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quarta-feira, abril 24, 2024

Novidades sobre o maior primata de todos os tempos geológicos...

Foi o maior primata de todos os tempos. Cientistas descobrem por que se extinguiu

 

 

Conceito artístico de um Gigantopithecus blacki

 

Um estudo recente lançou luz sobre as causas da extinção do Gigantopithecus blacki, o maior primata conhecido até hoje.

Com um peso aproximado de 250 quilogramas e uma altura de 3 metros, o Gigantopithecus blacki foi o maior primata que se conhece.

O gigantesco primo afastado dos humanos, que habitou as florestas do que é hoje o sul da China durante milhões de anos, extinguiu-se há cerca de 300.000 anos.

Ninguém sabia porquê.

Um novo estudo, publicado esta quarta-feira na revista Nature, proporciona agora uma compreensão abrangente da forma como as mudanças ambientais e as limitações dietéticas contribuíram para o desaparecimento do G. blacki.

O Gigantopithecus blacki foi trazido à atenção da ciência pela primeira vez em 1935, depois de o antropólogo Gustav von Koenigswald ter descoberto um enorme dente numa loja de medicina em Hong Kong.

Inicialmente, os cientistas acreditaram que a espécie tivesse laços com os gorilas, mas um estudo de 2019 revelou que o G. blacki estava geneticamente mais próximo dos orangotangos.

Apesar de o enorme primata partilhar o seu habitat com uma espécie de orangotango, o Pongo weidenreichi, apenas o G. blacki se extinguiu - e a sua extinção é um mistério de longa data na paleontologia.

O novo estudo, liderado por Yingqi Zhang , investigador da Academia Chinesa de Ciências, e Kira Westaway, paleontóloga da Universidade de Macquarie, na Austrália, usou seis técnicas de datação independentes em fósseis provenientes de 22 cavernas.

Os resultados do estudo permitiram concluir que, entre 295.000 e 215.000 anos atrás, a população de G. blacki diminuiu de uma área outrora vasta para uma pequena região na Região Autónoma de Guangxi Zhuang.

A análise das condições ambientais da região durante este período mostrou mudanças significativas, nomeadamente uma escassez de água.

Estudos de pólen revelaram também ter ocorrido, há cerca de 700.000 a 600.000 anos, uma transição de florestas densas para áreas de arbustos e pastagens, levando à escassez da dieta preferida de frutas do G. blacki e de fontes de água.

À medida que as florestas que constituíam o seu habitat diminuíam, o G. blacki recorreu a uma dieta menos nutritiva de casca e ramos. E, ao contrário do P. weidenreichi, que se adaptou expandindo sua dieta para incluir folhas, insetos e pequenos animais, o grande tamanho do G. blacki impediu-o de se adaptar a essas mudanças.

A incapacidade de escalar ou perseguir pequenas presas, combinada com o stress de uma dieta limitada, levou finalmente à extinção do maior primata de todos os tempos.

 

Conceito artístico de um Gigantopithecus blacki

 

Apesar do progresso significativo na compreensão das razões da extinção do G. blacki que o estudo nos trás, a sua aparência exata continua a ser um mistério, pois até agora foram encontrados muito poucos registos fósseis da espécie.

Tendo apenas ossos da mandíbula e dentes para estudar, a aparência real deste enorme macaco ainda é um enigma para resolvermos’, diz Zhang, citado pela revista Science.

“Assim, a busca continua. Estamos a ficar melhores a encontrar cavernas com vestígios do G. blacki‘, afirma o investigador. “Ainda não encontrámos ossos, mas acho que estamos a chegar mais perto”.


in ZAP

A coisas estranhas que a Evolução faz...

Os nossos ombros evoluíram do maxilar de peixes que reinavam nas águas da pré-história

 

 

Placodermo

 

Das mandíbulas de um peixe com 407 milhões de anos, investigadores descobriram informações críticas sobre a evolução da cintura escapular, composta pelas sete peças ósseas a que chamamos ombros.

Um estudo inovador publicado na revista científica Nature forneceu novas perspetivas sobre as origens evolutivas do ombro humano.

A estrutura anatómica, fundamental para o movimento dos braços, tem sido um ponto de intenso debate entre os biólogos evolucionistas devido à sua evolução complexa - de criaturas aquáticas para seres terrestres.

Durante anos, a hipótese dos “arcos branquiais” sugeriu que os ombros dos animais terrestres evoluíram das estruturas que suportam as brânquias dos peixes. Esta teoria, embora antiga, enfrentou escrutínio pela falta de evidência fóssil.

Uma alternativa, a hipótese “fin-fold”, postulou que as barbatanas pareadas e ombros evoluíram a partir de linhas musculares ao longo dos lados dos peixes, denota o Earth. No entanto, não explicava totalmente a evolução da cintura escapular.

Um esforço colaborativo entre a Faculdade Imperial de Londres e o Museu de História Natural lançou alguma luz sobre este enigma evolutivo.

Ao examinar os fósseis de um peixe placodermo com 407 milhões de anos chamado Kolymaspis sibirica, os investigadores descobriram informações críticas sobre a evolução da cintura escapular.

 

 

Predominantes nos oceanos do Paleozoico, há cerca de 420 a 360 milhões de anos, especialmente no período Devónico, os placodermos caracterizavam-se principalmente pela presença de partes do corpo fortemente blindadas, sendo alguns dos primeiros vertebrados a desenvolver mandíbulas verdadeiras.  A sua extinção misteriosa no final do período Devónico deixou muitas questões sem resposta.

O seu estudo tem-se mostrado essencial para compreender a evolução dos vertebrados, especialmente o desenvolvimento de características anatómicas fundamentais, como as mandíbulas e os dentes e agora… os ombros.

 

As origens do nosso ombro

O estudo encontrou semelhanças entre a articulação cabeça-ombro do placodermo e os arcos branquiais de peixes ancestrais sem mandíbula, sugerindo que os arcos branquiais foram um componente fundamental no desenvolvimento do ombro. Curiosamente, a pesquisa propõe que um sexto arco branquial, agora extinto, serviu como um elemento crucial na demarcação da cabeça do corpo, levando à formação dos ombros.

Mesmo com a transformação dos ossos, os músculos podem manter as suas funções, segundo o estudo, que também sugere uma potencial convergência das hipóteses dos arcos branquiais e “fin-fold”.

