrar nada sobre o assunto. Uma frase tornou-se popular no Facebook brasileiro: “Minha foto do perfil não tem cores da bandeira de França devido a lama de Minas Gerais”.
Tratada inicialmente como uma tragédia de impacto meramente local, que soterrou uma comunidade rural de 600 habitantes, Bento Rodrigues, a enxurrada de lama, resíduos de minério e químicos – com um volume equivalente a 25 mil piscinas olímpicas – segue o seu percurso lento, mas imparável, no Rio Doce. A quinta maior bacia hidrográfica do Brasil já foi declarada oficialmente morta por ambientalistas e biólogos.
Poucos prestaram real atenção ao que estava a acontecer, antes da mancha de lama alastrar a centenas de quilómetros e antes dos vídeos de peixes a morrer numa sopa de lama e detritos circularem nas redes sociais. Boa parte da imprensa demorou em reagir e enviar repórteres para a região. A empresa mineira que administrava as duas barragens de Mariana, utilizadas para depositar os resíduos produzidos no tratamento e limpeza do minério de ferro, não ofereceu muitas explicações sobre as rupturas, apesar dos indícios de negligência, como a inexistência de um sistema de alerta das populações próximas das barragens, divulgadas na imprensa. Os políticos locais e regionais relativizaram inicialmente o sucedido, escudando-se de apontar responsabilidades à empresa mineira Samarco, que chegou a ser classificada como uma “vítima” do acidente por um representante do governo de Minas Gerais.
A Presidente Dilma Rousseff limitou-se a fazer algumas declarações de solidariedade e apoio no Twitter um dia depois da ruptura das barragens e foi cumprindo a sua agenda habitual em Brasília. Depois das críticas se avolumarem, Dilma visitou a região afectada na quinta-feira, uma semana depois da ruptura das barragens, mas apenas sobrevoou de helicóptero. Não se encontrou com as vítimas mais directamente atingidas pelo desastre.
“Foi muito ruim ela não ter descido”, diz ao PÚBLICO Alexandra Sandra Maranho, moradora de Mariana e coordenadora do Movimento dos Atingidos Por Barragens (MAB) em Minas Gerais, uma organização histórica de génese popular destinada a representar e defender os direitos das populações adjacentes a barragens. “Ela deveria ter visitado as famílias” desalojadas pela inundação de lama, “deveria ter mostrado esse lado humano”, diz por telefone.
O MAB opera como porta-voz e negociador popular junto do poder político e das empresas mineiras. “Esses processos são muito delicados, porque deixam uma comunidade pobre diante de uma empresa muito grande, muito poderosa. A empresa procura sempre negociar com as famílias separadamente. O que a gente cobra do governo federal e estadual é que cuidem para que esses processos sejam feitos colectivamente, com a participação das famílias, e que não apliquem uma receita pronta”, explica Alexandra Maranho. “A empresa tem muita pressa em fazer as coisas. Quer logo resolver tudo para dizer que fez."
Alexandra Sandra Maranho encontrou-se com Dilma em Belo Horizonte na quinta-feira de manhã para apresentar as preocupações e necessidades das 183 famílias – num total de 631 pessoas – que estão realojadas em hotéis e pousadas de Mariana. Elas querem que a Samarco garanta o seu realojamento provisório, uma renda mensal e apresente um plano para reconstruir e manter a comunidade agregada. A Samarco tem feito propostas individuais de realojamento, “mas não tem uma metodologia de agrupamento”, no sentido de manter a comunidade unida. “Não tem como reconstruir a comunidade de Bento Rodrigues naquele lugar”, diz.
Na manhã da sua visita a Minas Gerais, Dilma Rousseff disse ter presenciado “talvez o maior desastre ambiental que afectou grandes regiões no país" e anunciou a aplicação de uma multa à Samarco no valor de 250 milhões de reais (60,8 milhões de euros).
Apesar de a Samarco anunciar desde o primeiro dia que a lama não é tóxica, análises laboratoriais das águas do Rio Doce detectaram a presença de metais pesados como chumbo, alumínio, ferro, bário, cobre e mercúrio. “O Rio Doce acabou. Parece que atiraram a tabela periódica inteira” para dentro do rio, disse Luciano Magalhães, director do Serviço Autónomo de Água e Esgoto (SAAE) de Baixo Guandu, município no estado de Espírito Santo que declarou o estado de calamidade pública e que, como tantas outras localidades dependentes do Rio Doce, teve de suspender a distribuição de água potável à população.
O impacto ambiental do desastre ainda é incalculável, alertam biólogos, e pode demorar décadas até a biodiversidade e a fertilidade dos solos atingidos ser reposta. Alguns cientistas têm notado que, independentemente de ser tóxica ou não, a lama altera a profundidade e a largura do rio e reduz os níveis de oxigénio na água, afectando a reprodução e alimentação dos peixes. O último balanço oficial do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, fornecido ao PÚBLICO, é de sete mortos confirmados e 15 pessoas desaparecidas – nove são trabalhadores ligados à Samarco, seis são moradores de Bento Rodrigues, incluindo uma menina de quatro anos. Foram encontrados quatro corpos, mais aguardam identificação.
As causas da ruptura das barragens ainda estão por apurar. Segundo a revista Época, há já três anos que as barragens não eram inspeccionadas pela entidade pública responsável pela fiscalização das empresas e equipamentos mineiros, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). O DNPM não exige que as empresas emitam relatórios anuais sobre a segurança das suas barragens. E no estado de Minas Gerais existem apenas oito inspectores para 735 barragens.
“A fiscalização fica a cargo da empresa, que por sua vez contrata consultores externos. Isso tem uma vantagem e uma desvantagem. Vantagem: contrata-se um especialista que percebe do assunto. Desvantagem: a informação sobre a barragem perde-se ao longo do tempo, de cada vez que vai um especialista externo diferente”, diz ao PÚBLICO Anderson Pires Duarte, professor de engenharia de segurança no trabalho em Belo Horizonte. “Uma barragem não rompe de um dia para o outro. Ela apresenta sinais. Se você monitorizar constantemente, você vai conhecer essa barragem e perceber se há mudanças – de inclinação, fendas, infiltração, crescimento de vegetação, etc.”
Entre 2006 e 2008, Anderson analisou 123 barragens de Minas Gerais para uma investigação de mestrado e calculou que 30% tinham um potencial elevado de ruptura. Contudo, nenhuma delas estava classificada como tal pelo órgão ambiental de Minas Gerais. Apesar de não poder confirmar se as barragens de Mariana que se romperam estavam incluídas nesses 30% por ter assinado um acordo de confidencialidade em que se comprometeu a não identificar as barragens analisadas, o engenheiro diz que “pelo porte, volume e altura, e pelo facto de terem população a jusante, automaticamente se classificam nesse grupo de alto risco”.

