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terça-feira, maio 06, 2014

Porque será? Será Milagre? Será do Guaraná?

(imagem daqui)

Estudo mostra que colégios inflacionam notas
Investigadores da Universidade Porto analisaram mais de três milhões de classificações em exames e notas internas

Desde que existem exames no ensino secundário, o padrão repete-se: a esmagadora maioria dos alunos tem notas mais altas na escola, dadas pelos seus professores, do que nas avaliações nacionais. Nada de estranho, se se pensar que as classificações internas refletem muito mais do que um desempenho num teste de duas horas. A questão é saber se há estabelecimentos de ensino mais 'generosos' do que outros. Uma equipa de investigadores da Universidade do Porto analisou mais de três milhões de classificações de exames e as respetivas notas internas, ao longo de 11 anos, e chegou à conclusão que os privados são os que mais "inflacionam" os resultados, em comparação com as escolas públicas e mesmo com os colégios que têm contrato de associação (particulares mas financiados pelo Estado).

A investigação foi agora publicada na revista "Higher Education", com o título "Injustiça no acesso ao ensino superior: uma comparação de 11 anos sobre a inflação de notas nas escolas secundárias públicas e privadas em Portugal". Os autores, do Centro de Investigação e Intervenção Educativas (CIIE) da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação do Porto, analisaram os desvios entre notas internas e de exame e concluíram mesmo que as discrepâncias podem ser determinantes para entrar ou ficar de fora de um determinado curso.

"Os estudantes dos colégios independentes, geralmente de classes socioeconómicas mais altas, beneficiam de uma vantagem injusta na competição pelas limitadas vagas no ensino superior público", lê-se no sumário da investigação de Gil Nata (da Universidade Portucalense), Maria João Pereira e Tiago Neves. Além disso, acrescentam, esta inflação de notas nos colégios tem sido uma constante ao longo do período analisado (de 2001/02 a 2011/12). "Quando vemos os gráficos ano a ano é incrível a regularidade com que o fenómeno se repete", sublinha ao Expresso Tiago Neves.

Há anos que existe a ideia de que, regra geral, é mais fácil ter notas mais altas nos colégios pagos do que na escola pública - em cada cidade é conhecida a fama de uns e outros. E foi este o ponto de partida para a investigação. "Se esta suposição for verdadeira, isso significa que as possibilidades de aceder ao ensino superior estão a ser injustamente aumentadas, com o processo de acesso à universidade a reproduzir e consolidar as desigualdades socioeconómicas", justificam os autores. O problema será ainda mais grave num país em que, apesar da abertura da Universidade, continua a haver uma sobrerrepresentação das famílias com mais habilitações, sobretudo nos cursos que exigem notas de ingresso mais elevadas.

Para analisar a hipótese, os investigadores começaram por calcular a diferença média, a nível nacional, entre as classificações nos exames e as notas dadas nas escolas. Por exemplo, os alunos que têm média de dez nas provas nacionais, que média têm na escola? E quando têm um 12? De seguida foram ver para cada tipo de escola (privada independente, com contrato de associação e pública) se se afastava ou aproximava daquela diferença média, ou seja, se se comportava como o padrão normal ou não. Se um certo afastamento entre classificações de escola e de exame é natural, já não há razão para que as escolas se comportem de forma diferente consoante o seu estatuto, explica-se na investigação. Mas é o que acontece. Os colégios independentes afastam-se sempre mais do desvio médio (ver gráfico), sobretudo ao nível das notas entre os 12 e os 15 valores nos exames - o desvio face à diferença média nacional chega a atingir um valor.

A importância de um valor a mais

Para Rodrigo Queiroz e Melo, da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo, os dados mostram como o ensino secundário "está contaminado pelo acesso ao superior" e como as notas internas são pensadas em função de uma média de candidatura. O facto de o ingresso na universidade estar dependente das médias faz com que haja um "incentivo à subida das notas internas", admite, ressalvando que os maiores desvios só acontecem "em determinado grupo de escolas privadas e a partir de determinado valor no exame".