O estudo sublinha a importância da pesquisa interdisciplinar em biologia evolutiva. Integrando registos fósseis com biologia do desenvolvimento e anatomia comparativa, os cientistas estão a montar as origens da nossa estrutura do ombro.

 

in ZAP

sábado, abril 20, 2024

Notícia sobre quirópteros madeirenses...

Pequenos, peludos e voadores: os morcegos caçam pragas agrícolas na Madeira

 

Morcego-arborícola-da-madeira, uma subespécie endémica da ilha Ricardo Rocha

 

Estudo de cientistas portugueses conclui que 40% da dieta das três espécies destes mamíferos da ilha da Madeira é composta por insetos prejudiciais para a agricultura.

Na ilha da Madeira, há três espécies de morcegos que se alimentam de insetos. E uma equipa de cientistas portugueses investigou a dieta destes pequenos mamíferos voadores, recorrendo a uma avançada técnica genética, e concluiu que pelo menos 40% dos insetos que fazem parte da sua dieta são pragas agrícolas ou florestais, ou até vetores para a transmissão de doenças aos seres humanos.

A maior componente da dieta das três espécies de morcegos nativas da Madeira é composta por borboletas noturnas. Mas, embora a contribuição dos morcegos não seja muito conhecida, dão uma enorme ajuda aos agricultores, e ao controlo de outros insetos prejudiciais para a saúde humana. “Não estávamos à espera de que uma percentagem tão grande de presas correspondesse a pragas agrícolas ou florestais, prováveis, ou confirmadas”, disse Angelina Gonçalves, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e do laboratório associado CIBIO - Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, citada num comunicado de imprensa.

“As presas dos morcegos alimentam-se de um vasto leque de espécies, incluindo muitas de elevado interesse económico, como a bananeira, a estrelícia, e a cana-de-açúcar”, explicou ao Azul Ricardo Rocha, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, coordenador do trabalho publicado na semana passada na revista científica Journal of Mammology. Uma delas é a traça-da-bananeira (Opogona sacchari), que não só afecta as plantações de bananeiras, como também várias espécies ornamentais, como a famosa flor da Madeira, a estrelícia.

Mas quem são os morcegos madeirenses? “O morcego-da-madeira (Pipistrellus maderensis) habita apenas na Macaronésia, nos arquipélagos da Madeira, Canárias e provavelmente Açores”, explicou ao Azul Ricardo Rocha, “explorador” da National Geographic.

O morcego-arborícola-da-madeira (Nyctalus leisleri verrucosus) é uma subespécie endémica da Madeira. “Isto quer dizer que, apesar de a espécie ter uma distribuição mais ampla, as populações na Madeira são suficientemente diferentes para terem uma classificação própria”, indicou Ricardo Rocha.

 

Morcego-orelhudo-cinzento: existe em toda a Europa ocidental, mas é o menos abundante na Madeira
 

Por fim, o morcego-orelhudo-cinzento (Plecotus austriacus), que tem uma distribuição muito mais alargada, pois existe em grande parte da Europa Ocidental, é o menos abundante na Madeira.

 

Código de barras genético

 Como é que os cientistas analisaram a dieta destes voadores noturnos? Começaram por ter de apanhar um número significativo de morcegos das três espécies, usando redes colocadas em vários locais no Parque Ecológico do Funchal. “Foram muitas noites de trabalho árduo, mas com muito esforço conseguimos capturar mais de cem morcegos, o que nos permitiu examinar as diferenças alimentares entre as várias espécies”, adiantou Angelina Gonçalves, que é a primeira autora do estudo publicado na revista científica Journal of Mammology.

O método tradicional para perceber de que se alimenta um animal é analisar as suas fezes, quer por observação direta, quer ao microscópio, procurando vestígios daquilo de que se alimentou. “Mas como a maior parte dos morcegos caça no ar à noite e mastiga os fragmentos maiores das suas presas, estes métodos não são particularmente eficazes para analisar a sua dieta”, escrevem os investigadores no artigo.

Decidiram, portanto, usar uma técnica desenvolvida nos primeiros anos do século XXI, o código de barras de ADN. “Esta técnica tem vindo a ser cada vez mais usada em estudos de dieta”, comentou Ricardo Rocha, que dá uma explicação simples do que se trata: “De forma muito resumida, identificam-se segmentos de ADN que permitem diagnosticar determinados grupos taxonómicos – atuam como uma espécie de código de barras. Com isso, conseguimos perceber que presas foram consumidas pelos morcegos com uma resolução muito maior do que conseguíamos no passado.

“Este estudo foi um dos primeiros a usar este método do código de barras genético para avaliar a dieta de morcegos que vivem em ilhas, salientam os autores do artigo. Assim, avança em muito o conhecimento relativo à ecologia trófica [de alimentação] e serviços de supressão de pragas prestados por estes mamíferos ainda mal conhecidos”, escrevem no artigo científico.

 

Discretos e pouco estudados
Porque são os morcegos mal conhecidos? Responde Ricardo Rocha: “No geral, os morcegos são pouco estudados. Tendem a ser espécies pequenas, noturnas, e bastante discretas.” No caso de espécies insulares, que vivem em ilhas, essa falta de estudos é particularmente aguda, salienta.

“Este não é o padrão exclusivo dos morcegos. É um padrão geral dos vertebrados em ilhas. Salvo raras exceções, como por exemplo os tentilhões das Galápagos [aves], ou algumas aves marinhas, as espécies insulares tendem a ser particularmente pouco estudadas, se compararmos com as as espécies continentais”, explica Ricardo Rocha.

Os demais mamíferos da Madeira não são nativos. Alguns, como os gatos, são predadores de morcegos e outras espécies nativas, o que pode afetar eventuais serviços de ecossistema – como o potencial controlo de pragas, associado ao consumo de insetos nefastos à agricultura

Ricardo Rocha


 Os morcegos que comem insetos, tal como os que ocorrem na Madeira, são de captura particularmente difícil, salienta o cientista português. “A sua ecolocalização é bastante desenvolvida, pelo que são muito bons a evitar as redes que usamos para os estudar”, justifica.

A equipa esforçou-se, por isso, para obter cem amostras de fezes dos morcegos capturados, que submeteu depois à técnica do código de barras de ADN. Os resultados revelaram uma variedade de 110 presas, artrópodes, na dieta dos morcegos madeirenses, 40% dos quais são pragas agrícolas como a traça-da-bananeira, ou até causadoras de doença nos seres humanos, como a mosca Psychoda albipennis, um parasita que causa miíase, uma doença produzida pela infestação de larvas de moscas na pele ou outros tecidos.