segunda-feira, agosto 11, 2014

As barragens e a arqueologia - mais uma guerra...

Barragem de Ribeiradio vai alagar vestígios “excepcionais” do Paleolítico
A importância científica dos achados é atestada por arqueólogos

Ex-presidente do Instituto Português de Arqueologia e outro arqueólogo recomendam a escavação integral dos achados antes da entrada em funcionamento da barragem. Mas a EDP diz que é "humanamente impossível" evitar o alagamento quando começar a chover.

A barragem de Ribeiradio-Ermida, em Sever do Vouga, vai alagar vestígios “excepcionais” da ocupação humana no Paleolítico. A EDP, dona da obra, diz que vai preservar o que for possível antes do enchimento da albufeira, previsto para o final deste ano, mas dois arqueólogos especialistas em pré-história - envolvidos na investigação que levou à suspensão da barragem de Foz Côa, na década de 1990 - defendem um estudo mais aprofundado do local antes da submersão.

Em causa estão duas jazidas identificadas nas margens dos rios Vouga e Teixeira, que ficarão submersas com a barragem cuja construção, em curso desde o final de 2009, está orçada em 170 milhões de euros.

Uma das jazidas fica no sítio do Rôdo e apresenta vestígios de estruturas de combustão, alguns “fundos de cabana” e estruturas associadas a artefactos de pedra característicos do Paleolítico Superior (entre 40 mil a 10 mil anos a.C). Na jazida do Vau foram também identificadas estruturas em pedra com sinais de combustão associadas a artefactos do Mesolítico (10 mil a 5000 anos aC).
Segundo a Direcção-Geral de Património Cultural (DGPC), que está a acompanhar o processo, “a originalidade dos sítios reside no facto de, até ao momento, ser desconhecido este tipo de ocupação na área territorial em causa”.

A importância científica dos achados é atestada pelos arqueólogos João Zilhão, ex-presidente do Instituto Português de Arqueologia  e investigador das universidades de Lisboa e de Bristol, e Thierry Jean Aubry, do Parque Arqueológico do Vale do Côa. Ambos visitaram as escavações em Junho e elaboraram um parecer, no qual sublinham que se trata de “um caso excepcional no Paleolítico Superior ibérico, e único em todo o Noroeste de Portugal”.