"Se o estudo separasse as secundárias das grandes cidades, que têm um tipo de aluno semelhante ao dos colégios e que são muito competitivas no acesso ao superior, os resultados não seriam os mesmos?", interroga. As conclusões não surpreendem Filinto Lima, da Associação Nacional de Diretores e Agrupamentos e Escolas Públicas: "Há muitos alunos que frequentam a escola pública e no 11º ano mudam para um colégio, porque percebem que não vão ter a avaliação de que precisam para entrar no curso que querem e sabem que no privado mais facilmente conseguirão notas altas."

O "enviesamento existe" e resolvia-se se a avaliação do secundário deixasse de ser a base de acesso ao superior, defende o presidente da Confederação das Associações de Pais, Jorge Ascenção. "O secundário deveria ser terminal e certificante, sendo o acesso ao ensino superior feito pelas universidades, que definiriam os critérios de entrada, fariam os exames..."

A verdade é que um valor a mais pode mudar a sorte de um aluno. Na investigação mede-se esse impacto e conclui-se que, nos dez cursos com médias mais elevadas (onde se integra Medicina, por exemplo), meio valor corresponde a uma subida de 60% na posição na lista de acesso e um valor a uma subida de 90%. Perante estas conclusões, que "levantam sérias e muito concretas dúvidas sobre a justiça do acesso ao ensino superior", a equipa da Universidade do Porto considera que é "essencial debater soluções que ajudem a resolver este aspeto tão importante na sociedade".

in Expresso - ler notícia

NOTA: que haja milagres em colégios religiosos, até posso entender (embora me que custe a aceitar...), agora que a diferença entre a minha escola nas notas e nos exames, (com todos os alunos de etnia cigana da minha cidade, os africanos bilingues, os brasileiros que ainda não perceberam, que o português de Portugal é um bocadinho diferente do seu, com os todos os estrangeiros, com os alunos deficientes em duas salas que parecem a CerciLei...) e um colégio próximo, que tem autocarros, vem buscar os alunos a casa, é pago pelo estado e pelos pais, tem professores que parecem escravos, que escolhe a dedo os seus alunos (e não aceita alunos deficientes, mandando embora os alunos fracos ou com notas baixas) e que nos exames tem salas inteiras com a mesma resposta à mesma pergunta, seja tão GRANDE, já me parece um bocadinho chato...

ADENDA: o Paulo Guinote publicou o seguinte post sobre o assunto, que subscrevemos de cruz:

A Injustiça do Negócio das Notas

Poderia desenvolver bastante o tema, mas prefiro não ir por caminhos muito complicados – mas por demais conhecidos, incluindo pelos decisores políticos que estão e estiveram no MEC – acerca da relação entre a produção do lucro na base da produção de sucesso a peso.
O estudo original encontra-se a partir daqui e dá base empírica a algumas evidências que quase todos nós conhecemos.

Exp3Mai14b
(…)
Exp3Mai14
Expresso, 3 de maio de 2014

Como vai sendo costume, é penoso e mesmo deprimente do ponto de vista intelectual ler as declarações de Queiroz e Mello sempre que se descobrem as falcatruas do lobby que representa. 

Quando se tenta tapar o sol com o cabo da peneira…

Qual o maior problema?

É que este governo está polvilhado de gente que vem destes meios e práticas e que neles não encontra qualquer mal, antes achando que é a forma natural de ter “sucesso” na vida.
A diferença é que agora querem que o Estado pague por completo a mistificação, em vez de serem os papás.

in A Educação do meu Umbigo - post de Paulo Guinote

quarta-feira, junho 19, 2013

Sobre a vigarice do Ministério da Educação nos Exames de 12º Ano de Português

Crato cumpriu. Crato implodiu
Santana Castilho, 19.06.2013


 Em 17 anos de exames nacionais, dos 39 que já leva a democracia, o país nunca tinha assistido a tamanho desastre. A segunda-feira passada marca o dia em que um ministro teimoso, incompetente e irresponsável, implodiu a cave infecta em que transformou o Ministério da Educação. A credibilidade foi pulverizada. O rigor substituído pela batota. A seriedade submersa por sujidade humana. Viu-se de tudo. Efectivação de provas na ausência de professores do secretariado de exames, com o correlato incumprimento dos procedimentos obrigatórios, que lhes competiriam. Vigilantes desconhecedores dos normativos processuais para exercerem a função. Vigilantes do 1.º ciclo do ensino básico atarantados, sem saber o que fazer. Examinandos que indicaram a professores, calcule-se, que nunca tinham vigiado exames, procedimentos de rotina. Exames realizados sem professores suplentes e sem professores coadjuvantes. Exames vigiados por professores que leccionaram a disciplina em exame. Ausência de controlo sobre a existência de parentesco entre examinandos e vigilantes. Critérios díspares e arbitrários para escolher os que entraram e os que ficaram de fora. Salas invadidas pelos "excluídos" e interrupção das provas que os "admitidos" prestavam. Tumultos que obrigaram à intervenção da polícia. Desacatos ruidosos em lugar do silêncio prescrito. Sigilo grosseiramente quebrado, com o uso descontrolado de telefones e outros meios de comunicação electrónica. Alunos aglomerados em refeitórios. Provas iniciadas depois do tempo regulamentar.