“No Porto Santo existe apenas uma espécie de morcego (Pipistrellus maderensis), mas também aí os morcegos se alimentam de pragas agrícolas”, salientou Eva Nóbrega, co-autora do artigo e estudante de doutoramento do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, citada no comunicado de imprensa. “Além disso, num estudo que publicámos em 2023, detetámos que no Porto Santo [o morcego] consome insetos vectores de doenças, incluindo mosquitos Culex.” 

Muitas das espécies de insetos com efeitos nefastos na agricultura da Madeira não são nativas da ilha. “Foram introduzidas, relativamente recentemente, por mão humana”, sublinha Ricardo Rocha. Mas muitos dos insetos consumidos pelos morcegos na Madeira são nativos da ilha. “Algumas são mesmo endémicas, o que quer dizer que ocorrem apenas na região. Já devem fazer parte do menu destes mamíferos noturnos há muitos milhares, ou mesmo milhões de anos (bem antes da chegada dos humanos!)”, adianta o cientista.

Morcego-da-madeira, uma espécie que vive apenas nas ilhas da Macaronésia

 

Colonizadores de ilhas

Os morcegos são, na verdade, os únicos mamíferos nativos da ilha da Madeira. “Pela sua capacidade de voar, [os morcegos] tendem a ser bons colonizadores de ilhas oceânicas”, explica Ricardo Rocha. Outros grupos de mamíferos terrestres não têm a capacidade de colonizar ilhas que não tenham estado ligadas ao continente. Exceções raras são, por exemplo, os musaranhos das ilhas de São Tomé e Príncipe, pequenos animais, com cerca de 15 gramas, mas capazes de atacar, matar e devorar animais que têm o dobro do seu tamanho.

“Os demais mamíferos que correm na Madeira não são nativos. Alguns, como os gatos, são predadores de morcegos e outras espécies nativas, o que pode afetar eventuais serviços de ecossistema aos quais estejam associadas espécies nativas – como, por exemplo, o potencial controlo de pragas, associado ao consumo de insetos nefastos à agricultura, que reportamos no estudo agora publicado”, alerta Ricardo Rocha.


in Público

sexta-feira, abril 19, 2024

Charles Darwin morreu há cento e quarenta e dois anos...


Charles Robert Darwin
(Shrewsbury, 12 de fevereiro de 1809 - Downe, Kent, 19 de abril de 1882) foi um naturalista britânico que alcançou fama ao convencer a comunidade científica da ocorrência da evolução e propor uma teoria para explicar como ela se dá por meio da seleção natural e sexual. Esta teoria culminou no que é, agora, considerado o paradigma central para explicação de diversos fenómenos na biologia. Foi laureado com a medalha Wollaston concedida pela Sociedade Geológica de Londres, em 1859.
Darwin começou a se interessar por história natural na universidade enquanto era estudante de Medicina e, depois, Teologia. A sua viagem de cinco anos a bordo do brigue HMS Beagle e escritos posteriores trouxeram-lhe reconhecimento como geólogo e fama como escritor. Suas observações da natureza levaram-no ao estudo da diversificação das espécies e, em 1838, ao desenvolvimento da teoria da Seleção Natural. Consciente de que outros antes dele tinham sido severamente punidos por sugerir ideias como aquela, ele as confiou apenas a amigos próximos e continuou a sua pesquisa tentando antecipar possíveis objeções. Contudo, a informação de que Alfred Russel Wallace tinha desenvolvido uma ideia similar forçou a publicação conjunta das suas teorias em 1858.
Em seu livro de 1859, "A Origem das Espécies" (do original, em inglês, On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or The Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life), ele introduziu a ideia de evolução a partir de um ancestral comum, por meio de seleção natural. Esta se tornou a explicação científica dominante para a diversidade de espécies na natureza. Ele ingressou na Royal Society e continuou a sua pesquisa, escrevendo uma série de livros sobre plantas e animais, incluindo a espécie humana, notavelmente "A descendência do Homem e Seleção em relação ao Sexo" (The Descent of Man, and Selection in Relation to Sex, 1871) e "A Expressão da Emoção em Homens e Animais" (The Expression of the Emotions in Man and Animals, 1872).
Em reconhecimento da importância do seu trabalho, Darwin foi enterrado na Abadia de Westminster, próximo dos túmulos de Charles Lyell, William Herschel e Isaac Newton. Foi uma das cinco pessoas não ligadas à família real inglesa a ter um funeral de Estado no século XIX.
      

sexta-feira, abril 12, 2024

Novidade sobre o ancestral de todos os tetrápodes...

O mítico Tiktaalik revelou mais um segredo: em terra, as costelas são essenciais

 

 

Tiktaalik rosae, o mítico peixe de quatro patas que um dia, há 375 milhões de anos, decidiu dar um um passeio em terra

 

A análise do fóssil do famoso Tiktaalik, encontrado há 20 anos, revelou novos pormenores que podem explicar como os vertebrados evoluíram para andar em terra, há cerca de 400 milhões de anos.

O mítico Tiktaalik roseae, o peixe de quatro patas que deu o primeiro passo em direção a terra, foi descoberto há 20 anos, no Canadá.

Popularizado na Internet graças aos memes do peixe que chega a terra e volta para trás, o  Tiktaalik é um “fishapod” — um elo perdido entre os peixes e os primeiros tetrápodes de quatro patas que andaram na Terra.

Os cientistas acreditam que todos os animais terrestres com espinha dorsal, desde os dinossauros, sapos e aves até aos seres humanos, bem como os que evoluíram para se tornarem novamente habitantes da água, como as baleias, remontam a peixes pioneiros como o Tiktaalik.

Uma nova análise da estrutura do esqueleto do Tiktaalik, publicada a semana passada na Proceedings of the National Academy of Sciences, revelou agora novos pormenores que podem explicar como os vertebrados evoluíram para andar em terra, há cerca de 400 milhões de anos.

“O Tiktaalik foi descoberto em 2004, mas partes importantes do seu esqueleto eram desconhecidas”, afirma Tom Stewart,  investigador da Universidade Estatal da Pensilvânia e primeiro autor do artigo, citado pela Cosmos.

“Novos exames de micro-CT de alta resolução mostram-nos as vértebras e as costelas do Tiktaalik e permitem-nos fazer uma reconstrução completa do seu esqueleto, o que é vital para compreender como se deslocava pelo mundo“, diz Stewart.