A subida do nível da água no leito do Vouga para a cota de enchimento da barragem de Ribeiradio, até aos 110 metros, vai implicar a “‘destruição’ [dos vestígios] por perda de acessibilidade para a investigação científica”, alertam os autores do parecer, sugerindo um “programa mínimo de salvamento pelo registo” antes da submersão.

Recomendam, nomeadamente, a escavação integral das duas jazidas (cada uma com 3.000 a 5.000 metros quadrados), o estudo geológico e a datação radiocarbónica das diferentes estruturas, e ainda a prospecção de outras ocorrências do mesmo género naquela zona. Os especialistas reconhecem que estas operações poderão “implicar o adiamento da entrada em funcionamento da barragem por algumas semanas ou meses”, mas sublinham que “é imperativo, contudo, que os estudos de campo referentes a estas descobertas excepcionais sejam aprofundados”.

Zilhão e Aubry vão mais longe, admitindo a possibilidade de preservar os vestígios no local: “As condições geomorfológicas e os processos sedimentares são muito favoráveis à preservação da organização espacial dos vestígios das ocupações humanas antigas”.

Em resposta ao PÚBLICO, por escrito, a EDP garante que está a “colaborar na obtenção do máximo de informação e recolha de vestígios, no limite dos prazos possíveis”. Contudo, a empresa lembra que “os achados encontram-se a montante da barragem, pelo que é humanamente impossível evitar o seu alagamento quando os caudais do rio [Vouga] atingirem os níveis que se conheceram nos últimos invernos”. As obras não vão ser suspensas.

A eléctrica acrescenta que vai tomar medidas para “preservar todos os achados, antes que a albufeira encha na época normal das chuvas”: além do reforço das equipas de arqueólogos no terreno com especialistas em Pré-história, a realização de estudos complementares (segundo a DGPC, este estudos são os mesmos que Zilhão e Aubry recomendam no parecer), e ainda o financiamento de duas bolsas de investigação e da publicação dos resultados.

A DGPC garante que as medidas tomadas pelo promotor estão “em conformidade” com a Declaração de Impacto Ambiental (DIA). No entanto, ressalva que os vestígios que permaneçam no local terão de ser “devidamente protegidos in situ de modo a permitir a menor afectação aquando da submersão”. Acrescenta que está previsto um “plano de recuperação final” daquelas zonas, a aplicar na fase de desactivação da barragem, que deve incluir uma investigação liderada por especialistas em Pré-história antiga, para "dar continuidade ao estudo dos contextos que ficaram imersos”.

Os achados terão apanhado a EDP de surpresa. No Estudo de Impacte Ambiental (EIA) do projecto lê-se que, durante as prospecções, “não foram detectados quaisquer vestígios desta natureza [arqueológica]” na área directamente afectada pela futura albufeira. Mas a DIA ressalva que, caso sejam encontrados vestígios arqueológicos, “as obras devem ser suspensas nesse local” e as áreas em causa “têm que ser integralmente escavadas”. A DIA estipula ainda que as estruturas arqueológicas “devem, tanto quanto possível e em função do seu valor patrimonial, ser conservados in situ, de tal forma que não se degrade o seu estado de conservação”.

Pelo menos numa primeira fase, as intervenções arqueológicas estiveram a cargo das empresas Era Arqueologia (no Vau) e Arqueologia e Património (no Rôdo). No entanto, o PÚBLICO sabe que apenas a segunda se mantém no terreno. Questionada sobre qual a empresa a que foi entregue a investigação no Rôdo e se o reforço das equipas vai permitir a escavação integral das duas jazidas antes do enchimento da albufeira (como recomendado pelos autores do parecer), a EDP não respondeu.

O aproveitamento hidroeléctrico de Ribeiradio-Ermida inclui duas barragens e duas centrais de produção de energia. O projecto é uma aspiração antiga das populações de Sever do Vouga e de Oliveira de Frades. Quando foi lançada a primeira pedra, em Novembro de 2009, o presidente da EDP, António Mexia, garantiu que tudo estaria a funcionar em Abril de 2013, mas tal não deve acontecer antes do final deste ano.

