quinta-feira, abril 30, 2009

Para começar bem a Queima...


Fado mentira - Adriano Correia de Oliveira

Joaquim Agostinho caiu há 25 anos



Parece-me ainda ontem, mas foi há 25 anos. O ciclista Joaquim Agostinho, com as duas camisolas que marcaram a sua vida vestidas (a do Sporting e a amarela, de líder...) à chegada de uma etapa da Volta ao Algarve, caía na tentativa de não atropelar um cão.

As fracas condições que a Medicina tinha na altura no Algarve impediram uma rápida assistência e levaram a que só fosse operado muito mais tarde e já na zona de Lisboa. Depois de dias de agonia, acabaria por morrer a 10 de Maio o melhor ciclista de sempre português.

Até sempre, campeão...!

quarta-feira, abril 29, 2009

Noites do Parque - Queima das Fitas 2009



ADENDA - faz hoje anos (e logo sessenta...!) o ensaísta, poeta, ficcionista e professor universitário português Nuno Júdice - celebremos a data com um poema seu:

Cantiga

É pelo teu rosto em que as marés passam,
pelos teus lábios em que voam gaivotas,
pelos teus dedos em que a luz perpassa,
pelos teus olhos que me traçam as rotas,

que este barco encontra o caminho,
que este dia descobre que não é tarde,
que as palavras se bebem como vinho,
e o fogo não queima quando arde.

É no que me dizes quando a noite fala,
no que perdura da manhã que se esquece,
no que é dito em tudo o que se cala,
e não precisa de ser dito quando amanhece.

Pode ser o amor tantas vezes sentido,
ou só aquilo que vive no coração,
pode ser o que pensava ter esquecido,
e regressa agora pela tua mão.

Quantas vezes já foi primavera,
e logo aí as flores morreram:
até ao dia em que nada ficou como era,
e todas as folhas mortas reverdeceram.

O Ministério da Educação e a Ética Inquisitorial

Interrogatórios a alunos indignam pais
Inspecção-Geral de Educação acusada de incentivar "comportamentos denunciantes"
29.04.2009 - 07h24 Graça Barbosa Ribeiro

Vários meses depois de a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, ter sido recebida com ovos, a Inspecção-Geral de Educação (IGE) foi ouvir os estudantes, maiores de 16 anos, da Escola Secundária de Fafe. A Associação de Pais contesta o método de interrogatório que, diz, incentiva a um "comportamento denunciante" e "é absolutamente inconcebível depois do 25 de Abril". Os pais já enviaram cartas ao procurador-geral da República, ao provedor de Justiça e aos grupos parlamentares. A IGE assegura, através de ofício, que nada de ilegal ocorreu.

O protesto que deu origem às averiguações da IGE ocorreu em Novembro. Maria de Lurdes Rodrigues dirigia-se a um edifício próximo da Escola Secundária de Fafe, para participar numa sessão de entrega de diplomas do programa Novas Oportunidades, quando cerca de 200 alunos se aproximaram, vaiando a ministra e arremessando ovos contra as viaturas oficiais. A ministra nem chegou a sair do automóvel e a manifestação não durou muito, ao contrário das consequências, que se prolongaram no tempo.

O conselho executivo da escola, os pais e as associações sindicais vieram a terreiro criticar a forma como os estudantes protestaram contra o estatuto do aluno. Mas nem assim os ânimos serenaram. Vinte quatro horas depois, em Baião, miúdos armados com ovos esperaram por um governante que não apareceu. E, dias mais tarde, era a vez de os secretários de Estado Jorge Pedreira e Valter Lemos serem alvejados com ovos e tomates, em Lisboa, ao que reagiram dizendo não acreditar que as manifestações fossem espontâneas.

“As perguntas feitas aos alunos permitem-nos deduzir que é isso que pretenderão provar — que eles foram manipulados, nomeadamente pelos professores”, comentou ontem, em declarações ao PÚBLICO, Paulo Nogueira Pinto, ele próprio docente (noutra escola) e pai de uma das alunas interrogadas pelo inspector da DGE. “Como é que souberam que a ministra vinha a Fafe? Quem é que se lembrou de fazer a manifestação? Os professores deram aulas? Marcaram faltas a quem não esteve na sala? Como é que os alunos saíram da escola? Estava algum funcionário à porta?”, desfia Nogueira Pinto, exemplificando perguntas a que a sua filha, aluna do 10.º ano, teve de responder.