A reconstrução mostra que as costelas do Tiktaalik estavam provavelmente ligadas à sua pélvis. Esta configuração, consideram os autores do estudo, ajudou o peixe a suportar o seu corpo em terra, o que teria sido crucial para a eventual evolução da marcha.

 

Esqueleto do Tiktaalik

 

A maioria dos peixes tem vértebras e costelas com o mesmo comprimento ao longo da coluna vertebral. Mas os vertebrados com membros têm costelas de tamanhos muito diferentes.

Este facto permitiu funções especializadas em diferentes partes do tronco, incluindo uma ligação mecânica entre as costelas e a pélvis e os membros posteriores que suportam o corpo.

As barbatanas pélvicas dos peixes estão evolutivamente relacionadas com os membros posteriores dos tetrápodes. Os autores do estudo descobriram que a marcha se desenvolveu com a ajuda de uma pélvis maior, que fazia parte da coluna vertebral, para apoiar o corpo das novas forças resultantes da marcha em terra.

“O Tiktaalik é notável porque nos dá um vislumbre desta grande transição evolutiva”, explica Stewart. “Em todo o seu esqueleto, vemos uma combinação de traços típicos dos peixes e da vida na água, bem como traços que são vistos em animais terrestres”.

“A partir de estudos anteriores, sabíamos que a pélvis era grande e tínhamos a sensação de que as barbatanas posteriores também eram grandes, mas até agora não podíamos dizer se ou como a pélvis interagia com o esqueleto axial”, acrescenta Stewart.

“Esta reconstrução mostra, pela primeira vez, como tudo se encaixa - e dá-nos pistas sobre como o andar pode ter evoluído”, conclui o investigador.

Andamos então cá todos graças ao Tiktaalik - que, ao contrário do seu primo que espreitou terra firme e decidiu mesmo voltar para trás, se atreveu a dar os primeiros passos fora de água. Graças às suas boas costelas.

 

 

in ZAP

segunda-feira, abril 01, 2024

A Tectónica de Placas pode influenciar a Biosfera - diz esta notícia...

Há uma explosão de vida na Terra a cada 36 milhões de anos. Já sabemos porquê

 

As placas tectónicas da Terra

 

A pesquisa descobriu que o movimento das placas tectónicas também ocorre em ciclos de 36 milhões de anos, estando relacionado com o surgimento e extinção de várias espécies marinhas.

A vida marinha na Terra explode a cada 36 milhões de anos e um novo estudo publicado nos Proceedings of the National Academy of Sciences descobriu a razão para este fenómeno.

A pesquisa baseou-se numa análise profunda aos registos fósseis e geológicos que revelou que a mudança no nível das águas do mar ocorre em resposta ao ciclo de 36 milhões de anos de movimentos das placas tectónicas, explica o Science Alert.

Isto acaba por perturbar vários ecossistemas, o que faz com que muitas espécies sofram enquanto outras florescerem nos novos ecossistemas que surgem. Uma análise ao registo fóssil mostra que a biodiversidade não é uma constante e que, pelo contrário, varia dramaticamente em escalas de dezenas de milhões de anos, com o surgimento de novas espécies e a extinção de outras.

O que não se sabia até agora é o que causa estas mudanças e se há algum mecanismo que as provoca ou se cada evento é único e tem uma causa diferente.

Para responder a esta dúvida, a equipa fez uma grande análise a várias bases de dados geológicas dos últimos 250 milhões de anos e combinou os dados com simulações de computador e modelos criados pelo software de visualização tectónica GPlates.

O afastamento das placas tectónicas, que estica o fundo do mar, e a criação de zonas de subducção causam variações no nível do mar ao longo de períodos de tempo bastante prolongados.

As simulações notaram um ciclo de 36 milhões de anos na diversidade da vida marinha e descobriram uma correlação com o ciclo de movimentos das placas tectónicas.

 

in ZAP

terça-feira, março 26, 2024

Richard Dawkins celebra hoje 83 anos

  
Clinton Richard Dawkins (Nairobi, 26 de março de 1941) é um zoólogo, etólogo, evolucionista e popular escritor de divulgação científica britânico, natural do Quénia, além de ex-professor da Universidade de Oxford.
Dawkins é conhecido principalmente pela sua visão evolucionista centrada nos genes, exposta no seu livro O Gene Egoísta, publicado em 1976. O livro também introduz o termo "meme", o que ajudou na criação da memética. Em 1982 deu uma grande contribuição para a teoria da evolução com a hipótese, apresentada no seu livro O Fenótipo Estendido, de que o efeito fenotípico não se limita ao corpo de um organismo, mas sim de que o efeito influencia o ambiente em que vive o organismo. Desde então escreveu outros livros sobre evolução e apareceu em vários programas de televisão e rádio para falar de temas como biologia evolutiva, criacionismo e religião.
   

domingo, março 03, 2024

Robert Hooke morreu há 321 anos

      
Robert Hooke (Freshwater, Isle of Wight, 28 July 1635 – London, 3 March 1703) was an English natural philosopher, architect and polymath.
His adult life comprised three distinct periods: as a scientific inquirer lacking money; achieving great wealth and standing through his reputation for hard work and scrupulous honesty following the great fire of 1666, and eventually becoming ill and party to jealous intellectual disputes (the latter may have contributed to his relative historical obscurity).
At one time he was simultaneously the curator of experiments of the Royal Society, a member of its council, Gresham Professor of Geometry, and Surveyor to the City of London after the Great Fire of London (in which capacity he appears to have performed more than half of all the surveys after the fire). He was also an important architect of his time – though few of his buildings now survive and some of those are generally misattributed – and was instrumental in devising a set of planning controls for London whose influence remains today. Allan Chapman has characterised him as "England's Leonardo".
Robert Gunther's Early Science in Oxford, a history of science in Oxford during the Protectorate, Restoration and Age of Enlightenment, devotes five of its fourteen volumes to Hooke.
Hooke studied at Wadham College, Oxford during the Protectorate where he became one of a tightly knit group of ardent Royalists led by John Wilkins. Here he was employed as an assistant to Thomas Willis and to Robert Boyle, for whom he built the vacuum pumps used in Boyle's gas law experiments. He built some of the earliest Gregorian telescopes and observed the rotations of Mars and Jupiter. In 1665 he inspired the use of microscopes for scientific exploration with his book, Micrographia. Based on his microscopic observations of fossils, Hooke was an early proponent of biological evolution. He investigated the phenomenon of refraction, deducing the wave theory of light, and was the first to suggest that matter expands when heated and that air is made of small particles separated by relatively large distances. He performed pioneering work in the field of surveying and map-making and was involved in the work that led to the first modern plan-form map, though his plan for London on a grid system was rejected in favour of rebuilding along the existing routes. He also came near to an experimental proof that gravity follows an inverse square law, and hypothesised that such a relation governs the motions of the planets, an idea which was independently developed by Isaac Newton. Much of Hooke's scientific work was conducted in his capacity as curator of experiments of the Royal Society, a post he held from 1662, or as part of the household of Robert Boyle.
     

sábado, março 02, 2024

Oparine nasceu há cento e trinta anos...