Autarcas criticam “lacunas” no cumprimento do EIA

O presidente da Câmara de Sever do Vouga, António Coutinho, pouco sabe ainda sobre os achados. “Se houver elementos que possam ser recolhidos, queremos que sejam cedidos ao museu que estamos a construir no concelho”, afirma. Para já, as preocupações dos autarcas da zona são outras. Num relatório de Junho, a comissão criada pela Assembleia Municipal para acompanhar o projecto enumera “algumas lacunas” no cumprimento das medidas de minimização previstas no EIA: atrasos na reposição de caminhos e de praias fluviais danificados durante as obras, e a incorrecta trasladação dos monumentos às “Alminhas da Foz do Rio Lordelo”.

O presidente da Junta de Freguesia de Couto de Esteves, Sérgio Soares, critica também os “preços vergonhosos” pagos pelo promotor aos proprietários dos terrenos expropriados. Um deles, um casal com cerca de 60 anos, foi indemnizado em 80 mil euros para abandonar até 15 de Agosto a casa onde morava no Rôdo (que vai ficar submersa) e dois terrenos de pinhal. “Nos dias de hoje, este valor não chega para fazer uma habitação”, nota Sérgio Soares. Até há poucas semanas, o casal não tinha alternativa habitacional devido aos atrasos na construção de uma nova moradia.

Confrontada com o problema numa reunião da comissão de acompanhamento em maio, a EDP descartou responsabilidades. O casal vai morar temporariamente com uma vizinha.

in Público - link para notícia

domingo, dezembro 25, 2011

Nós agola ser emplesa amalela...

(imagem daqui)

ICNB perguntou à EDP porque pintou barragem da Bemposta de amarelo choque mas não obteve resposta

O presidente do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade afirmou nesta sexta-feira que tentou apurar junto da EDP os motivos que levaram a eléctrica a pintar a barragem de Bemposta de “amarelo choque” que mas não obteve resposta.


“Quando o ICNB teve conhecimento da intervenção nos paredões da barragem enviou uma missiva à EDP, no sentindo de conhecer melhor o sentido da intervenção e os seus objectivos e poder analisar em conjunto o assunto com a empresa”, disse Tito Rosa.

O responsável pelo ICNB admitiu que ao abrigo do plano de ordenamento do Parque Natural do Douro Internacional (PNDI) o instituto não tem de dar pareceres à intervenção numa barragem do ponto de vista estético.

Recentemente a associação ambientalista Quercus alertou para o facto de a EDP estar a pintar partes do paredão da barragem de Bemposta de “amarelo choque” sem que para o efeito haja autorização do ICNB.

“Como gestores do PNDI, enviámos a carta à EDP informando que gostaríamos, em conjunto, de coordenar e encontrar as melhores soluções para a intervenção. No entanto, formalmente não temos de dar nenhum parecer e apenas perguntámos no início de Dezembro o que se iria fazer na barragem”, frisou o Tito Rosa.

Porém, a Quecus garante que há no processo um “claro abuso” no ato de pintar parte dos paredões da barragem de amarelo choque, tanto mais que, diz, se trata de uma paisagem internacional protegida.

“A Barragem da Bemposta, em Mogadouro, está neste momento a ser pintada de amarelo choque, numa intervenção artística de 150 mil euros, com elevadíssimo impacto em termos paisagísticos e que acentua ainda mais o descontínuo no Parque Natural do Douro Internacional, já afectado pela existência da referida Barragem”, acrescentam outras associações ambientalistas como a LPN e o GEOTA.

Para o presidente da freguesia de Bemposta, António Martins, toda a intervenção nos paredões da barragem “é uma autêntica aberração”.

“As pessoas estão habituadas a ver a barragem pintada com a sua cor natural há mais de 40 anos e não aceitam atitude de bom grado”, frisou o autarca de freguesia, frisou o autarca.

A junta de Freguesia de Bemposta em conjunto com a população de região pondera, agora, tomar medidas reivindicativas para “anular” a pintura que foi efectuada, apenas do lado português.

A central hidroeléctrica de Bemposta está na fase final de obras de reforço, cujo investimento total ronda os 130 milhões de euros para aumentar em 80% a sua potência. 

sexta-feira, dezembro 23, 2011

Humor vermelho - parte II

(imagem daqui)
Conferência de Imprensa, Vasco Cardoso, Comissão Política do CC do PCP , Lisboa
Privatização da EDP: um golpe na soberania nacional
Quinta 22 de Dezembro de 2011

1. O anúncio da entrega dos 21,35% que o Estado detinha no capital social da EDP à empresa chinesa Three Gorges constitui um acto de gestão danosa, por parte do Governo, contrário aos interesses nacionais, que dá um passo significativo no criminoso processo de privatização da EDP iniciado na década de 90 pelo Governo PSD de Cavaco Silva, e que terá de ser revertido tão cedo quanto possível.