Segundo diz, ela foi escolhida “de forma mais ou menos aleatória”. Estava a terminar uma aula de Educação Física quando o inspector pediu ao professor que lhe indicasse alunos com 16 anos ou mais. “Ela fazia parte do grupo e, como já tinha acabado os exercícios, foi indicada ”, explicou.

Nogueira Pinto diz não duvidar da veracidade do esclarecimento da DGE que, em resposta à sua reclamação, informa que o interrogatório foi legal na medida em que foi feito a jovens maiores de 16 anos, imputáveis para fins penais. Insiste, no entanto, que, “do ponto de vista ético, o método é profundamente incorrecto”.

Aquele pai contesta o facto de a aluna, de 16 anos, ter sido levada para uma sala que não conhecia para ser interrogada durante cerca de uma hora, e também o facto de, na sua perspectiva, ter sido “incitada a acusar e denunciar pessoas, nomeadamente os seus professores, pelos quais se espera que tenha respeito como figuras de autoridade”. “No fim, fizeram-na assinar uma folha com a suposta transcrição das suas declarações, feitas por uma pessoa que a DGE identifica como sendo o secretário do inspector”, relatou.

O presidente da associação de pais, Manuel Oliveira Gonçalves, diz que mal foi alertado para o que estava a acontecer, durante o mês de Março, se dirigiu ao conselho executivo, que disse desconhecer como estavam a ser escolhidos os alunos e como decorriam as audições. E que, por isso, auscultou alguns dos estudantes ouvidos, cujos relatos coincidiam com o da filha de Nogueira Pinto.

“Assim como criticámos os alunos pela forma como se manifestaram, agora questionamos a legalidade e a legitimidade de um interrogatório deste tipo”, afirmou ontem Manuel Gonçalves. Não se considera “satisfeito com o esclarecimento” dado a Nogueira Pinto. “Por um lado, custa-me a crer que seja legal. Mas, ainda que assim fosse, não é legítimo. Eu nem queria acreditar que isto estava acontecer, tantos anos depois do 25 de Abril”, comentou.

O PÚBLICO contactou o vice-presidente do conselho executivo da escola, Rui Fonseca, que, dando conta da ausência do presidente, não quis comentar o assunto, alegando desconhecer pormenores. Também o Ministério da Educação, através do assessor de imprensa, Rui Nunes, se escusou a prestar qualquer esclarecimento.


in Público - ler notícia

terça-feira, abril 28, 2009

Música para recordar quando a vida era maravilhosa

Black - Wonderful Life


Here I go out to see again
the sunshine fills my hair
and dreams hang in the air
Gulls in the sky and in my blue eyes
you know it feels unfair
there's magic everywhere

Look at me standing
here on my own again
up straight in the sunshine

No need to run and hide
it's a wonderful, wonderful life
No need to laugh and cry
it's a wonderful, wonderful life

Sun in your eyes
the heat is in your hair
they seem to hate you
because you're there
and I need a friend
Oh, I need a friend
to make me happy
not stand here on my own

Look at me standing
here on my own again
up straight in the sunshine

No need to run and hide
it's a wonderful, wonderful life
No need to laugh and cry
it's a wonderful, wonderful life

I need a friend
oh, I need friend
to make me happy
not so alone.......
Look at me here
here on my own again
up straight in the sunshine

No need to run and hide
it's a wonderful, wonderful life
No need to laugh and cry
it's a wonderful, wonderful life

No need to run and hide
it's a wonderful, wonderful life
No need to run and hide
it's a wonderful, wonderful life
wonderful life, wonderful life

Deixai vir a mim as criancinhas, diz o PS

Pais já pediram explicações
PS usou em tempo de antena imagens de crianças com o Magalhães pedidas pelo Ministério da Educação
28.04.2009 - 09h35 PÚBLICO

O Ministério da Educação pediu a uma escola do primeiro ciclo de Castelo de Vide autorização para filmar crianças a utilizar o Magalhães. Mas, segundo conta hoje o Rádio Clube e o jornal “24 Horas”, as imagens acabaram por passar num tempo de antena do Partido Socialista, na RTP, no passado dia 22.