    
Aleksandr Ivanovich Oparine
(Uglitch, 2 de março de 1894 - Moscovo, 21 de abril de 1980) foi um biólogo e bioquímico russo, considerado uma das maiores autoridades sobre a teoria da origem da vida.
 
(...)
  
Oparine formou-se na Universidade de Moscovo em 1917. Em 1924 publicou a mais moderna e aceita teoria para explicar o aparecimento da vida na Terra, a partir da evolução química gradual de moléculas baseadas em carbono numa "sopa primordial". Em 1935, fundou o Instituto Bioquímico RAS. Em 1946, foi admitido na Academia Soviética das Ciências. Em 1970, foi eleito presidente da "Sociedade Internacional para o Estudo da Origem da Vida". Faleceu aos 86 anos, em 21 de abril de 1980, e foi sepultado no Cemitério Novodevichy em Moscovo.

(...)

A sua teoria tem um forte substrato darwiniano: através de competição e seleção natural, determinadas formas de organização molecular tornaram-se dominantes e caracterizam as moléculas vivas de hoje. Segundo ele, não existe diferença fundamental entre os organismos vivos e matéria sem vida. Em princípio havia soluções simples de substâncias orgânicas, cujo comportamento era governado pelas propriedades de seus átomos e pelo arranjo destes átomos em uma estrutura molecular. Gradualmente, entretanto, como resultado do crescimento em complexidade, novas propriedades surgiram em consequência do arranjo espacial e relacionamento mútuo das moléculas. Portanto, a complexa combinação de propriedades que caracteriza a vida surgiu a partir do processo de evolução da matéria.
Levando em conta a então recente descoberta de metano na atmosfera de Júpiter e outros planetas gigantes, Oparine postulou que a Terra primitiva também possuía uma atmosfera fortemente redutora, contendo metano, amónia, hidrogénio e água. Em sua opinião, esses foram os elementos essenciais para a evolução da vida.
Nessa época a Terra estava passando por um processo de resfriamento, que permitiu o acumulação de água nas depressões da sua crosta, formando os mares primitivos. As tempestades com raios eram frequentes e ainda não havia na atmosfera o escudo de ozono contra radiações. As descargas elétricas e as radiações que atingiam nosso planeta teriam fornecido energia para que algumas moléculas presentes na atmosfera se unissem, dando origem a moléculas maiores e mais complexas: as primeiras moléculas orgânicas. Estas eram arrastadas pelas águas das chuvas e passavam a se acumular nos mares primitivos, que eram quentes e rasos.
O processo, repetindo-se ao longo de vários anos, teria transformado os mares primitivos em "sopas primitivas", ricas em matéria orgânica. Baseado no trabalho de Bungenberg de Jong em coacervados, certas moléculas orgânicas (especialmente as proteínas) podem espontaneamente formar agregados e camadas, quando estão na água. Oparine sugeriu que diferentes tipos de coacervados podem ter se formado nas "sopas primitivas" dos oceanos. Esses coacervados não eram seres vivos, mas sim uma primitiva organização das substâncias orgânicas, principalmente proteínas, em um sistema isolado. Apesar de isolados os coacervados podiam trocar substâncias com o meio externo, sendo que em seu interior houve possibilidade de ocorrerem inúmeras reações químicas. Subsequentemente, sujeitos ao processo de seleção natural, esses coarcervados cresceram em complexidade, levando eventualmente à vida.
Oparine algumas vezes chamado de "Darwin do século XX" não pôde demonstrar a sua teoria, mas aquele trabalho foi concluído por Stanley L. Miller em 1953, demonstrando que antes da vida houve uma pré-vida. A sua experiência demonstrou que a teoria de Oparine sobre os organismos, que criaram a molécula e depois as células, estava certa.
   

sábado, fevereiro 17, 2024

Publicidade enganosa (ainda há peixes que respiram ar...)

Há 380 milhões de anos, um peixe australiano respirava ar

  

Harajicadectes zhumini

 

Os restos fósseis de uma nova espécie de peixe com grandes aberturas na parte superior do crânio, descobertos na Austrália, revelaram que o animal era capaz de respirar ar à superfície.

O rio Finke, considerado uma das bacias hidrográficas mais antigas do mundo, já foi a casa de espécies muito estranhadas.

Nelas inclui-se este peixe predador com barbatanas divididas em lóbulos, enormes presas e escamas ósseas.

O animal, que viveu há 380 milhões de anos, foi denominado Harajicadectes zhumini por uma equipa internacional de cientistas liderada pelo paleontólogo da Universidade Flinders, Brian Choo.

Segundo o Europa Press, o fóssil pertence à antiga linhagem dos tetrapodomorfos, que se tornaram ancestrais dos tetrápodes com membros e, mais tarde, dos humanos.

O Harajicadectes distingue-se pelas suas grandes aberturas no topo do crânio que lhe permitiam respirar ar à superfície.

“Acredita-se que essas estruturas espiraculares facilitavam a respiração do ar à superfície”, salientou o investigador Brian Choo, destacando que o animal cresceu até atingir 40 centímetros de comprimento.

John Long, professor da Flinders e especialista em peixes fósseis, referiu que o surgimento sincronizado desta adaptação à respiração aérea pode ter coincidido com um período de declínio do oxigénio atmosférico durante o período Devónico.

“A capacidade de complementar a respiração branquial com oxigénio transportado pelo ar proporcionou uma vantagem adaptativa”, sublinha o investigador.

Entre 1973 e 1991, foram encontrados vários fragmentos de ossos da espécie, mas nada e relevante que ajudasse a descrever o animal.

No entanto, desta vez, foi descoberto o crânio completo e grande parte das áreas adjacentes ao pescoço intactas no norte da Austrália, no Harajica Sandstone Member.