O que acabo de sumariar não é exaustivo. Aconteceu em escolas com nome e foi-me testemunhado por professores devidamente identificados. Para além da gravidade dos acontecimentos na Escola Secundária Sá de Miranda, em Braga, Alves Martins, em Viseu, e Mário Sacramento, em Aveiro, referidos na imprensa, muitos outros poderiam ser nomeados. No agrupamento Tomás Ribeiro, de Tondela, onde estava previsto funcionarem dez salas, os exames foram iniciados, a horas, em quatro. Mas, 20 minutos depois, por sortilégio directivo, acrescentaram-se mais duas salas. Na Escola Secundária Dr. Solano de Abreu, em Abrantes, houve reuniões de avaliação coincidentes com a realização do exame. Os professores presentes em reuniões, que acabaram por não se realizar, foram mobilizados, no momento, para o serviço dos exames. Quem acedeu ficou ubíquo: assinou a presença na reunião e no serviço de exames. 

Ou Crato tem uma réstia de juízo e anula o exame, com o fundamento evidente da violação das normas mínimas que garantem a seriedade e a equidade exigíveis, ou isto termina nos tribunais administrativos. A coisa é um acto académico. Mas o abastardamento da coisa transforma-a num caso de tribunais. Não faltará quem a eles recorra. Porque décimas da coisa determinam o sentido de vidas.

O Júri Nacional de Exames, que se prestou a cobrir a cobardia política de Crato, não se pode esconder, agora, atrás do mandante. Não há cobardia técnica. Mas há responsabilidade técnica. O Júri Nacional de Exames tem de falar. Já devia ter falado. O país está à espera.

A Inspecção-Geral da Educação e Ciência tem de falar. Há responsabilidades, muitas, a apurar. O país está a ficar impaciente.

Crato errou em cascata. Deu como adquirida a definição de serviços mínimos, mas o colégio arbitral não viu jurisprudência onde ele, imprudente, a decretou. Arrogante, fechou a porta que o colégio abriu, sugerindo a mudança do exame para 20. Forçou a realização de um exame sem ter garantidas as condições mínimas exigíveis. Criou um problema duplamente iníquo: de um lado ficou com 55.000 alunos, potenciais reclamantes ganhadores, porque foram submetidos a um exame onde todas as regras foram desrespeitadas; do outro tem 22.000 alunos discriminados, porque não puderam realizar um exame a que tinham direito. Com as normas que pariu, ridicularizou o que sempre sacralizou: uma reunião de avaliação é inviabilizada pela falta de um professor; mas um exame nacional pode realizar-se na ausência de 100.000. Aventureiro, quis esmagar os sindicatos, mas terminou desazado. Se não violou formalmente a lei da greve, o que é discutível, esclareceu-nos a todos, o que é relevante, sobre o conceito em que a tem. Cego, não percebeu que, de cada vez que falava, mais professores aderiam à greve. Incauto, não se deu conta de que as coisas mudaram para os lados da UGT. Demagogo, convidou portugueses mal-amados no seu país, quantos com recalcamentos que Freud explicaria, a derramaram veneno sobre uma classe profissional que deviam estimar. Irresponsável, declarou guerra, e foi abatido. Crato substituiu Relvas. É agora o fardo que o Governo, nas vascas da morte, vai carregar até que Portas marque o velório. Ter ontem Crato nas televisões, de lucidez colapsada, ladeado por dois ajudantes constrangidos em fácies de cangalheiros, não pode ser o fim burlesco da palhaçada.

domingo, julho 31, 2011

Porque amanhã...