Os pais pediram já uma reunião na escola, a exigir uma explicação e a escola por sua vez, pediu explicações ao ministério, como adiantou ao Rádio Clube Ana Travassos, presidente do Conselho Executivo do agrupamento de escolas de Castelo de Vide.

“Não foi feito pelo Partido Socialista não. Nós tivemos um contacto da tutela, dos representantes do Ministério da Educação aqui no Distrito de Portalegre e na região de Évora, que é onde está a Direcção Regional, com a intenção de consultar crianças e pais”, disse a responsável.

Mas o produto final da consulta acabou por ser emitido num tempo de antena do PS na RTP, na passada quarta-feira. Os encarregados de educação já pediram explicações à escola.

Ao Rádio Clube, o gabinete de imprensa do PS explicou, através de um comunicado, que tudo foi autorizado, sem contudo esclarecer de onde partiu o pedido, se do ministério, se do partido.

Em reacção, o PSD considera a situação grave. Cristóvão Crespo, presidente da distrital do PSD de Portalegre, exige também explicações ao Ministério da Educação e ao PS.



PS - um partido que mente recorrentemente (à semelhança do seu líder), usa os outros como se fossem peões em jogo de Xadrez, que insulta, que usa as Escolas públicas para pura propaganda e, não contente com isso, ainda se atreve a (ab)usar das imagens (não autorizadas) de crianças em tempos de antena, é um partido muito similar a outro, quase homónimo, que prosperou no final da alemã República de Weimar. E quem nos avisa nosso amigo é....

domingo, abril 26, 2009

Mário de Sá Carneiro

Trovante - Fim



Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!

Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.


NOTA: Faz hoje 92 anos que morreu Mário de Sá Carneiro. Aqui fica um dos seus mais bonitos poemas, cantado pelos Trovante...

ADENDA: como é curta a música da versão inicial deste post (feito há muitos meses, como muitos aqui - se eu morrer o Blog continua a debitar posts por muito tempo...) aqui ficam mais duas, desta vez do YouTube:





Guernica - 72 anos

O CEDRO DE GUERNICA

No fragor da batalha
- que era como um troar de tempestade -
a árvore tombou
ceifada da metralha.
.....................................................................................
Todo o Euzcádi chorou
no cedro assassinado a morta liberdade.
.....................................................................................
Mas que importa perder o cedro de Guernica,
por momentos não ter ao sol o seu lugar,
se a luta que travais, gentes de Euzcádi implica
que cada "pueblo" tenha um cedro de Guernica
para não mais tombar?!

Álvaro Feijó (Novembro de 1938)

sábado, abril 25, 2009

Bairro Negro - nova versão com música alusiva à situação actual do país


25 de Abril em música

Uma canção do Sérgio Godinho, do seu primeiro álbum (Os Sobreviventes, de 1971) que o meu marido adora, neste dia tão especial:


Aprende a nadar, companheiro
aprende a nadar, companheiro
Que a maré se vai levantar
que a maré se vai levantar
Que a liberdade está a passar por aqui
que a liberdade está a passar por aqui
que a liberdade está a passar por aqui
Maré alta
Maré alta
Maré alta

Celebrar a utopia - recordar o 25 de Abril enquanto o Big Brother ainda deixa


Utopia - José Afonso

Cidade
Sem muros nem ameias
Gente igual por dentro
gente igual por fora
Onde a folha da palma
afaga a cantaria
Cidade do homem
Não do lobo mas irmão
Capital da alegria
Braço que dormes
nos braços do rio
Toma o fruto da terra
E teu a ti o deves
lança o teu
desafio
Homem que olhas nos olhos
que não negas
o sorriso a palavra forte e justa
Homem para quem
o nada disto custa
Será que existe
lá para os lados do oriente
Este rio este rumo esta gaivota
Que outro fumo deverei seguir
na minha rota?