O artigo científico com as descobertas foi publicado no Journal of Vertebrate Paleontology.

 

 

in ZAP

 

sexta-feira, fevereiro 16, 2024

O biólogo Hugo de Vries nasceu há 176 anos

  
Hugo Marie de Vries (Haarlem, 16 de fevereiro de 1848 - Lunteren, 21 de maio de 1935) foi um biólogo neerlandês, um dos três cientistas a quem se atribui a redescoberta do trabalho de Mendel, no ano de 1900, sobre as leis da hereditariedade.
O holandês Hugo de Vries foi precursor do estudo experimental da evolução dos seres vivos e lançou os fundamentos da pesquisa genética.
Tendo estudado nas universidades de Leiden, Heidelberg e Würzburg, ocupou em 1878 um lugar de professor na Universidade de Amesterdão, no qual se manteve durante trinta anos. Em 1886, observou nítidas diferenças entre a rosa natural Oenothera lamarckiana e espécies cultivadas, o que o levou a analisar o problema da evolução sob enfoque experimental, em substituição ao método de observação e inferência. Cultivando essa espécie, descobriu novas variedades botânicas da planta que apareciam aleatoriamente entre os espécimes normais. Concebeu então a evolução como série de mudanças radicais abruptas que dariam surgimento a novas espécies. Deu ao fenómeno o nome de mutação.
Como resultado do seu interesse pela genética, Vries redescobriu, em 1900, ao mesmo tempo que Carl Correns, da Alemanha, e Erich von Tschermak-Seysenegg, da Áustria, os princípios da hereditariedade, conhecidos como leis de Mendel. Em Die Mutationstheorie (1901-1903; A teoria das mutações) resumiu o conteúdo das descobertas que o haviam levado a resgatar as ideias do monge Gregor Mendel sobre a herança genética. De Vries estudou também o trânsito por osmose nas membranas dos vegetais.
     

quarta-feira, fevereiro 14, 2024

Notícia sobre evolução e alterações climáticas à escala do tempo geológico...

A Terra teve duas eras climáticas distintas nos últimos 66 milhões de anos. Já sabemos porquê

 

vales secos antártida

 

O impacto do meteorito Chicxulub e a glaciação do Hemisfério Sul foram dois importantes pontos de viragem no clima da Terra.

Uma nova investigação publicada na revista Scientific Reports revela detalhes sobre dois eventos climáticos significativos que moldaram o clima da Terra nos últimos 66 milhões de anos.

A pesquisa foi influenciada pela teoria do equilíbrio pontuado, que sugere que as espécies evoluem em surtos curtos e não gradualmente ao longo do tempo. Esta teoria foi adaptada para avaliar o impacto histórico das alterações climáticas, utilizando métodos estatísticos avançados para analisar duas séries de dados climáticos, explica o SciTech Daily.

Os resultados revelam dois eventos cruciais que dominaram a evolução climática da Terra. O primeiro é o impacto do meteorito Chicxulub no México, que levou à extinção de grandes dinossauros há cerca de 65,5 milhões de anos. Este evento marcou o início de um período quente com níveis elevados de CO2.

O segundo evento foi um ponto de viragem climático que ocorreu há 34 milhões de anos com a glaciação do Hemisfério Sul. O isolamento do continente antártico devido aos movimentos das placas tectónicas marcou uma nova era de um clima mais frio na Terra, que continua a influenciar o nosso sistema climático atual.

Este regime climático ainda está em vigor hoje, com a presença de grandes massas de gelo a desempenhar um papel crítico na manutenção do clima global. O estudo adverte que, se estas massas de gelo derreterem devido ao aquecimento global causado pelas atividades humanos, isso representaria outro ponto de viragem crucial, levando a uma nova e imprevisível paisagem climática.

Denis-Didier Rousseau, autor principal do estudo, alerta que as massas de gelo são “muito sensíveis” e já mostram sinais de derretimento. “Ultrapassar pontos de viragem tem sido uma característica recorrente na evolução climática,” acrescenta Valerio Lucarini, sublinhando a necessidade das estratégias de adaptação climática considerarem a desestabilização destes elementos climáticos críticos.

Como o estudo faz parte do projeto europeu TiPES, focado em pontos de viragem no Sistema Terrestre, os resultados contribuem para o nosso entendimento de como o clima da Terra poderá evoluir face ao impacto humano.

 

in ZAP

segunda-feira, fevereiro 12, 2024

Charles Darwin nasceu há 215 anos...!

 


Charles
Robert Darwin (Shrewsbury, 12 de fevereiro de 1809 - Downe, Kent, 19 de abril de 1882) foi um naturalista britânico que alcançou fama ao convencer a comunidade científica da ocorrência da evolução e propor uma teoria para explicar como ela se dá por meio da seleção natural e sexual. Esta teoria culminou no que é, agora, considerado o paradigma central para explicação de diversos fenómenos na biologia. Foi laureado com a medalha Wollaston concedida pela Sociedade Geológica de Londres, em 1859.
Darwin começou a se interessar por história natural na universidade enquanto era estudante de Medicina e, depois, Teologia. A sua viagem de cinco anos a bordo do brigue HMS Beagle e escritos posteriores trouxeram-lhe reconhecimento como geólogo e fama como escritor. As suas observações da natureza levaram-no ao estudo da diversificação das espécies e, em 1838, ao desenvolvimento da teoria da Seleção Natural. Consciente de que outros antes dele tinham sido severamente punidos por sugerir ideias como aquela, ele as confiou apenas a amigos próximos e continuou as suas pesquisas, tentando antecipar possíveis objeções. Contudo, a informação de que Alfred Russel Wallace tinha desenvolvido uma ideia similar forçou a apresentação conjunta das suas teorias em 1858.
No seu livro de 1859, "A Origem das Espécies" (do original, em inglês, On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or The Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life), ele introduziu a ideia de evolução a partir de um ancestral comum, por meio de seleção natural. Esta tornou-se a explicação científica dominante para a diversidade de espécies na natureza. Ele entrou na Royal Society e continuou a sua pesquisa, escrevendo uma série de livros sobre plantas e animais, incluindo a espécie humana, notavelmente "A descendência do Homem e Seleção em relação ao Sexo" (The Descent of Man, and Selection in Relation to Sex, 1871) e "A Expressão da Emoção em Homens e Animais" (The Expression of the Emotions in Man and Animals, 1872).
Como reconhecimento da importância do seu trabalho, Darwin foi enterrado na Abadia de Westminster, próximo dos túmulos de Charles Lyell, William Herschel e Isaac Newton. Foi uma das cinco pessoas não ligadas à família real inglesa a ter um funeral de estado, no Reino Unido, no século XIX.
      
    
   in Wikipédia

segunda-feira, fevereiro 05, 2024

Notícia sobre paleoantropologia...