(imagem daqui)


... é dia 1 de Agosto, todos professores deveriam de férias. Contudo tal não acontece - a maluqueira que imperou durante seis anos e tal no Ministério da Educação, primeiro com dura e anarquista Maria de Lurdes Rodrigues e depois a fofinha e ligeiramente distraída Isabel Alçada, leva que muito de nós estejam a corrigir exames, pela primeira vez de graça e em Agosto, enquanto que os restantes se dedicam a fingir que provam que são bom professores, com milhares de papéis e evidências (também conhecidas por iludências...) a colocar em papel, em CD's, DVD's ou dossiês electrónicos ou a fingir (como eu) que avaliam justamente os seus pares, através do que viram em duas aulas assistidas e das iludências por eles apresentadas - o que é impossível neste modelo.


Em vez de descansar e preparar o novo ano, dedicamo-nos à estúpida burocracia herdada de Sócrates e que o governa teima em levar até ao fim, com as consequências que já se antevêem: guerra civil, recursos e processos entre muitos professores e Escolas e o fim do trabalho cooperativo em muitos grupos dentro das Escolas públicas.

Pagaremos bem caro esta teimosia, mesmo que o novo modelo de avaliação dos docentes venha a ser melhor, menos burocrático e mais justo, pois as feridas desta luta fraticida (por lugares que não existem ou por notas que não servirão para nada...) irá provocar nos professores e escolas feridas profundas que nunca irão sarar.

Assim queríamos dedicar esta música aos iluminados que, num momento que devia ser de prazer (preparar o novo ano) e lazer (descansar para conseguir trabalhar bem no ano escolar que se avizinha) nos põe em cima mais esta interminável carga de trabalhos:

terça-feira, setembro 14, 2010

Os erros nos Exames

Agora que os alunos candidatos ao ensino superior estão colocados, em resultado, pelo menos em parte, de exames nacionais, e que os novos exames estão a começar a ser preparados, é bom lembrar que o GAVE, o Gabinete do Ministério da Educação que é responsável pela elaboração dos ditos exames, tem deixado passar erros nas provas e, pior que tudo, tem uma dificuldade extrema em admitir erros, mesmo quando eles são de palmatória.

Um bom exemplo é o caso recente, que me foi transmitido por uma professora de Biologia e Geologia, referente à questão 2 do grupo III do exame de Biologia e Geologia (702) da 1ª fase do ano de 2010:

"2. Seleccione a única opção que contém os termos que preenchem, sequencialmente, os espaços seguintes, de modo a obter uma afirmação correcta.

No basalto da crosta oceânica, um isótopo radioactivo desintegra-se espontaneamente a uma taxa _______ ao longo do tempo e a sua percentagem, na rocha, tende a _______ com o afastamento da rocha à crista oceânica.

(A) constante ... diminuir
(B) variável ... aumentar
(C) constante ... aumentar
(D) variável ... diminuir"


(O exame e critérios de correcção podem também ser encontrados aqui )

A opção considerada correcta pelo GAVE é a opção A, isto é, julga que a taxa de decaimento radioactivo é constante. É um erro! Como muito bem diz a professora: "esta opção está em contradição com a abordagem que é feita nos manuais de 10º ano e livros da área."

De facto, a taxa de desintegração radioactiva, também chamada actividade, é variável com o tempo. É até, se assim se pode dizer, muito variável. A derivada de uma função exponencial, a função que descreve a evolução no tempo de uma amostra de núcleos radioactivos, é ainda uma função exponencial. Taxa de desintegração ou de decaimento é a medida da variação no tempo do número de isótopos radioactivos, que é proporcional ao número de isótopos presentes. A opção correcta correcta era, portanto, (D). Assim, e cumprindo o seu dever, antes de se iniciar a correcção das provas a professora contactou o GAVE no sentido de alertar para o erro. Na véspera da afixação das notas recebeu uma resposta, cheia de erros científicos. Tive acesso a esta resposta, que é um chorrilho de disparates, misturando conceitos distintos, que só pode vir de quem sabe pouco sobre processos radioactivos. Após nova argumentação citando um livro que é considerado uma referência pedagógica em todo o mundo, veio a resposta final do GAVE, pretendendo pôr uma pedra na questão. Desta vez, dizia pura e simplesmente que a argumentação "não estava no âmbito da disciplina de Biologia e Geologia" (sic). Quer dizer, o significado de taxa de desintegração era variável: seria um em Biologia e Geologia e outro em Física! O autor de semelhante dislate não teve a coragem de assinar, escondendo o seu anonimato debaixo das iniciais GAVE. Mas deve haver um responsável nessa casa. Ou não há? Razão tem Nuno Crato e outros mais, cada vez mais, que pretendem que o GAVE saia da alçada do Ministério da Educação, para se tornar um órgão verdadeiramente independente e idóneo.