ADENDA: aqui fica outra versão, do sobrinho João Afonso, completa e em vídeo galego:

25.04.1974

Celebremos o dia de hoje, enquanto ainda nos deixam, com poesia:



25 de Abril

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen

sexta-feira, abril 24, 2009

Contabilidade final - Açores

Com excepção do caso dos colegas que acabaram por faltar (por doença de um participante...) as contas finais ficam aqui:


Devem verificar se tudo está correcto para depois passarmos ao acerto final de contas...

quinta-feira, abril 23, 2009

Os casos isolados do Ministério da Educação

Sintra: DREL diz que incidente com alunos na escola Matias Aires foi acto isolado

O incidente ocorrido hoje na escola Matias Aires, em Agualva, onde um aluno foi esfaqueado por outro, "foi um acto isolado que resulta da violência dos bairros", disse fonte da Direcção Regional de Educação de Lisboa (DREL).

"Dentro da escola é um acto pontual, muito raramente isto acontece. Aquilo é o resultado da vida que os miúdos trazem dos bairros onde moram", disse a mesma fonte.

Segundo a fonte da DREL, o incidente de hoje é o resultado "da violência que existe fora da escola, entre grupos de diferentes bairros", e adiantou que o jovem esfaqueado sofreu somente "um corte superficial". "São questões de relacionamento entre os grupos de miúdos de diferentes bairros", acrescentou.

Dois alunos ficaram hoje feridos, um deles esfaqueado nas costas, na sequência de um conflito entre grupos na escola Matias Aires. Segundo fonte policial, as agressões ocorreram dentro do recinto escolar, em dois locais distintos. "O agressor foi ouvido, libertado e o caso baixou a inquérito", disse a fonte policial, acrescentando que os dois alunos feridos deverão ter alta muito em breve.


Hoje mais um daqueles casos isolados que, a custo, o Ministério da Educação envergonhadamente comenta. Desta vez foi apenas um caso de esfaqueamento numa Escola pública. Mas, um dia destes, será um assassinato. E aí cairá a máscara da Ministra da Educação e de todos os mentirosos que, criminosamente, colaboram com esta megafraude portuguesa.

À família do aluno ferido e à comunidade da Escola (alunos, pais e encarregados de educação, funcionários e docentes) os nossos votos de este caso não fique impune e sirva para alguma coisa. A todos aqueles que vão furando a peneira com que nos querem aldrabar, o nosso obrigado...

PS - já fui professor de PIEF's, de Currículos Alternativos, de CEF's e afins - só quem nunca foi agredido, cuspido, alvo de ameaças, obrigado a apreender armas brancas, confrontado com consumos de drogas, enojado com casos de pedofilia contados por alunos, como eu já fui (e, ainda por cima, numa pequena cidade como é a minha...), percebe a ironia de se falar em casos isolados de violência nas escolas portuguesas.

Dia do Livro

Os livros sábios,JONATHAN WOLSTENHOLME


Com uma poesia aparentemente contrária ao espírito do dia, de Fernando Pessoa e magistralmente declamada por João Villaret, celebremos o Dia do Livro:


Liberdade - João Villaret

LIBERDADE

Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa

Dia de São Jorge


Chris de Burgh - Rose Of England

Hear my voice and listen well, and a story I will tell,
How duty brought a broken heart, and why a love so strong
Must fall apart;

She was lovely, she was fine, daughter of a royal line,
He, no equal, but for them it mattered little for they were in love;

Rose of England, sweet and fair, shining with the sun,
Rose of England, have a care, for where the thorn is,
There the blood will run;

Oh my heart, oh my heart;

Through the summer days and nights, stolen kisses and delights
Would thrill their hearts and fill their dreams with all emotions
That true love can bring;

But black of mourning came one day, when her sister passed away,
And many said on bended knee, she has gone, and you must be our Queen;
[ Find more Lyrics at www.mp3lyrics.org/CKL ]

Rose of England, sweet and fair, shining with the sun,
Rose of England, have a care, for where the thorn is,
There the blood will run;

Oh my heart, oh my heart;

To the abbey she did ride, with her lover by her side,
When they heard the church bells ring, she was Queen
And one day, he'd be King;

But men of malice, men of hate, protesting to her chambers came,
"A foreign prince will have your hand, for he'll bring peace
And riches to our land;"
She said, "Do you tell me that I cannot wed the one I love?
Do you tell me that I am not mistress of my heart?"