Afinal foi na Europa? Fóssil com 8,7 milhões de anos coloca em causa a origem dos humanos

 

Fóssil da nova espécie de primata Anadoluvius turkae descoberta na Turquia

 

A descoberta de um fóssil com 8,7 milhões de anos na Anatólia Central, Turquia, está a desafiar teorias de longa data sobre a evolução dos hominídeos, incluindo humanos e macacos africanos.

Restos fossilizados recém-descobertos de uma nova espécie de primata do período Mioceno, designado Anadoluvius turkae, fornecem pistas de uma longa história de hominídeos na Europa, - que diverge da visão convencional de que os humanos se originaram em África.

A comunidade científica considera tradicionalmente que os hominídeos mais antigos, incluindo os humanos, tiveram afinal origem em África, em linha com a Teoria da Evolução de Charles Darwin.

Mas a notável descoberta de um crânio parcialmente preservado com quase 9 milhões de anos suporta a ideia de que os hominídeos evoluíram na Europa Ocidental e Central e passaram mais de 5 milhões de anos a evoluir nesta região.

A descoberta foi apresentada num artigo publicado na revista Communications Biology.

De acordo com o paleontólogo David Begun, professor da Universidade de Toronto e  autor do artigo, a descoberta sugere que os hominídeos se espalharam pelo Mediterrâneo Oriental e mais tarde para África, provavelmente devido a mudanças nos ambientes e diminuição das florestas.

“Esta teoria contraria a ideia tradicional de que os macacos africanos e os humanos evoluíram exclusivamente em África”, diz o investigador, citado pelo Phys.org. A ausência de hominídeos primitivos em África até há cerca de 7 milhões de anos apoia ainda mais a hipótese da origem europeia.

O Anadoluvius turkae era semelhante em tamanho a um chimpanzé macho grande, com uma dieta provavelmente composta por raízes e rizomas. Vivia em espaços maioritariamente abertos, em contraste com os ambientes florestais dos grandes macacos atuais.

A fauna, incluindo girafas, rinocerontes e zebras, que coabitou com o Anadoluvius turkae, parece ter-se dispersado para África a partir do Mediterrâneo Oriental há cerca de 8 milhões de anos. Esta informação alinha-se com o caminho estabelecido da fauna moderna das savanas africanas.

O Anadoluvius turkae e outros macacos fósseis da Grécia e Bulgária formam um grupo que se assemelha de perto aos hominídeos mais antigos conhecidos.

O fóssil agora descoberto é o espécime mais bem preservados deste grupo de hominídeos primitivos e oferece a evidência mais convincente de que o grupo teve origem na Europa, dispersando-se posteriormente para África.

Embora convincente, esta descoberta não prova definitivamente a origem europeia dos hominídeos. Os investigadores reconhecem que são necessários mais fósseis da Europa e de África, datados entre 8 e 7 milhões de anos atrás, para solidificar a ligação entre os dois grupos.

No entanto, a descoberta do Anadoluvius turkae acrescenta peso significativo ao debate sobre as origens dos humanos e macacos africanos, podendo mudar por completo a nossa compreensão da origem e evolução humana.

 

in ZAP

terça-feira, janeiro 30, 2024

As coisas estranhas que os biólogos descobrem...!

Um raro peixe com mãos foi encontrado num sítio estranho

 

Exemplar de peixe-morcego pintado encontrado na Tasmânia

 

Um peixe-morcego pintado (Brachionichthys hirsutus), uma espécie marinha única conhecida pelas suas “mãos” ou barbatanas peitorais modificadas, que se assemelham a barbatanas com dedos, foi inesperadamente avistado em Primrose Sands, Tasmânia.

Esta descoberta é particularmente significativa, dado que não havia registo de avistamentos da espécie neste local há quase duas décadas, levando a crer que estivesse extinto naquela área.

Os peixes-morcego pintados usam as suas distintivas barbatanas não apenas para caminhar no fundo do mar, mas também para limpar e cuidar dos seus ovos.

Infelizmente, a sua população diminuiu de forma alarmante nas últimas décadas, restando apenas um número estimado de cerca de 2.000 exemplares em regiões específicas, como o estuário do rio Derwent, no Reino Unido, e a baía de Frederick Henry, no sudeste da Austrália.

“Avistar até um ou dois peixes durante um mergulho de 60 minutos é bastante raro”, explica a investigadora Carlie Devine, numa nota de imprensa publicada no site da CSIRO, a agência governamental de ciência da Austrália.

Das 14 espécies de peixes-morcego existentes no planeta, sete são nativas da Tasmânia. Notavelmente, o peixe-morcego pintado foi o primeiro peixe marinho a ser listado como criticamente em perigo na Lista Vermelha da IUCN de Espécies Ameaçadas.

Embora já tenham sido comuns nas águas da Tasmânia, as suas populações estão agora fragmentadas em nove grupos separados.

As principais ameaças à sua existência provêm da pesca de arrasto, que perturba os seus habitats e inadvertidamente os captura como fauna acompanhante - e que  também afeta negativamente outras espécies marinhas, incluindo golfinhos e tartarugas marinhas.

Além disso, espécies invasoras, como a estrela-do-mar do Pacífico Norte, têm agravado o seu declínio, predando-os e aos seus ovos.

No entanto, há esperança para o peixe-morcego pintado. Um grupo de cientistas, entre os quais Carlie Devine, está a trabalhar afincadamente em medidas de conservação, como ambientes de desova artificiais e programas de reprodução em laboratório.

“Temos uma população de reserva em aquários para prevenir a extinção da espécie”, explica Devine, que se mostra otimista quanto ao impacto positivo do projeto para assegurar que vamos continuar a ver este estranho peixe andar por aí…

 

in ZAP

sábado, janeiro 06, 2024

As coisas estranhas que os paleontólogos descobrem...

Cientistas encontram fóssil do “Eduardo Mãos de Tesoura” do mundo animal

 

 

Representação artística do Venetorapter gassenae

 

Cientistas encontraram o fóssil de um predador pré-histórico semelhante à personagem do filme “Eduardo Mãos de Tesoura”.