Pasme-se: os alunos que dominavam a matéria e responderam correctamente tiveram uma resposta considerada errada e, se calhar, não puderam entrar no curso que queriam. E os outros, que sabiam pouco (tão pouco como o GAVE) foram premiados com uns pontos e, quiçá, aí estão colocados. Assim vai o ensino em Portugal...

in De Rerum Natura - post do Professor Doutor Carlos Fiolhais

terça-feira, junho 08, 2010

Sobre a parvoeira do exame para levar alguns alunos do 8º para o 10º Ano


O Despacho que permite a alunos que frequentem o 8.º ano transitarem para o 10.º, desde que tenham mais de 15 anos e que passem em exames (de âmbito nacional e de escola), viola duplamente a nossa Constituição, pois põe em causa não um, mas dois princípios da mesma: o da igualdade e o da obrigatoriedade do ensino básico para todos. A opinião é de Bacelar Gouveia e de Guilherme da Fonseca, especialistas em Direito Constitucional.

O primeiro aponta uma dúvida crucial do nosso sistema educativo: "a escolaridade obrigatória é apenas em termos de aprovação dos exames ou é-o também de presença nas aulas?"

O segundo aponta um problema que se levantou no De Rerum Natura: "um bom aluno do 8º ano, ao transitar para o 9º, vê-se discriminado porque tem que frequentar o ano lectivo, ao contrário daqueles que se submeterem a exames."

Vale a pena ler aqui ou ouvir aqui.

in Blog De Rerum Natura - ler post

sábado, maio 08, 2010

HUMOR: Exames nacionais não são fáceis, críticos é que optam por resoluções simplistas

Recupero um texto antigo do Inimigo Público, que continua actual.



Facilitismo, tem sido a palavra usada sempre que o tema são os exames nacionais deste ano. Mas o problema não são os enunciados demasiados fáceis, mas sim uma mentalidade retrógrada e simplista que falha em chegar ao âmago das questões e desenvolvimentos implícitos. Alguns exemplos.

"O João tem cinco laranjas e comeu duas. Com quantas laranjas ficou o João?"

Resposta simplista: 3

Resposta dentro das expectativas contemporâneas: "Ocorre actualmente uma procura crescente por alimentos, principalmente oriunda dos países asiáticos emergentes, que inflacionam os mercados internacionais. Este factor real, associado a uma componente psicológica colada à galopada do petróleo e à incerteza quanto à evolução da crise hipotecária americana, coloca pressão nos géneros alimentares. Se o João tinha cinco laranjas, uma quantidade irrazoável para consumo pessoal, e anunciou ter ingerido duas, possivelmente não o fez. Apenas criou no mercado a percepção da escassez de laranjas, para inflacionar artificialmente o seu preço. Sendo o João um especulador, no final ficou sem nenhuma laranja, já que terá vendido a totalidade pelo preço de 20 laranjas na semana passada."

"Estás sentado numa..."

Resposta simplista: Cadeira

Resposta dentro das expectativas contemporâneas: A vida na Terra tal como a conhecemos é possível graças ao efeito de estufa, que permite reter na atmosfera parte da radiação solar e sem o qual a temperatura média da superfície seriam 19 graus negativos. As principais moléculas responsáveis pelo efeitos de estufa são a água, ozono e dióxido de carbono. Com o advento industrial, causas antropocêntricas têm causado o aumento da concentração deste último na atmosfera, incrementando a retenção dos raios infravermelhos e temperatura terrestre. Como a massa vegetal, nomeadamente as arvores de onde é extraída a madeira para fazer cadeiras, é responsável pelo sequestro do dióxido de carbono atenuando o efeito de estufa, eu não estou sentado numa cadeira mas sim num puff azul em pele de cabra enchido com a roupa suja da semana passada.

in De Rerum Natura - post (humorístico) de David Marçal