And so with heavy weight of life she kissed her lover one last time,
"This land I wed, and no man comes, for if I
cannot have you, I'll have none;"

Rose of England, sweet and fair, shining with the sun,
Rose of England have a care, for where the thorn is,
There the blood will run;

Oh my heart, oh my heart.

O sismo que destruiu Benavente foi há 100 anos



23 de Abril de 1909, 17.05 horas

Forte abalo sísmico arrasa parte do Ribatejo, fazendo sentir-se em todo o país. Benavente, Samora Correia, Santo Estêvão e Salvaterra de Magos ficam destruídas. Em Benavente não fica uma casa de pé.

Interrompidas as comunicações telegráficas, as primeiras notícias do ocorrido em Benavente chegam a Santarém através de um lavrador que aí se dirige de automóvel.

A população em pânico começa a juntar-se no largo do Chaveiro.

Cerca das 23 horas começam a chegar automóveis de Santarém com o Governador Civil, o chefe da polícia, guardas cívicos e bombeiros.

De Lisboa seguem médicos e “artigos de penso”.

O balanço é de 24 mortos em Benavente e 15 em Samora Correia.

Ao longo da noite ouvem-se fortes e prolongados ruídos subterrâneos.

(in “Estudo Histórico e Descritivo de Benavente”, de Rui de Azevedo - via Blog Comunicação & Divulgação - Museu Municipal de Benavente)

A loucura do dia-a-dia

Ando tão cansado que só penso adiar tudo o que posso. Infelizmente muitos dos meus compromissos são inadiáveis - isto de ser Presidente do Conselho Geral Transitório (a concluir o novo Regulamento Interno de um Agrupamento de Escolas e ainda a seleccionar o Director para quatro anos), de ser Coordenador do Xadrez e responsável da página do Desporto Escolar de Leiria, de ser professor de 5 turmas, de dar aulas de Xadrez a cerca de 40 miudos e ainda ser Pai e Marido, torna as coisas mais difíceis.
Assim cá vou fazendo uma coisa de cada vez, enquanto aguento. E aqueles que esperam por novos posts e novas fotos (v.g. a malta da Acção dos Açores) fiquem sabendo que as contas estão feitas e que, logo que possa, publicarei uma série de materiais que adorarão, logo que tenha três ou quatro horas livres (o que será difícil nos próximos tempos - esta semana inclui um Torneio de Xadrez inter escolas de Leiria e ainda um Regional, com uma dormida fora, no fim-de-semana...).

quarta-feira, abril 22, 2009

Dia da Terra


Hoje é o Dia da Terra. Celebremos a data com um telúrico poema de um médico transmontano enxertado em Coimbra e que, como nós, sendo das Ciências, amava a Terra e a Poesia...

A terra

Também eu quero abrir-te e semear
Um grão de poesia no teu seio!
Anda tudo a lavrar,
Tudo a enterrar centeio,
E são horas de eu pôr a germinar
A semente dos versos que granjeio.

Na seara madura de amanhã
Sem fronteiras nem dono,
Há de existir a praga da milhã,
A volúpia do sono
Da papoula vermelha e temporã,
E o alegre abandono
De uma cigarra vã.

Mas das asas que agite,
O poema que cante
Será graça e limite
Do pendão que levante
A fé que a tua força ressuscite!

Casou-nos Deus, o mito!
E cada imagem que me vem
É um gomo teu, ou um grito
Que eu apenas repito
Na melodia que o poema tem.

Terra, minha aliada
Na criação!
Seja fecunda a vessada,
Seja à tona do chão,
Nada fecundas, nada,
Que eu não fermente também de inspiração!

E por isso te rasgo de magia
E te lanço nos braços a colheita
Que hás de parir depois...
Poesia desfeita,
Fruto maduro de nós dois.

Terra, minha mulher!
Um amor é o aceno,
Outro a quentura que se quer
Dentro dum corpo nu, moreno!

A charrua das leivas não concebe
Uma bolota que não dê carvalhos;
A minha, planta orvalhos...
Água que a manhã bebe
No pudor dos atalhos.

Terra, minha canção!
Ode de pólo a pólo erguida
Pela beleza que não sabe a pão
Mas ao gosto da vida!


Miguel Torga

Dia da Terra



PS - na altura eram foleiros e era uma vergonha gostar deles - hoje já não soam tal mal...