Batizado pelos cientistas de Venetorapter gassenae, este réptil tinha patas enormes e garras distintas, semelhantes a lâminas, que poderiam ter sido usadas para caçar ou escalar árvores.

O paleontólogo Rodrigo Müller e a sua equipa descobriram os restos mortais do Venetorapter gassenae numa fazenda de arroz no estado do Rio Grande do Sul. A criatura viveu há cerca de 230 milhões de anos, durante o período Triássico, detalha o site LiveScience.

Com um bico proeminente, este réptil provavelmente alimentava-se de insetos, frutos e pequenos animais. Através da análise de fragmentos de esqueleto, os investigadores estimam que a criatura tinha cerca de 70 centímetros de altura e aproximadamente um metro de comprimento, o que significa que o fóssil pertencia a um adulto.

Com pelo emplumado e uma cauda alongada, o Venetorapter gassenae pertence ao grupo dos lagerpetídeos – um precursor dos pterossauros, os répteis voadores que dominavam os céus durante a era dos dinossauros.

Uma caraterística única da mão direita fossilizada do Venetorapter gassenae é um quarto dedo alongado que não era visto anteriormente nos lagerpetídeos. Isto sugere uma relação particularmente próxima entre o Venetorapter gassenae e os pterossauros, apontando para uma transição entre as duas espécies.

   

 

Partes do fóssil encontrado pelos investigadores

 

Embora se acreditasse anteriormente que os lagerpetídeos apresentavam menos diversidade anatómica em comparação com os pterossauros e os dinossauros, a análise recente da equipa de Müller desafia esta noção.

Ao estudar fósseis de várias espécies, incluindo Venetorapter gassenae, os investigadores propõem que os lagerpetídeos poderiam ter sido tão diversos como os pterossauros e até mais diversos do que os dinossauros do período Triássico.

Outras escavações e descobertas de fósseis desta criatura poderão esclarecer melhor os seus hábitos alimentares, aparência e habitat.

 

in ZAP

Gregor Mendel, o fundador da Genética, morreu há cento e quarenta anos...

       
Durante a sua vida, Mendel publicou dois grandes trabalhos agora clássicos: "Ensaios com plantas híbridas" (Versuche über Pflanzen-hybriden), que não abrangia mais de trinta páginas impressas e "Hierácias obtidas pela fecundação artificial".
Em 1865, formula e apresenta em dois encontros da Sociedade de História Natural de Brno as leis da hereditariedade, hoje chamadas Leis de Mendel, que regem a transmissão dos caracteres hereditários. Após 1868, as tarefas administrativas mantiveram-no tão ocupado que não pode dar continuidade às suas pesquisas, vivendo o resto da sua vida em relativa obscuridade. É conhecido como "Pai da Genética" atualmente.
        
Biografia
Nasceu em Heinzendorf bei Odrau (hoje chamada Vražné, no distrito de Nový Jičín), região de Troppau (hoje chamada Opava), na Silésia, que então pertencia ao Império Austríaco. Foi batizado a 22 de julho, data que muitas vezes se confunde com a sua data de nascimento, e era de uma família de humildes camponeses de língua alemã. Na sua infância revelou-se muito inteligente; em casa costumava observar e estudar as plantas. Sendo um brilhante estudante a sua família encorajou-o a seguir estudos superiores, e, aos 21 anos, a entrar num mosteiro da Ordem de Santo Agostinho em 1843 (atual mosteiro de Brno, hoje na República Checa) pois não tinham dinheiro para suportar o custo dos estudos. Obedecendo ao costume, ao tornar-se monge, optou um outro nome: "Gregor". Então Mendel tinha a seu cargo a supervisão dos jardins do mosteiro.
Estudou ainda, durante dois anos, no Instituto de Filosofia de Olmütz (hoje Olomouc, República Checa) e na Universidade de Viena (1851-1853).
Mas Mendel não só se interessou nas plantas, ele também era meteorologista e estudou as teorias da evolução. Ao longo da sua vida foi membro, diretor e fundador de muitas sociedades locais: diretor do Banco da Morávia, foi fundador da Associação Meteorológica austríaca, membro da Real e Imperial Sociedade da Morávia e Silésia para a melhoria da agricultura, entre outras.
Morreu a 6 de janeiro de 1884, em Brno, no antigo Império Austro-Húngaro, hoje República Checa, de uma doença renal crónica; um homem à frente do seu tempo, mas ignorado durante toda a sua vida.
   
Experiências - cruzamentos de plantas
Desde 1843 a 1854 tornou-se professor de ciências naturais na Escola Superior de Brno, dedicando-se ao estudo do cruzamento de muitas espécies: feijões, chicória, bocas-de-dragão, plantas frutíferas, abelhas, ratos e, principalmente, ervilhas, cultivadas na horta do mosteiro onde vivia, analisando os resultados matematicamente, durante cerca de sete anos. Gregor Mendel, "o pai da genética", como é conhecido, foi inspirado tanto pelos professores como pelos colegas do mosteiro que o pressionaram a estudar a variação do aspeto das plantas. Propôs que a existência de características (tais como a cor) das flores é devida à existência de um par de unidades elementares de hereditariedade, agora conhecidas como genes.
   
Abelhas
Após o estudo com ervilheira Mendel dedicou-se ao estudo das abelhas, tentando estender as suas conclusões para os animais. Produziu uma estirpe híbrida entre abelhas do Egipto e da América do Sul que produziam um mel considerado excelente, contudo eram muito agressivas, picando muitas pessoas dos arredores, e foram destruídas. Mendel continuou a dedicar-se ao passatempo de apicultura, mesmo após ser eleito abade do Mosteiro de Brno, tendo inclusive fundado a Sociedade de Apicultura de Brno.
   
Redescoberta
As descobertas de Mendel, apesar de muito importantes, permaneceram praticamente ignoradas até começos do século XX (embora tivessem estado disponíveis nas maiores bibliotecas da Europa e dos Estados Unidos), sendo publicadas somente no início do século XX, anos após sua morte. Foram "redescobertas" por um grupo de cientistas, um alemão - K. Correns, um austríaco - E. Tschermak e outro neerlandês - H. de Vries. Originalmente pensava-se que o austríaco Eric von Tschermark teria sido um dos "redescobridores" mas nunca mais foi aceite. A sua teoria foi essencial para a síntese evolutiva moderna.
     
in Wikipédia