2. Trata-se de uma privatização que, há semelhança de outras, se insere na transferência de empresas estratégicas para a economia e para a soberania nacional, para mãos estrangeiras. Uma lógica que – inserindo-se no Pacto de Agressão que PS, PSD e CDS assumiram com o FMI e a UE - acentua o carácter dependente e subalterno do país. Com esta privatização, a EDP, que já hoje é, em larga medida, detida e gerida a partir do estrangeiro, deixará de ser na prática, uma empresa nacional.

3. A EDP – Energias de Portugal, SA, é uma empresa estratégica de valor incalculável. Embora não sendo já a única empresa a actuar no sector eléctrico, tem um papel central na produção – mais de 10 mil MW de potência instalada – e na distribuição e venda – quase 6,5 milhões de clientes – de energia eléctrica em Portugal, actuando enquanto Comercializador de Último Recurso (CUR), ou seja, enquanto entidade que unifica a venda de electricidade aos consumidores finais, mesmo quando produzida por outros produtores.

Para além disto, a EDP detém no estrangeiro significativos activos no domínio da produção de electricidade, designadamente em Espanha, EUA, Brasil, França, Roménia, Polónia, Bélgica, Itália e China (Macau). Ao longo dos últimos dez anos o grupo EDP gerou lucros líquidos no valor de 9,3 mil milhões de euros, ou seja, cerca de 140 % daquilo que o Estado encaixou até ao momento em todas as sete fases de privatização da empresa. Acresce que, dos 4551 milhões de euros de dividendos distribuídos aos accionistas nesse período, mais de mil milhões entraram entretanto nos cofres do Estado.

4. O povo português e os trabalhadores da empresa conhecem bem as consequências da privatização. Se com o sector nacionalizado, após o 25 de Abril, se alcançou, designadamente, a completa electrificação do país e o desenvolvimento de um plano de importantes aproveitamentos hidroeléctricos, após a privatização e a segmentação da EDP, que levou à criação da REN e outras empresas e da liberalização do sector energético, assistiu-se a um desinvestimento e desaproveitamento de recursos nacionais em contraste com investimentos de carácter duvidoso no estrangeiro, a despedimentos e o ataque aos direitos a milhares de trabalhadores, a uma persistente subida das tarifas energéticas que sufocam a vida das famílias e estrangulam a economia nacional. Com a perda do controlo nacional, o país perderá soberania, o Estado perderá receitas (impostos e dividendos), os trabalhadores perderão emprego e direitos, os riscos de segurança e fiabilidade do abastecimento aumentarão, a fuga de capitais acentuar-se-à, a competitividade da economia será reduzida, o povo português e as PME's pagarão uma energia mais cara.

Não há por isso razões de interesse nacional que justifiquem esta privatização.

5. O PCP reafirma que o programa de privatizações que está em curso constitui um verdadeiro saque ao país. A somar à destruição do nosso aparelho produtivo, à dimensão colossal dos juros cobrados em função da dívida pública, à permanente fuga de capitais, está a entrega de empresas e sectores estratégicos como a energia, mas também os transportes, a água, o serviço postal, os seguros, ou importantes infraestruturas nacionais. Aquilo que chamam de “ajuda externa” é na verdade um roubo organizado que conta com a colaboração activa – tal como no passado - de PS, PSD e CDS, que tem de ser derrotado.

6. O PCP assume, no quadro de uma política patriótica e de esquerda que propõe para o país, a necessidade de recuperar o controlo público dos sectores básicos e estratégicos da economia, incluindo na energia, colocando-os ao serviço dos trabalhadores, do povo e do país, e não dos interesses dos grupos económicos e financeiros. Nesse sentido, ao mesmo tempo que não deixará de requerer a apreciação parlamentar desta privatização, apela à intensificação da luta pela pela rejeição do Pacto de Agressão, por um Portugal com futuro.


NOTA: caros camaradas, não se esqueceram de qualquer coisinha neste comunicado - tipo a compra foi feita por uma empresa que é dos membros de um partido comunista (um dos raros ainda no poder...)? Deviam estar contentes - o marxismo venceu o capitalismo com as suas próprias armas!